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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Como observo o jeito de cada um

Bebel é centrada e sensível. João tem uma esperteza físico e interpessoal. Inteligência abrilhanta o conjunto da obra, na opinião da mãe coruja.. Aos meus olhos, eles são como uma unidade equilibrada, um melhoramento adaptativo. Complementam-se.

Bebel é a miniatura da Dinha, mulher inteligente, organizada, internacional. Parece no jeito de ser, muito mais metódica do que eu e o pai juntos. Intrigante essa coisa da genética e das características da personalidade. Bebel  sempre foi excelente companhia para todo lugar. Comporta-se como uma mocinha, observadora curiosa.

João é o boa-praça. Sempre achando tudo bom. Tem seus momentos pitis, mas é coisa passageira, não o jeito dele. Joga bem as trocas intersubjetivas. Uma amiga e a professora reclamaram: “É difícil disciplinar seu filho. A gente fala para ele fazer alguma coisa, ele faz uma carinha tão assim que dá vontade de fazer para ele.” E é isso mesmo. É um jeito de olhar desarmante.  Meu coração de mãe vibra com sua a agilidade e coragem mas teme certos excessos que parecem inevitáveis no futuro.  

Tem hora que 1 mais 1 filho dá menos trabalho que 2. Tem hora que 1 mais 1 filho dão mais trabalho que 11. No geral, é bem gostoso educar meus filhos. O lado ruim é que João atormenta as noites desde que nasceu. Bebel é mais pitizenta durante o dia. O meu amor é igual pelos dois, mas o vínculo é diferente. Pela Bebel, que tem a inscrição no feminino, o vínculo é mais profundo. Pelo João é mais intenso. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Brincadeira de criança

- Filhinha!


É assim que Bebel me chama para brincar. É um pouco uma ordem, meio um convite, que transporta para um outro universo, cheio de pequenas delicadezas de menina.

Eu, a filhinha, tenho mais 3 irmãs, de 0, 1 e 3 anos, espalhadas pela sala. As menores dormiam no carrinho e dentro de uma pulseira de plástico encontram-se 2 fuxicos, um cubo de rubik e um Lego. “– Vamos lanchar, filhinha! Tem 2 cachorros quentes (mas estão mornos), um sanduíche e suco de uva!”

Bebel é uma mamãe exigente. Dá bronca se tudo não sai do jeitinho que ela quer, ao contrário de sua própria mãe. Brincar com ela é como se o caos quase permanente de brinquedos pela casa subitamente fizesse sentido transformando-se em casinha, escola, cozinha cheia de comidas exóticas. A conversa é gostosa mas às vezes ela me esquece, entretida com suas outras filhas.

Hora de sair de fininho. Às vezes ela nem liga, mas se o João chega perto de mim com: “cóio, cóio, subí, subí ou vem,vem”, imediatamente eu viro um brinquedo interessante de novo.

domingo, 17 de abril de 2011

Final de semana solo

Filho é bom! Final de semana em que eles ficam o pai é bom também! E como!

Com algum tempo de solteira,  as amigas que me acolhem já estão estabelecidas. Aquelas que a gente liga: "bora?" e quase sempre elas respondem; "bora!". A vida social fica mais agitada e por mais que tenha quem diga que é uma vida frívola, vazia e hedonista eu não concordo. É um estilo de vida bom. Um pouco caro, mas definitivamente divertido.

Sexta botequei em copo sujo com as amigas que estão no centro do meu coração. Mesmo sabendo que uma coisa é uma coisa, e outra, outra, valeu por uma sessão  de terapia. Rir do mundo e da gente é sempre um ótimo remédio. Sábado a tarde teve um churrasco-aniversário. Outra amiga do centro do coração estava lá e me ensinou sobre mim coisas que eu não sabia. Amigas psicólogas tem mil e uma utilidades.

Uma vantagem inequívoca da vida de solteira é o ir e vir ao sabor das vontades. Cheguei em casa no final da tarde. Curti os prazeres do ócio, da imobilidade das coisas e da disposição do tempo. Quem tem isso todo dia, talvez não dê o devido valor. Eu digo, é bem precioso.

Mais tarde fui assistir a um show com a turma ampliada da sexta. Se a necessidade de "encontrar uma pessoa para a vida toda" é uma urgência imperiosa, o programa não tem graça. Bom é desligar esse botão ansiógeno e curtir. Deixar o corpo levar-se pela música, pela bebida, pelo frenesi festivo e sentir "a energia que emana de todo prazer". A beleza e prazer da vida de solteira fundamenta-se nessa premissa.

Ruim é chegar em casa de madrugada e dormir sozinha numa cama gigante. Bom é acordar sozinha nela. Fazer um café, ler o jornal, passear na internet, prosear 0800 com as pessoas queridas que estão além do oceano atlântico. Sorver lentamente o silêncio, dádiva preciosa. Quando fica chato, é bom ter uma pessoa que mora perto para um segundo café da manhã.

Voltei antes do almoço. A perspectiva da tarde de domingo é boa. Um pouco ambígua.  Que vontade de ficar no sofá...que vontade de prosear, ir no cinema, botecar...  que vontade de movimentar meu corpo. E tem também o trabalho, que acumula-se na minha frente. A videa urge e tem seus dilemas.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conversa de menina que se acha

- Mamãe, meu bico saem estrelinhas quando eu chupo!
- É claro! Oha que lindeza!
-Igual eu?
- Igualzinho. Como é que vc faz para ser tão linda?
- Nada ué.
-Vc é linda assim, naturalmente?
- É! Olha só! E seu pular de um pé só.
- Realmente!
- Já sei! A lindeza sai da minha barriga.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

Espontânea

Entardecer de sábado na Praça da Liberdade com as crianças. A iluminação, as brincadeiras, o corre-corre, tudo favorecia fotos para eternizar o momento lindo. Mil cliques depois, Bebel falou:
- Mamãe, agora é só pra divertir, tá?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Poderosa

-Mamãe, eu sou uma bruxa boazinha e transformo você no que você quiser"
- Eu quero ser uma rainha!
-Plim!
-Agora eu quero ser sereia!
-Plim!
-Agora eu quero ser professora do maternal 3!
- Eu não tenho poder para isso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Conversa non sense, mas nem tanto

- Mamãe, aqui em casa tem 3 meninas e 1 menino.
- Isso aí.
-A casa é menina ou menino?
- A casa, acho que é menina.
-E o carro?
-Menino?
-Não é não. Porque nasce bebê da barriga dele.
-Uai?
-Vc não lembra? Aquele dia tinha um carro na barriga do carro mamãe.
Realmente. Passamos mais cedo por um reboque.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O dia em que o Gol virou um Boeing

Com as crianças devidamente acomodados nas cadeirinhas do carro, perguntei: "Prontos para ir?"
E a Bebel: "Pode decolar!"

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Solidão Palavra

Estar só é estar comigo. É ter tempo para prestar atenção no que me habita e fazer alguma coisa com isso, mesmo que nada, mas geralmente ler, escrever, movimentar.

Solidão é a presença de uma ausência que dói. É vontade de estar junto, não ter ninguem nem a perspectiva de um alguém. Domingo chovia e eu estava solitária num hotel de paredes brancas em uma cidade distante. Sem os barulhos da internet e Tv que enchem os espaços solitários.

Nelson Rodrigues fez companhia até a soneca pós almoço. Acordei no início da noite sob forte chuva, o que inviabilizava uma corrida endorfínica. Aí doeu. A perspectiva das horas que viriam dava angústia. As escolhas irremediáveis foram necessariamente lamentadas. A esperança que me acompanha praticamente  desapareceu. Não conseguia falar com meus filhos, que talvez sentissem a minha falta. Na hora mais fundo do poço recebi um telefonema amigo que deu certo alívio. Dormi benzodiazepínica para acordar cedo e correr, correr, trabalhar, trabalhar. Para fugir do sentimento, mas sem esquecer dele.