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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Poder do Magneto

Para quem esteve ocupado com outras coisas, Magneto é um personagem do X-Men que tem poderes magnéticos e manipula coisas de metal com as mãos. Ouvi o termo aplicado a crianças em um stand-up comedy e resolvi testar.

Bebel estava doentinha no sofá e o DVD acabou. Chamei João:
- Faz o favor de colocar um filme para sua irmã?
- Não quero.
E foi andando embora:
- João. (Brava) Não estou pedindo.(Média)

E com o dedo apontei da barriga dele até a frente do DVD. Funcionou. E ele ganhou um beijinho e um abraço de recompensa. Vou testar agora com crianças maiores.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A banalidade da co-dependência

Na saída da escola, um homem buscava seu filho, um marmanjão de uns 15 anos, pêlo na cara e calças curtas. O filho entregou sua mochila para o pai carregar com a naturalidade de um movimento que acontece desde quando o filho tinha uns 2 anos de idade. A cena me chocou em sua banalidade.

Às vezes, saio da escola dos meus filhos responsável por 3 crianças, 3 mochilas, 2 pastas e um cachorro. É tentador carregar tudo para agilizar o processo. Depois dessa cena resolvi fazer valer o certo: cada um carrega suas próprias coisas.Eles estranharam, é claro. Mas entenderam direitinho, mais rápido do que eu imaginei. Ficou a dica: Adultos, não façamos pelas crianças o que elas conseguem fazer sozinhas!!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Poder, política e pensamento operatório


Estou dando aula sobre poder e política. Conversamos sobre o que uma pessoa quer dizer quando diz: “Eu odeio política”. Definimos políticas de Estado, o que são comportamentos políticos, o que são políticos em cargos eletivos e concursados, o que é politicagem. Definimos poder e formas de exercê-lo, autoridade, autoritarismo e características de um bom líder.

Fato é que tive que mudar meu estilo de liderança materna ao longo do tempo. Aqui em casa, tem que fazer e pronto. Administro bem as frustrações que isso inevitavelmente provoca nos liderados. Firme e justa. Observei que com Bebel, as coisas começaram a mudar a uns 2 anos atrás: “Vai fazer e pronto” teve que ser substituído por “Vai fazer porque”. Com o João, a obediência à autoridade tem alguma coisa de cega, ou seja, ele obedece só porque sou eu que estou mandando. Com Bebel não, um bom argumento vale mais do que mil ameaças ou recompensas.

Uma professora me ensinou que Bebel já está na  “Idade da Razão”. Logo, a base do meu poder para com ela é de referência. Minha filha  só obedece se estiver informada sobre objetivo final e etapas do processo. Aí colabora que é uma beleza.    


(*) Sabe o que é pensamento operatório abstrato? É o último estágio do desenvolvimento cognitivo humano de acordo com a Teoria de Piaget. Será que você está nesse estágio? http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Abracadabra

- Como é que o portão sabe que a gente vai passar e abre?
- Porque eu uso a palavra mágica, uai.
Expliquei que usava no meu pensamento, mas que dali pra frente, sempre que eu falasse abracadabra o portão da garagem ia abrir. Ela percebeu a relação entre o chaveiro e a abertura do portão mas não falou nada. Um dia, no carro com João e um colega, ela piscou para mim e pediu:
- Mamãe, posso abrir o portão com a palavra mágica?
- Pode.
-Abradacabra.
E o portão abriu para os 2 meninos admirados.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Aula

A aula era sobre transtornos mentais, sua classificação e tratamentos. Levanta uma menina lá no fundo:
-Professora, isso vai cair na prova?
Ai que preguiça:
-Vai.
-E se eu não concordar com nada disso?
Me pegou de surpresa:
- Não concordar com o que ?
-Com tudo. Eu acho que tudo isso aí está errado.
-O que especificamente?
- Essas coisas de esquizofrenia, depressão, transtornos de ansiedade.
Pelo menos ela aprendeu os conceitos.
- Qual é o diagnóstico para os sintomas dessas doenças para você?
-Que é tudo encosto, macumba, mau-olhado, essas coisas.
-E o tratamento?
-Orar e sessão de descarrego.
Ai ai ai.

Tem três tipo de conhecimento: científico, religioso e filosófico. São jeitos de ver o mundo e dar sentido a ele. O conhecimento científico surgiu da curiosidade natural dos seres humanos para inventar ferramentas e explicações testáveis sobre o porque das coisas. O conhecimento filosófico reflete sobre os sentidos  últimos através do uso da razão. O conhecimento religioso crê na transcedência e em dogmas de determinado conjunto de crenças.

O método científico trouxe avanços no diagnóstico e tratamento de doenças mentais. Porém, há mais entre o céu e a terra do que supõe a vã filosofia. Muito é mistério. A fé e a família quando são boas ajudam  nos bons e maus momentos e trazem esperança e felicidade. Agora, prezada aluna, um bom diagnóstico e um tratamento adequado são muito mais eficientes para um doente mental que um descarrego. Depois de um bom acompanhamento de profissionais de saúde, um banho de descarrego para quem crê pode ajudar bastante.  Pense nisso.