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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Cabelo Cabeleira Cabeludo Descabelado

Ser cabeçudo é vantagem aqui em casa. Alface, que serve para isso é comida sem parcimônia. No segundo semestre, deixei o cabelo do João sem tosa. Cresceram cachos chamados tô-nhó-nhões. Eu arrepio com a mão e mando ele ir no espelho ver o tamanhão da cabeça. Só vou cortar na volta  às aulas. Acho ele mais lindo ainda assim. Essa cabeleira deve durar no máximo uns 20 anos. Tem que aproveitar enquanto pode.

Arrumação

Hoje, última sexta de 2012, acordei com furor da arrumação. Deve ter alguma coisa a ver com hormônio, sei lá.

Passamos a semana de férias e sem ajudante. O caos tinha tomado conta. Depois do café, distribuí tarefas e defini o objetivo: ia ficar tudo limpo. Dei a câmera para Bebel registrar o processo. Ela foi arrumar a cozinha e João foi ser meu ajudante para levar lixo na lixeira e roupa para a área de serviço. Bebel brilhou na pia e fezs tudo rápido. Acabamos 11:30 com intervalo para lanche. Fiquei com orgulho de nós. Mais do que a economia de dinheiro, o importante foi dar o exemplo. Bom chegar em casa depois de ficar na piscina a tarde inteira e encontrar a casa limpa.

Cenas de Bebel

Prática

- O que você acha da minha roupa, Bebel?
Eu estava meio insegura com um vestido branco tirado do fundo do baú.
- Que vai sujar.

Eu e o fubá

- Mamãe, posso assistir Patati Patatá 2?
Ai que preguiça de levantar e procurar o DVD.
-Pode.
Ela apertou play no controle remoto e pronto.

Papai Noel existe?

O Papai Noel deixou presentes na casa da vovó materna. Teve "quente-frio" para achar os presentes e alegria para abri-los. Depois Bebel chamou a avó num canto, longe do João:
- Foi você que comprou os presentes, não foi?

domingo, 23 de dezembro de 2012

Só só somente só

Semana passada as crianças ficaram com o pai. Entrei de férias, dispensei a empregada e fiquei sozinha. Ou seja, era eu comigo e tinha que ser pelo menos tolerável. No clima fim-do-mundo e Natal, resolvi que ia sair com pessoas que eu gosto. Durante os 7 dias, encontrei com Carol e amigas embaixo de árvores. com as famílias da Simone e da Toninha, fui no cinema com Dinoca, no show da Miriam, embriaguei-me com Carla, com a turma da faculdade, conheci o barrigão da Jackie. Na sexta,  um apoteótico encontro de primos, primas, tios e tias de uma ala divertida da família. Fui feliz em cada um desses encontros.

No resto do tempo foi o oposto. Fui na academia menos do que deveria e meu cérebro não funcionou para além de assistir DVD genérico e ficar na internet perdendo tempo. Murchinha, murchinha.

Perigo Perigoso perigosíssimo

Fui no Centro com as crianças visitar um casal. Período de Natal está tudo lotado. Segurei a mão de um, de outro e avisei:
- Aqui tem que ficar de mão dada e sempre perto da mamãe. Estamos no centro da cidade.
- Estamos no meio certinho da cidade?!?!
Estávamos perto da praça 7 e eu pude dizer convicta:
- Pertinho pertinho.

Fui contando que ali no meio daquele monte de gente, estão os malvadões disfarçados. Se distratir, tens uns que até que levam a criança embora da mãe para sempre:
- E eles não usam máscara nem nada?
Ela descobriu naquele momento que as pessoas realmente malvadas são iguais a qualquer um.
Quando ela crescer mais um pouco, vou ensinar que os mais perigosos são os que além de malvados, são pessoas fortes, bonitas e inteligentes.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Perigo perigoso perigosíssimo

João tava parado, pensando. Aí fez movimento de acelerar com as mãos e falou para ele mesmo:
- Vrum! Vrum!
Coração de mãe apertado, perguntei:
- O que que é isso?
- É a velocidade.
Se eu pudesse enfiar ele de volta na minha barriga e só soltar daqui a uns 50 anos, tinha feito.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Mocinha

Fomos na Praça ver a iluminação de Natal. Até ano passado, as luzes eram vagalumes colados nas árvores. Esse ano, a história não colou e eu ainda tive que escutar da Bebel:
- Mamãe, pára com essas histórias porque eu já sou uma moça.

A realeza e eu

Hoje estavam Bebel, João e um amiguinho no banco de trás do carro discutindo os títulos nobiliários: quem era rei, rainha, príncipe e princesa e porque. Perguntei:
- E eu?
- Você é quem dirige a carroça.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Eu amo educação

Segundo o IBGE, 30% de jovens estão cursando o ensino superior atualmente. Houve um aumento de mais de 10% nas pessoas em faculdades nos últimos 10 anos Eu estou na sala de aula com essa turma e sua demanda por conhecimento e diploma.


Tenho excelentes alunos, que aprendem o que eu tenho para ensinar e ensinam coisas que eu não conhecia como Logística Reversa, WMS, Lean, ISO, etc. Outros tem demandas mais elementares em relação ao conhecimento formal.

Sou professora de uma disciplina em que oriento grupos a escrever um artigo ao final do semestre. Veja bem, só dou aulas para calouros. Alguns chegam de um ensino médio que não ensinou a escrever e fazer contas. Eu fico na vaidade de ensinar regras de citação da ABNT pros coitados

Tive um aluno que início do semestre estava nas trevas do analfabetismo funcional. Eu via a cara de desespero dele quando eu falava sobre pergunta de pesquisa, objetivos gerais e específicos, marco teórico, referências bibliográficas. Imagino nas outras disciplinas.

Toda semana eu sentava com os grupos para acompanhar o andamento do artigo e pude observar in loco o esforço desse aluno para decifrar aquelas idéias tão complicadas que tentávamos enfiar na cabeça dele. Ele alfabetizou-se em 5 meses. Chegou em estágio de desenvolvimento cognitivo operacional concreto e começou a pensar em termos de operações formais em um semestre. Eu testemunhei o processo e recebi um resultado além das minhas expectativas.

Final de semestre, banca, provas. O esforço (e a ausência dele) estão surtindo efeito.Ele passou na banca e me deu uma cópia do seu trabalho com autógrafo e dedicatória.

Bom voce esforça para que os grupo faça um bom trabalho

Esse esforço valeu a pena porque frutificou. Em mais alguns semestres, esse menino e outros(as) como ele estarão surpreendendo a si  e vão renovar a esperança de uma professora.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Não é, mamãe?

Passou um carro em cima de um reboque. Perguntei:
- O que é aquilo?
- É a mamãe levando seu filho para passear, respondeu João. E completou:  quando o carro crescer ele vai virar um caminhão. Não é, mamãe?
- Seu bobo, disse Bebel. Carro é coisa. Não vira caminhão. O carro está lá porque acabou a gasolina. Não é, mamãe?

É interessante ver as transformações no jeito deles verem o mundo. Eu ensinei que distinguir a brincadeira da realidade é coisa de criança grande. E que João tem uma irmã boa professora para isso. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

João literal

                                                       

Estava com João no colo escutando o noticiário. Ele ia repetindo para ele mesmo as palavras que faziam algum sentido para o seu universo: polícia, ônibus. Até que teve uma expressão que foi demais:
- Onda de crimes?!?!?! Aí molha as pessoas?

Hoje de manhã:
- Mamãe, o pipiu da Bebel ficou para outra menina?

Piaget e Freud explicam.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Televisão, Cultura e uma mãe coruja

Por questões variadas, tirei a TV a cabo e instituí: "criança aqui em casa só assiste o canal Futura". Mais difícil foi convencer a ajudante que fica com as crianças a noite enquanto eu dou aulas que ela só ia ver a novela aos sábados, na própria casa. Felizmente ela aceitou bem.

De manhã, a programação é infantil mas à noite tem documentários e outros programas de adulto. Foi por causa disso que se deu o seguinte diálogo hoje no almoço:
-Sabe o mundo.doc, mamãe?
- Parte 5, completou o João.
- Era sobre o que?, perguntei
- Era sobre a escola das crianças na china. Elas ficam muitos dias morando na escola.
- É mesmo?
- Aí elas aprendem a fazer tudo sozinhas. E quando voltam para casa sabem tudo.
- É mesmo? E elas não ficam com saudade de casa?
- Não porque os colegas viram irmãos.
- Vc ia gostar de estudar numa escola dessas?
- Ia. Mas eu já sei fazer tudo sozinha.

Pois é, e só tem 5 anos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A progressiva e eu

Criei coragem para radicalizar com meus cabelos constantemente ressecados. As hidratações power não funcionavam e eu vivia desgrenhada. Num impulso fiz uma progressiva, apesar dos conselhos contrários. Eu tenho que ser prática. Nas horas seguintes senti a cara das pessoas.


Tive sensações ambíguas. Se o objetivo do cabelo é ficar brilhante, macio e arrumado, o tratamento resolve. Se cachos e volume fazem parte da personalidade, é um problema. Eu fiquei me estranhando no espelho. No trabalho, as mulheres perceberam o dilema. Na média, escutei mais elogios do que evasivas. Ou quis escutar mais elogios, sei lá. Lembrei de Zé Ramalho: “Ô vida de gado, povo marcado êê povo feliz” quando vi a massa de cabelos alisados no metrô.

Quando Bebel acordou e viu, gostou.

domingo, 18 de novembro de 2012

Boazinha

Feriadão eu estava corrigindo os trabalhos finais de 120 alunos. Trabalhava e acompanhava as crianças brincando. Uma hora, Bebel veio pro meu colo e perguntou o que eu estava fazendo. Mostrei a pilha de papel e o que estava nas minhas mãos. Ela surpreendeu-se com a quantidade de escritos meus nos trabalhos pois está acostumada a corações e beijos que a professora dela escreve nos seus caprichadíssimos deveres de casa. Perguntei quantos pontos ela achava que eu devia dar para o trabalho que eu corrigia:
- Ah, mamãe. Dá dez....

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Imparcial

Eu com João no colo:
- Quem é o menino mais lindo do mundo da mamãe?
-Eu.
-E o mais forte? Mais inteligente?
-Eu. Eu.
- Quem é a coisa mais maravilhosa da vida da mamãe?
- A Bebel

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A prática

Estava na cama com Bebel, colocando ela para dormir:
-Sabe qual a primeira coisa que eu faço quando acordo, filhinha?
-?
- Pensar em como é bom ser sua mãe e do João.
- Sabe a primeira coisa que você devia fazer quando acorda?
-?
-Me acordar.

Madurinho madurinho

Bebel ganhou uma bicicleta. As crianças acompanharam o processo da hora em que os pedaços de bicicleta sairam da caixa até ela ficar pronta para uso. Ao final da última etapa, encher os pneus, João observou:
- Os pneus amadureceram.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Alguma coisa acontece no meu coração


As crianças foram passar o feriado com o pai e eu fui para São Paulo, em excelente companhia. Tenho uma admiração caipira pela cidade e estava louca para rever a Av. Paulista, Masp, Ibirapuera, ir na Bienal, no MAM, comer em bons restaurantes. Como o tempo era pouco, foco nos clichês dos clichês turísticos. Liberei o  ser amado para que fosse no Salão do Automóvel em companhia de quem gosta de carros, o que não é meu caso. Ganhei uma tarde inteira de ócio.

O feriado foi uma delícia. Namorar é uma delícia. Apesar dessa realidade irrevogável, as crianças fizeram falta. Lembrei delas com um aperto no coração  quando vi o parquinho no Trianon. Pensei em mostrar vários quadros e esculturas no Masp. rir com elas das bizarrices da Bienal. No Ibirapuera, quando já estava em crise de abstinência por estar a mais de 48 horas sem cheira-las, senti que as traía por estar lá e elas não. Coisas de mãe saudosa.

Comi sem cortar comida que não estivesse no meu prato, só fui ao banheiro sozinha, dormi e acordei no   ritmo adulto, não disputei o tablet com ninguém, dediquei-me exclusivamente ao namorado e foi tudo de bom. Mas que fica uma falta, isso fica.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amor de mãe

Um coleguinha do João chegou na sala, recebeu um abraço da professora que, carinhosa, falou:
- Boa tarde, fulaninho. Eu te amo.
Ele retribuiu o abraço e foi guardar a mochila.. Depois voltou:
- Eu te amo também, mas amo mais a minha mãe.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Solidariedade fraterna para ficar em casa em dia de aula

Bebel ficou doentinha ontem á noite. A médica indicou o remédio e falou que se piorar era para levar para o hospital. Ela dormiu a noite toda mas continuou inapetente. Cedinho João perguntou:
-Onde é que nós vamos hoje?
Ficar em casa já não é a escolha natural.
Expliquei que não vamos a lugar nenhum pois Bebel está doente. Ele é que vai mais tarde para a aula. 
A cara de desgosto do João  me deu deja vu.  Lembrei da minha irmã e de quando uma ia para a escola e outra não. Quem ia sozinha sentia injustiça, inveja e solidariedade ao mesmo tempo.  Pois é, hoje vamos ficar todos em casa. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Que vergonha...

 Para João, Bebel é uma criança muito grande e eu tenho uma era geológica de idade. Eu até entendi ele hoje, mas acabamos com o domingo da minha vizinha, uma senhora bonitona. Ela estava arrumadíssima, nenhum fio de cabelo ou adereço fora do lugar, bem vestida, cheirosa e maquiada. Muito educado, João despediu-se dela quando saímos do elevador:
- Tchau, velhinha.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Apesar da mae


Para mim, perfeição é a meta do goleiro. Eu convivo bem com certo nível de caos e imprevisibilidade na vida. Para contrabalançar, sou mãe da Bebel que veio de fábrica com tendência a ser metódica, meticulosa, madura. A pedagoga da escola até alertou para eu não reforçar a tendência ao perfeccionismo da minha filha. (como se eu tivesse capacidade de fazer isso). Fato é que eu chego do trabalho e o dever está pronto. Se corre o risco de eu esquecer uma das milhares de tarefas que a escola atribui aos pais, ela lembra. Uma mini adultinha, sem que eu tenha feito qualquer esforço para isso, até pelo contrário.

 Ontem, na correria da saida para a escola, 2 mochilas, 2 crianças, brinquedo e etc esqueci a pasta com o dever de casa da Bebel. A professora até tentou relevar: “Preocupa não, traz amanhã. Eu sei que você fez um lindo dever”, mas não teve jeito. O sofrimento que pessoas como Bebel sentem em situações como essa, eu nunca vou saber, mas pude inferir pela cara dela. Voltei em casa, peguei a pasta e levei na escola. Pois é. Filhos podem ser quem são, apesar dos pais. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Peixe n´água

Bebel entrou na escola de esportes e aprendeu a mergulhar. João aprendeu por osmose e finalmente consegui ler o jornal na beirada da piscina. Mas com um olho no peixe, outro no gato, pronta para entrar de roupa e tudo na água se for o caso. Domingo de sol, João demorou um pouco mais debaixo dágua e eu fiquei a postos. Quando levantou a cabeça e deu comigo com a cara meio apreensiva falou:
- Não foi caldo, mamãe.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A mãe desnecessária


Gosto de histórias tipo as dos irmãos Grimm, que não tem preocupação de amenizar sofrimentos pois a vida tem disso mesmo. A de ontem era sobre a mãe passarinho que foi presa pelo malvadão e não conseguia voltar para cuidar dos seus dois filhos passarinhos. Antes que a mãe conseguisse fugir e o policial prender o bandido, contava sobre as dificuldades dos filhotes sem a mãe. Bebel me interrompeu:
- Não tem problema, uai. Um filho cuida do outro.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Presente de 5 anos


Comprei um celular para Bebel como recompensa por ela ser tão bacana. Teve a ver com segurança, com delegar responsabilidade e porque bater papo no telefone é bom demais. Na entrega do aparelhinho cor de rosa, os olhos dela brilharam. Ligamos uma para a outra e dei uma aula sobre uso, abuso e custo da coisa toda.

Conversei na escola  e Bebel foi autorizada a levar o celular para lá desde que não o tire da mochila durante horário de aula. A minha  surpresa e felicidade foi receber a ligação dela 5 minutos depois do fim da aula. Melhor ainda, uma ligação looonga na qual ela contou tim tim por tim tim sobre o seu dia, sobre o que rolava no especial. ADOREI. Espero que seja o início de uma longa trajetória de bate papo telefônico

domingo, 16 de setembro de 2012

Persuasão

A mais velha convencendo o mais novo a votar com ela:
- Eu não quero. Você também não quer. Não é, João?
- É.

Meninos, Meninas e o arco íris.

Menino gosta de brincar de carro, tem cabelo curto, usa cueca. Menina gosta de boneca, de rosa e usa saia.  É fácil distinguir.

Será? Quando vemos figuras andrógenas na rua, eu pergunto ".É menino ou e menina?". Às vezes eles acertam, às vezes não.

"Careca, camisa e calça jeans. Menino!". Não era. Bebel descobriu que o sapato era de menina. Eu chamei atenção para o sutiã. Se tem cabelo comprido e barba, fica fácil, mas se não tem... Eles perceberam que tem menino que parece com menina e vice versa. Vão aprender que há mais entre o céu e a terra do que supõem uma visão preta e branca do que é ser menino x menina, homem x mulher, masculino x  feminino, macho x fêmea.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Filhos em cenas 2

1.

João, mostrando que  os dedinhos desenrugaram um tempo depois do banho demorado:
- Desestalou, mamãe.

2

Hoje teve reunião pedagógica na escola. Deixei as crianças na sala e falei que ia em uma reunião com a professoras e as mães dos colegas da Bebel. Brinquei que tinha certeza que a professora ia falar que minha filha era inteligente, educada e colaboradora. Ela, modesta:
- Eu sei.

3

Que me perdoem os radicais nessa educação modernosa, mas na minha casa somos adeptos de uma coisa mais tradicional. Expliquei que eu falo 3 vezes inteiras com educação, a vez 4 é brava e a vez 5 é com tapa na bunda. Na maioria das vezes funciona no 3. Quando hipnotizados pela TV,  a senha é: "Sabe qual é o número da vez que eu estou falando para desligar a TV?" Aí eles dão com a minha existência: "Será que já deu 3?". Tem dia que vai no 4, mas é mais pra ver se o limite ainda está lá. Teve um dia que o João foi no 5 e meu coração doeu, mas era o meu compromisso com a verdade que estava em jogo. Ele mais assustou, mas acho que estava esperando para ver até onde ia a conversa e nunca mais cruzou a fronteira do 3/4.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Filhos em cenas

1

Comprei uma pulseira muito linda e mostrei para Bebel. Ela viu mas não falou nada. Ontem fui "chique no último" assistir ao hasteamento da bandeira na escola dela. Antes de entrar, ela falou:.
- Mamãe, vamos fazer um combinado?
-Claro.
-Você tira a pulseira e só coloca depois que você sair da escola, tá?

Agora é só esperar para ver se minhas roupas hiponguinhas vão continuar passando pelo crivo.

2

Carro para mim tem que ter rodas redondas, luzes que acendem e apagam e não ferver no engarrafamento. Tirando isso, o assunto não entra na minha realidade. As crianças, por livre e espontânea curiosidade descobriram que os carros vem de fábricas diferentes e tem nomes diferentes. Vêem o logotipo e sabem até diferenciar um Honda de um Hundai, coisa que aprendi com elas. João então, vai atento no detalhe. Outro dia, procurando o carro no estacionamento, ele apontou um carro e falou:
- Olha! A roda é igual à do seu carro!
Tive que parar para conferir porque se eu tivesse que responder qual a roda do meu carro numa prova, teria que chutar a resposta.

Voto de silêncio

Minha voz é instrumento de trabalho. Além disso, eu adoro conversar. De uns tempos para cá, resultado de muitas aulas, para muitos alunos em ambiente com ar condicionado, minha voz começou a falhar. Os sintomas rouquidão, dor na hora de falar, aspereza e garganta coçando. O tratamento médico: voto de silêncio. Como é dificil... O celular toca e não dá para atender. Vem aquela ideia boa para uma prosa e não dá para compartilhar. Até para fazer um sacolão é complicado.

Por outro lado, dá uma outra perspectiva para o feriadão sem crianças. Escrever, assistir a um filme, preparar aulas a até fazer uma pequena viagem. Tudo no mais completo silêncio. Vou finalmente seguir os conselhos de vovó:  em boca fechada não entra mosca, quem fala muito, dá bom dia a macaco, a gente tem dois ouvidos e uma boca para escutar mais do que falar.  Mas que tira um pouco a diversão, tira.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Nada melhor do que não fazer nada


Talvez eu seja  solar demais às vezes. Boa de ficar perto, mas cansativa no todo dia.

Moro num apartamento pequeno e fico com pena de desperdiçar manhãs de céu azul em casa, de segunda a segunda. Tem dia que tem as atividades extra curriculares. A gente sai cedo, emenda almoço na rua e vai direto para a escola. (a minha fobia de cozinha é assunto para outro post) Nos outros dias, invento programas como praça, casa de vó e etc. evitando a todo custo gastar uma manhã à toa em casa.

Ontem, depois de um final de semana de festa, clube, teatro, praça e visita, Bebel virou pra mim e pediu: "hoje vamos ficar em casa, mamãe?". Pois é, Damásio já havia ensinado sobre o ócio criativo mas Bebel precisou me lembrar da lição.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Eu te odeeeeio!!!!

Eu achava que só aconteceria no quintal alheio, mas, pelo visto, é a regra. Educar, em alguns momentos, é frustrar. É ensinar a controlar o bichinho interior que quer tudo do seu jeito, na hora que quiser. Filho não é só alegria e mãe não precisa ser amada o tempo todo.

Hoje teve. E da-lhe menininha brava, chorando, chutando e gritando que me odeia, que nunca mais vai conversar comigo, que não vai me deixar cuidar dos 100 filhos, e por aí vai. Não sei como vai ser aos 15 anos, mas hoje eu sei que passa rápido, é só não levar pro lado pessoal, ter paciência e firmeza.

O bonitinho é que, quando um odeia, o outro fica quieto, assistindo o desenrolar dos acontecimentos. Aprendendo como vai ser quando for a vez dele dar um piti.

Primeiro e segundo lugar


Os "eu não quero" fazem parte do cotidiano de uma mãe. Há infinitas variações: eu não quero acordar, dormir, comer, trocar de roupa, sair de casa, ir embora, tomar banho, arredar o pé daqui, desse lugar que não pode, e por aí vai. A peleja é parte do cotidiano. O jeito são bolar estratégias.

Uma delas é apostar na competitividade: "Quem fizer tal coisa primeiro, ganha". Aí saem os dois desabalados. Funciona quase sempre. Tive receio de estar criando monstrinhos competitivos, mas a fraternidade aqui em casa é das boas.

Outro dia estávamos jogando videogame. Até então, Bebel sempre ganha do irmão. Um dia, com a conivência dela, eu o ajudei e ele ganhou. Enquanto o irmão dava pulos de alegria, Bebel falou baixinho no meu ouvido, com um sorrisinho Mona Lisa: "Ganhou nada, né?"

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Meninos e meninas

Passeando com as crianças, João vai na frente, explorando o ambiente, parando aqui e ali, olhando pra trás só para conferir se a gente continua no seu campo de visão. Bebel vai de mãos dadas, para garantir um interlocutor e não precisar parar de conversar.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ensinar e aprender


Sou educadora por vocação e profissão.

Abre parênteses. Outro dia, o mecânico, querendo puxar conversar perguntou em que eu trabalhava. Disse que era professora e ele emendou: “professora de verdade ou de criança?”. Senti raiva e pena de nós brasileiros que, como coletividade,  não damos o devido valor para as pessoas que trabalham na educação infantil. 57% das crianças brasileiras de até 5 anos não estão na escola na época em que os cérebros e as curiosidades estão no máximo do seu potencial para transformar em habilidades todas as aptidões natas. Fecha parênteses.

O semestre letivo na faculdade onde trabalho começou com as expectativas de sempre. Dou aula para o primeiro período de cursos que recebem a nova classe média, pessoas motivadas, batalhadoras e que estão mudando a cara do país. Chegam as meninas com seus longos cabelos lisos, arrumadíssimas mesmo depois do expediente, assim como os rapazes com penteados que o João chama de tubarãozinho. Chegam os adultos, homens e mulheres retornando ás salas de aula depois de muitos anos de mercado de trabalho, abrindo mão da convivência com as famílias para dar exemplo para seus filhos.

Para mim, não tem nada melhor. Preparar as aulas, atualizar conhecimento, trocar experiências, aprender coisas como kanban, wms, logística reversa e outras coisas que não estão nos livros de psicologia. Damásio falou que se dedicamos 2/3 de nossas vidas a fazer o que nos dá prazer, não somos escravos. Pois é. Meu trabalho me liberta.

domingo, 12 de agosto de 2012

O telefonema da escola

Quando o celular toca e é a escola, no horário da aula, a gente treme nas bases. "Que seja a professora falando que os filhos são os melhores alunos que ela já deu aula". Nunca é. Crianças caem, machucam, acontece. A pediatra fala que adora criança com roxo e ralado pois criança que não cai é porque não brinca. Mas que é dureza receber telefonema da escola: "Vem buscar porque machucou.", é.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A mãe chata

De uns tempos para cá, tenho recebido bilhetinhos de uma menina semi alfabetizada: "mamãe eu te amo", "gosto de você" quando chego do trabalho, no meu travesseiro. A coisa mais linda.

Desde sempre tenho o conflito da hora do uniforme. A roupa que eu escolhi nunca é boa. Se é saia e meia calça, a meia causa dores horríveis no pé e ela prefere calça. Se é calça, não serve porque dá dores do joelho e tem porque tem que ser saia. Todo dia. ÀS vezes a menos de 20 minutos para sairmos de casa.

O argumento é: "Vai colocar e pronto." e toma gritaria: "eu não quero, eu não quero, você é muito chata" e por aí vai. Ontem o problema era a meia de todo dia que não podia ser.  Bebel emburrou e sumiu para dentro de casa. Deixei e fui trocar a roupa do João, por enquanto mais dócil para esse processo.

Dali a pouco, chegou um bilhetinho: "Mamãe, você é chata. Izabel". Isso mesmo! Chata com ch! Guardei a preciosidade,. Onde é que ela aprende essas coisas?

domingo, 5 de agosto de 2012

Detalhes tão pequenos

Fomos num aniversário que tinha uma moça com cabelo de princesa, roupa de princesa, jeito de princesa: "Será que é uma princesa de verdade, Bebel?". "Não é não, porque as luvas delas não tem dedos."

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mamãe não sabe tudo

O Canal Futura tem um quadro chamado "Com a pulga trás da orelha". É feita uma pergunta e dada três opções, ao final do intervalo a resposta é ensinada.  Os olhinhos de Bebel até brilhavam quando eu sabia, sem sombra de dúvidas,  quem deixou de ser planeta em 2006, onde foi o primeiro vôo de Santos Dumont, de que é feito o giz de cera, e por aí vai.

Até hoje às 7:30 da manhã eu tinha acertado todas as respostas antes que as opções fossem dadas. A pergunta: qual dança surgiu da capoeira? quebrou esse paradigma. Não deu tempo de consultar o google, nem de fazer nada, exceto alegar ignorância. Ela me olhou desapontada. Acertar a próxima pergunta sobre o instrumento de percussão da capoeira, berimbau, reduziu o dano mas a invencibilidade já era.

Pois é, Bebel. É duro aceitar, mas a mamãe não sabe tudo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Eu quero um celular


Bebel chegou hoje da escola com um presente de amiga, uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim amarrada no braço. Já estava informada do protocolo e contou que fez um pedido: "Adivinha qual, mamãe?". Eu não sabia. "Aprender a ler e escrever rápido".

Eles não são especiais


Meus filhos são especiais parta mim e nossa família. Eu os acho simplesmente a coisa mais maravilhosa do universo. Comemoro como gol em final de copa do mundo cada cocô no peniquinho, cada letra desenhada, tudo de lindo e banal em nossas vidas.

Mas o mundo não corrobora das minhas impressões e intenções em relação a eles. Junto com todo o amor e dedicação tento ensinar que eles são tão especiais quanto todo mundo. Daí que tem que respeitar, que tem coisa que não dá, que não pode, que tem que ter paciência, que tem que esforçar. Acredito que é uma contribuição que posso dar para um mundo melhor, não criar narcisistas que acham que as pessoas existem  para satisfaze-los.

Será que vai dar certo?

http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/07/turma-do-eu-me-acho.html

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Celular

Bebel sugeriu que eu lhe dê um celular assim que ela souber ler e escrever. Achei um prêmio interessante e ficou combinado. Se os recursos fossem ilimitados, eu daria logo um smartphone, ferramenta para aumentar a inteligência.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Tchau férias...

No último dia de férias, eu estava no pique para aproveitar cada segundo com Bebel e João. Ainda mais que refazendo da abstinência de 15 dias sem eles (com direito á recaída e 200 km de estrada só para dar um beijo).

Acordamos cedo, jogamos videogame e fomos para o clube. Na volta, uma amiga da Bebel queria visita-la, só que ela tem um irmão gêmeo que queria ir também. ÀS 15:35 estava com os 4 no pátio do prédio. Filhos e crianças em geral são as coisas mais interessantes do mundo para mim.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Bebezinhos da mamãe

Eu adoro bebês. Agora que meus filhos já estão "grandinhos" com 5 e 3 anos eu não posso ver bebês  que vem aquela nostalgia. Vejo João falando tudo, Bebel, tão menininha grande que não resisto abraço, beijo e falo pros dois: "Cresce não, vira bebê para sempre". E Bebel, espertamente:
- Eu não. Como é que eu vou ter meus 100 filhos se eu for bebê?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Briga de irmão

Eduquei para que eles não brigassem, o que de fato aconteceu enquanto João era bebê. Agora que dá pressão, volta e meia tem saído tapa, empurrão, cascudo.  João chorando, beicinho de birra: "Bebel bateeeeeeu" e ela fingindo de boba ou falando que foi ele quem começou.

Ficar de um lado não é boa política. Briga de irmão tem que resolver entre os iguais, e não com um adulto tomando partido e acirrando a rivalidade. Sei que tem a ver com ele ser menino. Falo: "Se vira, João. Avisa para Bebel não te ensinar a bater, senão você aprende".   "Ele aprende o certo e o errado, Bebel". Briga-se para ver quem aperta o botão do elevador, entra ou sai primeiro do carro, do banho, quem dá a volta correndo primeiro, quem estica as pernas na banheira. E toma tapa na cabeça e choro.Empurrão de vir corrrendo para tomar impulso. Engraçado é que na mesma hora que a quebradeira está pegando, muitas vezes eles começam a rir e continuam a brincadeira como se nada tivesse acontecido. Prescindem do meu arbítrio quase sempre.

Deixo porque sei que não é da natureza da Bebel usar da sua superioridade física e intelectual para maltratar  o irmão. Deixo porque é o melhor jeito de aprender que na vida, compete-se e coopera-se pelos recursos disponíveis. E que com um irmão que coopera é muito mais gostoso.  

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bicho mãe


Tem o livro dos bichos, muito utilizado na hora de dormir. Muitas fotos, dá para inventar milhares de histórias para cada uma. Uma das preferidas é a mamãe que dá banho no filhinho lambendo ele todo. Só isso mesmo para explicar João ontem, mão imunda apontada para mim: "Lambe aqui, mamãe"

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Carta a uma amiga grávida


Amiga, fiquei feliz com a notícia da sua gravidez e tentei lembrar o que eu sentia e imaginava quando fiquei grávida, da primeira e da segunda vez. É a minha história. Eu acho que as pessoas passam por experiências diferentes porém coletivamente semelhantes.

Não senti nada daquela coisa que a grávida fica linda e resplandecente. Eu me sentia pesada  e gorda. Acho bonito as mulheres que passam a gravidez com mais elegância do que eu passei. Bela não, mas saudável, o que é o mais importante.

Grávida de 9 meses , sem empregada e cuidando da Bebel tive que desenvolver a “Teoria Lata d´àgua”. Pelo menos eu não tenho que andar para buscar água fora de casa, porque se tivesse, teria que ir . Ou seja, no perrengue a gente agüenta. 

Quando as pessoas falavam que eu não ia mais dormir, não acreditava. Não leve isso tão a sério! Acontece, mas não é o fim do mundo. A Bebel já estava dormindo a noite toda com uns 3-8 meses. Depois veio o João e começou tudo de novo. Uma noite, ele aos 3 meses e ela aos 2 anos, tive uma longa, deliciosa e revigorante noite inteira de sono. Fica melhor ainda depois que se é privada dela por algum tempo.
Que é cansativo e fisicamente extenuante, é. Mas dá para viver além da maternidade. Continuei mulher . Terminei o mestrado entre bebês, apresentei artigo em congresso. Tem muito terror nessa tal “trabalheira”.

Não espere amar instantaneamente aquele estranho que te entregarem na maternidade. Não espere que, no primeiro dia, o leite jorre deliciosamente. Os primeiros dias com a Bebel foram dureza. Com o João foi mais fácil porque eu já sabia o que esperar: pontos, dor, chateação. Passa.Depois disso, esqueci todas as coisas ruins que passei com a Bebel ( e que nem foram tantas) e engravidei do João. A natureza é sábia, o que é ruim a gente esquece mesmo.

Pai é bom, mas não espere muito dele, que estará aterrorizado, muito mais do que você.  O costume ainda é a mulher cuidar dos filhos, por mais que o pai ache que faz o máximo que pode. Avós são ótimas  companheiras da mãe de primeira viagem nessa hora, principalmente se são discretas e não-mandonas. Uma boa ajudante é fundamental. Se ela for boa com bebês e crianças sua qualidade de vida terá melhoras significativas.

Alguns dias você terá vontade de chorar, de apelar com todo mundo, com o filho, de fugir. Com certeza você vai sentir saudades dos tempos remotos que ir à padaria era simples. Ir ao cinema, então...

 Provavelmente ficará desapontada, como eu fiquei, com a falta de troca nas interações com um recém-nascido. Melhora.

A minha impressão é que bebês são menos frágeis do que aparentam. Nossa espécie sobreviveu à fome, predadores variados. O bebê sobreviverá aos nossos cuidados maternos num apartamento de classe média. Estatisticamente há mais chance das coisas darem certo do que errado.

 Depois que o bebê aprender a sorrir, você vai sentir um amor tão forte que não dá pra explicar. Esse amor vai se renovando a cada coisa nova que ele for aprendendo. Um filho é como um re-nascimento, como ver tudo de novo com o olhar de uma criança, com ternura e responsabilidade. Com disse Moraes Moreira: “Entrou no meu coração e sentou na minha mão”. Assisto, maravilhada, cada pequena aprendizagem e como, de um dia para o outro, eles dão um salto e viram outra pessoa, continuando os mesmos.

Fiquei mais esperta, mais objetiva e menos chorona depois da maternidade. Consegui boas oportunidades profissionais. Curei de uma antiga falta de sentido existencial. Sinto-me plena e realizada. Não é uma ou outra noite de sono que vai mudar isso. 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A verdade.

Sempre achei minha obrigação de mãe deixar o mundo mais interessante para meus filhos. O que era fantasia e o que não era , eles iriam descobrindo aos poucos, como parte do processo de crescimento. Quando Bebel começou a desconfiar que algumas não eram exatamente o que pareciam ser, contei a verdade. Quando uma criança é menor acredita em tudo.A medida que vai crescendo começa a aprender que tem  coisa que é verdade e tem coisa que é brincadeira. E sempre que ela perguntasse eu falaria a verdade.

Se no almoço tinha carne de dinossauro, para crescer forte, de golfinho, para nadar bem, de jacaré, para ter grandes dentes, ela peguntava:
- De verdade?
- De verdade é de boi.

- Por que aquela árvore está vestida?
- Por que a mãe dela achou que ela estava com frio.
- De verdade?
- De verdade é porque o dono daquela loja colocou um pano em volta da árvore para chamar atenção das pessoas.

- O que é isso?
- Deliciosos mosquitinhos doce.
- De verdade?
- De verdade é uva passa.

- O que é isso?, João perguntou.
- Cascas de tartaruga geladinhas.
Bebel deu uma risadinha de quem sabia das coisas.
- De verdade é pera, João.
- Ahhhh.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O corpo perfeito


O corpo perfeito no inconsciente coletivo contemporâneo é o da mulher capa de revista, naquela pose sensual, jovem, maquiada, depilada  e com um vento batendo nos cabelos impecáveis.

Depois da gravidez nada é mais a mesma coisa, principalmente se o parâmetro for os longínquos 18 anos. Eu me revoltei com o resultado das cesáreas. Hoje já aceitei. Plástica, único recurso que resolve, (ainda) não.  As estrias eu nem vejo mais. Aquela diminuição no perímetro da cintura é que é dureza e fonte de culpa a cada bombonzinho colocado na boca. O que pode ajudar é a genética, tempo e dinheiro para as ciências estéticas e ginásticas.  Na medida do possível, a gente  corre atrás, com mais ou menos sucesso.

Se a idade tira colágeno, pode dar sabedoria. Se aos 18 eu visse meu corpo com o dobro dessa idade ia chorar de desespero. (A gente é meio exagerado nessa idade). Hoje, dois filhos depois, me acho  interessante e acredito que isso emana mais do que a ausência de uma cinturinha de pilão. A verdade é que olho para mulheres magras, altas, ricas, inteligentes e bonitas e fico com inveja. É humanamente impossível não querer ser Gisele, mas a vida tem disso....

O corpo perfeito é o das bisas. As duas com 85 anos lúcidas, subindo e descendo escada. Corpos perfeitos com experiência de vida.

domingo, 10 de junho de 2012

O Filho Pródigo


No segundo sábado de junho, alunos e ex-alunos do COLTEC se reúnem para celebrar o  Dia do Filho Pródigo. A expectativa começa quase um mês antes com publicações no face e através de torpedos: “você vai,não é?”. Esse ano, pela primeira vez, teve cama elástica e pula-pula para a criançada presente. (ai que saudade dos meus bebês, que estavam passeando na terra dos nossos ancestrais). Nem a ameaça de chuva esparramou os presentes e a festa ficou lotada mesmo depois que a banda foi embora.

Tem as figurinhas carimbadas, os que vão mesmo quando cai no dia dos namorados. Tem as famílias, os casais, quem continua igualzinho(a) e bem, quem o tempo não foi muito generoso. Palmas para os maridos, esposas e demais apaixonados(as), que acompanharam ou não seus(suas)  ex-coltecanos(as) e ficaram de boa, seguros(as) do amor que lhes é devotado.

Dá aquele clima de fraternidade que o passar da tarde só vai aumentando. Somos irmanados pelas lembranças do período em que, psicologicamente saíamos da casa de nossos pais. Época em que a infância definitivamente tinha acabado e o mundo inteiro abria-se para nós. Com a liberdade, cultura e política que rola dentro do campus da UFMG.

A gente volta para cumprir uma determinação arquetípica. Retornar a um dos lugares  que nos deu asas.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Papo cabeça

Teve uma coisa que não podia fazer e o João deu aquele piti, me chamou de chata, jogou-se no chão batendo pernas e braços. Escolada nesses eventos, nem dei bola, o que o deixou ainda mais irritado. Fui resolver não sei o que na cozinha e de lá escutei Bebel conversando com ele um papo cabeça de irmã mais velha:
- Não precisa chorar, João. Tudo que pode a mamãe deixa. Ela só não deixa  que não pode.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O bebezinho da Bebel


Esse final de semana foi o aguardadíssimo casamento da Renata, do qual Bebel foi daminha. Foi lindo, perfeito em cada detalhe. João não contava que a outra daminha iria monopolizar a atenção da irmã dele. As duas corriam de um lado para o outro, rodopiando a saia cheia de anáguas e ele ficou sobrando. De repente sumiu e fui acha-lo sendo puxado pela perna pelas meninas, os três achando a maior graça: "Olha, mamãe, um bebezinho que não sabe fazer nada"

Nossa sociedade alternativa

João ganhou um chapéu de plástico da avó. Outro dia, muito educado, perguntou:
- Posso tomar banho de chapéu?
Comecei a rir :
-Faça o que tu queres pois é tudo da lei, da leeeei
Ele ainda não entendeu, mais vai escutar raul seixas.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Gestão do tempo

Entre 11:30 e 13:00 estou no processo de limpar, arrumar, alimentar e transportar as crianças para a escola. É gostoso mas dá trabalho pois o imprevisível faz parte. Tenho delegado cada vez mais à Bebel autonomia para se trocar e ela tem me surpreendido, colocando até meia calça sozinha. Essa semana, ela se arrumou sozinha e me perguntou: "Aproveitamos bem o tempo?"


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Criança Índigo

Para meu horror, Bebel falou que não queria ir mais na escola. Perguntei por que e ela falou que era por causa de dois colegas chatos. Na minha cabeça,  passaram os termos bullying, traumas irreparáveis, essas coisas. Continuei a conversa e ela contou o que "os sapecos" faziam. O problema não era com ela, mas com a turma inteira, professoras inclusive. Perguntei se ela queria que eu conversasse com a professora, com a coordenadora, com a presidente, com os colegas. Ela me surpreendeu com a resposta: "Não precisa falar com a professora, quando eles fizerem coisas que eu não gosto, vou falar com ela." Falei que ia conversar com a supervisora pedagógica e ficamos assim.

domingo, 20 de maio de 2012

O dia da festa

- Mamãe, quando é meu aniversário?
Peguei o calendário e mostrei, marcando com um círculo.
- E quando vai ser a comemoração?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O mico da mãe

Até então, toda vez que cumpríamos uma tarefa com sucesso: trocar de roupa, entrar no carro, arrumar uma bagunça, fazíamos o "super-queridos". Os três juntávamos a mão aberta, a mão fechada e cada um falava: Super-joão!, Super-bebel!, super-mamãe! e juntos: super-queridos! E morríamos de rir.

Hoje foi diferente. Como tinha uma pequena platéia, Bebel não quis fazer o super-queridos  me olhou com uma cara:  "não me faz pagar esse mico, mamãe." Ri e não insisti porque sei que é dureza lidar com a tendência das mães de fazer os filhos passarem vergonha.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dia das Mães

Queridos filhos,

Depois que vocês nasceram, eu ganhei um presente: sentido. Minha mãe falava que certas coisas eu só saberia depois que virasse mãe e ela estava certa. É tudo de bom  ver os dois crescendo, aprendendo, ganhar seus beijos e abraços. Vocês me deram a infância de volta, me re-ensinam coisas que eu tinha esquecido. Pular para sentir os pés fora do chão, correr porque somos feitos para o movimento, andar sem pisar nas linhas da calçada, imaginar outros mundos diferentes, desenhar deitado no chão, sem pressa e rascunho, para expressar o que está dentro. Comer o que é gostoso e cuspir o ruim, assistir desenho animado sem culpa nenhuma, brincar de boneca, andar de velotrol.... Espero que mesmo quando virarem adultos, guardem a criança dentro de vocês. 

Hoje eu sou grande e tenho obrigações. Tenho números que me identificam e preciso trabalhar para viver. Preparem-se para o trabalho, pois dá liberdade. Eu estarei do ajudando no que  vocês precisarem. De livre e espontânea vontade. Nem tão altruísta assim pois vocês me enchem de orgulho e vaidade.

Vocês me deram uma vida bem mais interessante.

Mamãe

O nome da mãe

Ontem pus todo mundo para dormir cedo. João, inconformado, me chamou: mamãe! milhares de vezes . Já tinha contado história, dado mamadeira, boa noite e falado que não adiantava me chamar mais  Bravo, ele  insistiu e mais bravo ainda gritou do quarto:
- Roberta, me tira da cama.
Impossível não achar graça.

Submáaaaaaxima

Fui para a aula de spinning pois foi a única que coube no meu horário. O meu susto foi quando a professora deu um sprint e a mulherada começou a gritar orgasticamente:  submáaaaaaximma, ou seja, tinham atingido 85% da frequencia cardíaca máxima. Primeiro fiquei com vergonha alheia. Pensando bem, realmente dá um arrepio, mas daí para comunicar a vizinhança inteira.... Depois entrei no clima, cada tribo tem suas manias. Mas que é peculiar, é.

A criança e a rua

Passamos o feriadão em Diamantina onde usufruímos, mais uma vez, da hospitalidade dos Guedes. A casa fica num beco sem saída.. Bebel e João juntaram-se às inúmeras crianças Guedes e tiveram uma experiência inédita: brincar na rua. Eu, urbanóide,  estou acostumada a deixa-los em ambiente vigiados por, pelo menos,  uma camera e custei a relaxar. Mas não é que eles sobrevivem? É só delimitar a área: pode daqui até aqui e deixar rolar. Eles brincam, correm, riem e até brigam e choram, mas tudo se resolve entre eles. Consegui sentar, ler e conversar com adultos.

Confirmei   que ambiente controlado demais é igual assepsia exagerada, dificulta o desenvolvimento dos anticorpos necessários para um desenvolvimento saudável.

sábado, 21 de abril de 2012

O Aquathlon e eu

A primeira vez que ouvi falar do aquathlon eu estava grávida da Bebel. Trata-se de uma prova de 5 km de corrida e 75o m de natação. Por uma razão que a razão desconhece resolvi que iria participar todos os anos enquanto tivesse saúde para isso. E é o que acontece, desde então, salvo quando grávida.

Hoje foi dia. Infelizmente, as crianças não puderam estar presentes, mas tirei fotos, pois não basta matar a cobra....Nos primeiros 500 metros, sol escaldante eu pensei (como sempre): "O que eu tô fazendo aqui?". Na primeira volta nas águas geladas da Laga dos Ingleses, senti caimbras e pensei de novo: "pra que eu estou pagando por isso mesmo?". Mas como tinha platéia, desisti de desistir. Esse ano, na minha categoria tinham 5 mulheres, o que praticamente inviabilizou uma medalha, exceto de participação, mas deixa pra lá. Terminei a prova batendo o meu recorde: 51 minutos.

Bebel e João, a mamãe faz isso só  para impressionar vocês.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Ciumeira

Não sou uma mãe ciumenta. Compartilho a filharada com pai, as muitas avós, tias, amiguinhos e nos momentos de desespero tenho a promoção; " Pegue um, leve dois". As avós agradecem por terem netos que dormem na casa delas desde sempre.

Acontece que quarta cheguei do trabalho tarde da noite e dei uma olhada na mochila das crianças. Para minha surpresa o dever da Bebel estava pronto, muito caprichado, cortado, colado e colorido. Quase supitei.. A babá, ótima, havia ajudado na tarefa. Pelo que conheço da minha filha, ela deve ter chegado em casa e não queria nem jantar antes de fazer o dever de casa. Pois é! Enciumei.
   

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Meninos e meninas

Se eu respondi a essa questão em prova na faculdade de psicologia, devo ter errado: "quando, em geral, crianças começam a perceber as diferenças de gênero, identificando-se com um e rejeitando aspectos do outro?:

Eu achava que era lá pros 3-4 anos, mas, pelo visto, é antes. Junto com a linguagem, já começam as identificações com o que é "de menino", e o que é "de menina". Sorte que eu tive um casal de filhos e eles sabem,  naturalmente, o que é ser, biologicamente, uma coisa ou outra. Mas tem muito mais. A menina gosta de rosa, bonecas, conversas, filhinhas com cabelos longos arrastando no chão. O menino gosta de carros, correr, subir, mexer de um lado para o outro. São crianças e brincam juntas, mas quanta diferença!...

Estávamos os 3  no shopping e rolou uma emergência na gestão de resíduos do João. Como no andar não havia vestiário da família (versão unissex  de banheiro infantil), entrei com João e tudo no banheiro feminino. Nunca, em tempo algum, eu ia imaginar que, aos 2 anos, ele iria se recusar: "è de menina, mamãe". Como era emergência nível 2, apelei para a autoridade materna: "Vai entrar sim. Vamos ver se não tem ninguem." Sorte que não tinha mesmo e o problema foi resolvido.

Eu sempre achei que trataria igual um filho e uma filha. Hoje sei que o tratamento é diferente. Bebel é minha lindinha, João é o meu tutuzão. Diria que metade do que determina as diferenças entre feminino e masculino é biológica (ou seja, vem de fábrica) , metade é cultural. Ruim deve ser quando biologia fala uma coisa e a cultura manda outra. Bom é que vivermos num tempo em que essas diferenças estão sendo mais aceitas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Se princesa solta pum

- Solta, mamãe?
Lembrei de um programa do Futura que falava sobre "Flatulências e problemas gastro-intestinais das mais belas princesas". Saquei o smartphone, o google e dei aula. Dessa vez foi rápido.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Farão tudo o que eu mandar?

Minha mãe brincava comigo e com minha irmã de Boca de Forno. Quando a situação esquentava, ela dizia: “Boca de forno!”.


Minha irmã e eu: “Forno!”,

- “Farão tudo o que mandar?”,

- “faremos todos!”

- “E se não fizer?”

- “Ganharemos bolo!” (eu sabia, na época, que bolo é um tapa na mão. Achava engraçado bolo tapa ser igual a bolo comida e tinha certeza que não ia apanhar, mas a ameaça fazia parte da brincadeira. Isso acontecia no século passado, antes dos exageros politicamente corretos de educação de crianças)

- “Então, vai ali, vai ali, e dá 2 voltas correndo no quintal”, “50 pulos de um pé só”, “20 voltas em torno da mesa”

E lá íamos nós, fazer o que ela mandava, na felicidade de criança que brinca com a mãe. Ela podia ficar  fazer  coisas que os adultos fazem enquanto nós gastávamos a energia.

Hoje, brinco de Boca de Forno com meus filhos . Eles adoram. Bebel encabeça  e João vai atrás. E eu posso, às vezes, até sentar um pouco.

Para casa

O dever de casa na escola nova foi anunciado com um mês de antecedência. A expectativa da Bebel era enorme, e a minha também. Foi difícil convencê-la a jantar primeiro. Lápis, tinta, borracha e tesoura na mesa, sentamos os três, João também, para fazer um desenho sobre a Festa do Dever. Sim, a escola fez uma festa para comemorar o evento. É um jeito de valorizar disciplina, concentração, esforço intelectual, úteis a vida inteira.

É do jeito da Bebel querer fazer tudo certinho. Esforço nenhum acompanha-la nessa tarefa.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

a walk on the wild side

Achei que era hora de  levar as crianças para passear de avião e resolvemos passar uns dias no Rio de Janeiro. Criei a expectativa durante mais de um mês:  "nós vamos voar acima das nuvens, vamos no bondinho do pão de açucar, na estátua gigante, na praia  no dia 01 de abril.".

Chegamos na cidade 6 horas antes do check in do hotel e a aventura começou. Deixamos a mala lá e fomos para o Jardim Botânico onde acabamos no parquinho , brincando na areia, top 10 entre crianças . Na volta, eu comecei a me dar conta de que rodar de ônibus na cidade é eficiente, mas com duas crianças cansadas e sujas pode ser bem desgastante.

Nos 3 dias de viagem, fomos no Corcovado, no Pão de Açucar, em Copacabana. Tudo de ônibus, 2 meninos e 2 meninas. Não vou omitir que teve hora que eu jurei para mim mesma nunca mais encarrar um programa tão exaustivo, ainda mais com João na fase do "eu quero tudo do meu jeito agora, senão eu berro deitado no chão".

Mas o resumo é que valeu demais. Até porque, assim que em BH de novo tive um problema médico que nos deu um susto e passou. Deu pra pensar no que é importante, no que é preciso fazer para chegar ao importante, no que não tem jeito e no quanto esses momentos com meus filhos são importantes e breves.



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terça-feira, 27 de março de 2012

Pensamentos infantis

João aprendeu na escola que tubarão come peixe e às vezes me conta isso, para eu não esquecer. Hoje estava almoçando e ficou parado, olho no infinito, em profundo pensamento. Depois virou para mim e perguntou:
- Tubarão come polvo?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Smartphone e as crianças do século XXI

Demorei mas aderi ao smartphone e minha vida nunca mais foi a mesma. Que delícia! Email, facebook, joguinhos, aplicativos de tudo quanto é tipo e uma utilidade extra: apaziguador de criança quando eu preciso que eles fiquem quietos, parados, imóveis.

Nem sempre funciona, porque ás vezes rola um stress para ver quem é que vai pilotar a máquina, mas há uma realidade irrevogável: brigou, acaba para todo mundo. Antecipo as situações mais periclitantes e coloco galinha pintadinha no you tube. Infalível em filas, restaurantes e afins. Ultimamente eles entenderam a dinâmica da coisa e conseguem, dia mais, dia menos, dividir o aparelhinho sem brigar enquanto eu pego  o almoço no self service, por exemplo.

É engraçado ver os dois brincando de jogo da memória, tirando fotos um do outro e rindo de bobos, que nem eu, maravilhados com a engenhoca. Hoje fui surpreendida com uns aplicativos novos, instalados no celular. Perguntei Bebel que explicou:
- É que eu "abaixei" uns joguinhos.

sábado, 3 de março de 2012

Sapão Cru Cru

Ganhei um CD do Mamonas Assassinas para melhorar a minha qualidade de vida no trânsito.  Outro dia, estava levando as crianças para a escola, tocou Sabão Crá Crá, eles rolaram de rir e pediram para tocar infinitas outras vezes.

Preocupada com os duplos sentidos, fui logo ensinando: é a música do sapão. O sabão crá crá não deixa os cabelos do sapo enrolar. No dia em que eles descobrirem que não é sapo e a que saco a música se refere, aí já não vai ter importância se é sapo ou saco.

Se você vir 3 crianças no trânsito, rindo igual bobo e cantando Sabão Crá Crá, dê um tchauzinho pra nós.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Casa da avó

Bebel e João passaram no Carnaval na casa da vovó. Na volta, estavam cheio de novidades. Brincaram com a prima, nadaram, divertiram bem. Perguntei Bebel se ela tinha ficado com saudades da mamãe. Ela foi sincera:
- Tinha tanta coisa legal que nem sobrou espaço no meu coração.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Falatório

Um das coisas divertidas de ser mãe, é escutar a conversa de filho enquanto eles estão brincando com eles mesmos. É um pouco invasão de privacidade, mas mãe tem umas  prerrogativas. Bebel é a mãe de todos os bonecos e  brinquedinhos de encaixar. João, que está ficando bom em expressar-se por palavras, dá bom dia para todos os lápis de cor enquanto vai tirando eles da caixa e colocando em uma fila ordeira: "Bom dia, amarelo, Bom dia, vermelho".

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Explosão

João atrás de mim, insistentemente:
- Itorô, mamãe. itorô.
Eu sem entender o que ele queria. Ele perdeu a paciência e mostrou a sandália desabotoada. Como assim eu não tinha percebido que ela tinha estourado?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Super herói de verdade

Lanchava na casa da minha mãe enquanto as crianças brincavam no chão, os brinquedos espalhados pela copa inteira. Procurei um boneco:
- Cadê o super-herói?
João, aparentemente distraído num canto respondeu:
- Tô aqui.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Comilão

Voltando da escola, Bebel parou na frente de um Renault:
- "Noooossa, mamãe! Que carro gordo. Será que ele comeu muita gasolina?"

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Relato do parto do meu blog

Atendendo ao chamado do http://www.mamatraca.com.br/ escrevo sobre o parto desse blog.

Escrever é uma urgência , assim como registrar os momentos interessantes da aventura que é conviver com duas crianças. Criei o blog para compartilhar com família, amigos e pessoas interessadas  as coisas engraçadas, inesperadas e surpreendentes do cotidiano. O mais importante é deixar para os meus filhos um registro sobre a nossa vida, sobre esse período tão precioso, a infância deles.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Internacional

Pausa para mandar um abraço virtual para meus tímidos e persistentes leitores do Alasca, Rússia e Índia. Que curiosidade para saber quem vocês são!!!...

Super-heroína

Coloquei as crianças nas cadeirinhas do carro, a chave na ignição e dei a volta por fora do carro para dar um oi para  minha mãe. O alarme armou e meus bebês ficaram trancados no carro, de cinto de segurança sob o sol da hora do almoço. À beira do surto e antes de ligar para o bombeiro,  defesa civil, polícia, conselho tutelar pedi para Bebel tirar o cinto e abrir a porta pelo lado de dentro. Sem esquentar, ela e seu braço quebrado fizeram isso direitinho. Problema resolvido, abracei Bebel e falei que ela era uma super-heroína, que modesta, perguntou:
-"Uai? Por que?"

Tudo novo de novo.

Primeiro dia de aula das crianças na escola nova, primeiros dias da babá, primeiros dias de trabalho no ano. Coração apertado. Mesmo sabendo que meus filhos são ótimos, que a escola é ótima, que a babá é ótima, que costuma dar certo, fiquei com os olhos cheios d´água de um sentimento oceânico que vinha das profundas. São meus filhos crescendo. Sou eu, seguindo a minha vocação e tendo sorte na vida. Sou eu sendo eu mesma. Então, o que fazer para parar esse "sei lá o que" abafado?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Casa Arrumada- Mês 1


A ex-ajudante saiu no início de dezembro e desde então resolvi aprender a deixar a casa arrumada sem empregada ou diarista. Vá lá, acabei contratando uma diarista em duas ocasiões, mas ela era do tipo "não lavo, não passo, não cozinho". Pelo menos, fez o  trabalho mais pesado.

Quando é a gente mesmo que arruma, fica mais exigente com filho: "Jogaram pipoca na sala toda? Arruma!", "Espalhou brinquedo e roupa? Guarda!". Eles tem se mostrado sensíveis à causa e parecem até se orgulhar disso. Vão aprendendo sobre a gestão da casa: lixo, pia, armário, máquina de lavar, onde moram os sapatos.  Tem piti volta e meia e  xixi ino chão por parte de certo menino, mas via de regra a coisa tem se resolvido bem. Tentei educar-nos a arrumar a própria bagunça.

A verdade é que fazer o trabalho doméstico sozinha ou em equipe é chato, toma tempo precioso, piora a qualidade de vida. Nada melhor do que sair e na volta, encontrar tudo limpinho, comida pronta por mãos amorosas de pessoa discreta e silenciosa.. A pior parte é a sensação de que estou me privando da convivência com meus filhos para manter a pia e a roupa limpas. Felizmente, a experiência de prescindir de ajuda profissional termina essa semana com a chegada de Conceição em nossas vidas. O resumo é que  nós três aprendemos muito nos últimos meses.

O trabalho doméstico é difícil por mim e 2 crianças mas exerci de maneira quase disciplinada a meta: de hoje a bagunça não passa. A gente vai prestando atenção nos insumos e  resíduos do estilo de vida.  Ir arrumando aos poucos durante o dia, dá uma sensação boa de responsabilidade e  pode até virar um hábito. É bom acordar  numa casa arrumada. Mas que cansa, cansa. Domingo, nove e meia da noite, eu estava fazendo faxina. Mas mente e o corpo podem se separar durante o serviço braçal. Música e telefone ajudam.

Se a mãe trabalha fora, tem que ter uma babá (profissional ou voluntária). Se quiser a liberdade de ir e vir, tem que ter outra pessoa responsável disponível 24 horas por dia. O problema da babá profissional para o 1° semestre de 2012 foi resolvido. Agora começa a próxima aventura: treinar uma pessoa para cuidar dos meus filhos na minha ausência.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Um domingo qualquer

Bebel voltou hoje cedinho de uma temporada na casa da avó. O domingo amanheceu com sol, dia bom para passear. Fomos de ônibus para o Parque Municipal. Por que ônibus? Sei lá. Eu gosto e ainda ensino uma habilidade útil. Assistimos  a um teatro de rua  e subimos uma rua, procurando um restaurante.

A sensação de andar de mão dada com um filho de cada lado é uma delícia. Duro é que várias vezes João e seus 20 quilos entram na frente e choram pedindo colo A estratégia e entretê-lo com o caminho e dali a pouco passa. Bebel pedia: "carrega ele, mamãe". Ensinei para ela que estou ensinando para ele uma coisa que ela sabe hoje, mas que não sabia na idade do João. Que cada um tem que andar sozinho. Eu só carrego quando a criança está muito muito cansada, afinal os dois já são grandinhos. Ela percebeu a estratégia e é engraçado a cara dela olhando pro João dando piti e pensando:"Seu bobo."

Na hora mais infernal,  João começou um berreiro daqueles de agachar no chão. A cena era Bebel me puxando rua acima e João, fazendo xixi na roupa sob sol de uma e meia na Feira. Quase desisti e voltei para casa emburrada. Entrei num ônibus e subimos para a Praça . Ônibus apazigua os ânimos. Almoçamos e passamos a tarde na piscina, sob sol, chuva e saco plástico no gesso da Bebel. Bom, bom mesmo. Sem horário, sem carro, soltinhos soltinhos. Dali fomos para o Jazz Festival na Praça, procurar algodão doce cor de rosa para Bebel. Uma voltinha depois e começou a chover. Pegamos e taxi e a trajetória pedestre ficou mais cara do que o previsto. O resumo é que vivemos uma aventura.

Eles dormiram cedo deixando uma bagunça daquelas para eu arrumar. Último dia de férias. Pena que passa rápido.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os opostos que se completam

Quando Bebel tinha pouco mais de 3 anos, mostrei pra ela um toboágua e chamei: "Vamos?".Ela não falou que sim, mas eu fui fazendo a propaganda enquanto subíamos as escadas: " É superdivertido, tem água, a gente desce juntas e bem devargazinho". Ela não empolgou, muito menos na hora que começamos a descer. Vim com ela no colo, freando com mãos e pés de alto a baixo, avisei da piscina e caí segurando para que ela não molhasse o cabelo. Mesmo assim ela odiou cada segundo da nossa primeira e última descida de toboágua. 

Ontem, João e eu fomos no clube e pudemos ir no toboágua. Mostrei para ele, expliquei do que se tratava e chamei para ir. Ele não teve dilema. Segurou meu dedo e me puxou escada acima, tentando furar fila no meio das pernas. Chamei sua atenção, que entendeu, como todo mundo. Antes da descida, perguntei: "Está pronto?". Ele sorriu. Nasceu pronto. 

Fomos umas 20 vezes, eu com a desculpa de acompanhar um menino de 2 anos. Uma hora cansei e tentei que ele fosse sozinho com uma  menina de 10 anos chamada Carol que se prontificou a acompanha-lo. Ele não quis e deu um piti. Eu até poderia até ter insistido, mas depois pensei comigo e ri. Serão só uns poucos anos em que ele vai preferir a minha companhia a de outras pessoas.  

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Verdade ou pegadinha?

Bebel descobriu que eu não sei tudo, mas quase tudo. E rebate as minhas respostas:
- É verdade ou pegadinha?
-Adivinha.
Como eu sei responder a maioria das perguntas, explico que quando eu falo que é, é porque é mesmo. Quando não é, provoco:
-Será  verdade ou pegadinha?
E ela tenta descobrir. Trabalho para a vida toda. Eu até hoje não sei direito.