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sábado, 29 de junho de 2013

Contra o matriarcado!

Depois que Bebel tirou muita onda de ter um irmão que só fala sim, virei pros dois e falei:
-Sabe uma coisa que voce tem que aprender, João? A falar não pra Bebel.
Ela deu um sorriso de Mona Lisa e ele foi dormir com essa.
No dia seguinte começou. Não só Bebel ouviu não o dia inteiro, como eu também. Coisas que nunca haviam dado problema, viraram cavalos de batalha. Como a ideia foi minha, flexibilizei para algumas coisas. Agora é ver até quantos anos ele vai almoçar de cueca e meia.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Peixinho dourado

João apareceu com um peixe de papel, preso numa linha:
- Ó aqui, mamãe.
-Que lindo! Como ele chama?
- Felipe Tampas.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

As manifestações

Mantenho as crianças informadas sobre as manifestações que estão acontecendo. Que um grupo de jovens reclamou do preço da passagem e foi para as ruas, que mais e mais pessoas foram juntando até virar milhares e milhares. Cada pessoa vai na rua com uma plaquinha pedir, reclamar, exigir, querendo mudar alguma coisa. A Polícia Militar é instituição respeitada na família. Em algumas histórias para dormir, policiais costumam ser heróis. Contei que, existem policiais malvados que machucam as pessoas e que pessoas malvadas que vão para a rua para roubar, quebrar, brigar. Aí dá briga, confusão, machucados, quebradeira. Não entrei na questão do governo, política e alienação ainda.

Bebel perguntou:
- E a sua plaquinha, mamãe?
Mesmo tendo dado aula sobre o tema a semana inteira, tive que parar para pensar:
- Educação gratuita de qualidade. Porque a sua educação é de qualidade mas não é gratuita e a educação de algumas crianças é gratuita mas não é de qualidade. Cada um, estudante, família, professores  e muitas e muitas pessoas do governo tem que fazer um pouco para ter isso.

Voltando para casa depois de um dia de trabalho, o finalmente da manifestação de quinta me pegou na Praça da Estação às 23:15. Um grupo de 15 meninos de 17 a 30 anos sentou na rua impedindo o trânsito. A pauta: "Eu pago R$3,20 se liberar o 4:20". Os "prejudicados" éramos eu, 2 ônibus, um taxi, um carrão com um gordo que diminuiu no volante e motos. Mais e mais carros e ônibus paravam atrás de nós. Esperar a polícia? Esperar os manifestantes cansarem? Desci do carro com 15 cm de salto e falei no mesmo tom de voz que uso com meus filhos:
- Meninos. Sou professora e estou voltando do serviço, cansada e quero chegar em casa logo. Vocês dão licença?
Corri o risco de uma pirraça coletiva, mas não foi isso que aconteceu. Pacificamente, eles levantaram e foram embora. Um ou outro até falou: "Desculpa aí, tia". Esse foi o meu primeiro contato in loco com as manifestações. Como todos, estou surpresa e impressionada. Perguntando-me como contribuir. Dar aulas e educar pessoas sobre o tema é ,com certeza, um privilégio.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

A mão da mãe

O que o tempo tira em colágeno pode dar em sabedoria ou, pelo menos, em bom humor. João ontem:
- "Mamããe!!!!" disse encantado. "Sua mão parece a do Incrível Hulk!!"

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A não-bailarina mais uma

Cada um conhece a mãe que tem. Bebel, por exemplo:
-Dia tal tem apresentação de balé na minha sala, mas as mães só vão assistir.
Como resistir á piada?
- Ah não, Bebel!! Deixa eu dançar também, eu queria tanto ser uma bailarina...eu uso uma sainha cor de rosa, nem chamo muita atenção.
Ela entre brava e com medo:
- Mãe não! Só as crianças.
Depois flexibilizou, apiedada da minha não-carreira de bailarina:
- Depois em casa eu te ensino.

Outro dia, conversando:
- Mamãe, sabe o que eu tenho mais legal de tudo?
- O que?
-Um irmão que só fala sim.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Fé cega, faca amolada


Existem mecanismos psicológicos para nos proteger das durezas da vida. São funcionais na medida que protegem sem alienar da realidade e minar a energia e assertividade para lidar com as coisas como são e com o que tem que ser feito.

Quando percebi que havia alguma coisa errada com meu filho, fui fazer os exames com a fé cega na cura espontânea, um dos prognósticos possíveis. Com o desenrolar dos acontecimentos, a minha fé cega mudou para um tratamento que resolvesse totalmente o problema. Os exames e remédios caros e  invasivos me fizeram olhar pro Céu, para a Mãe que protege os filhotes desde que o mundo é mundo.

Eu que sempre acreditei que mais do que fatos, há a representação dos fatos, estou sendo testada nessa crença. HÁ UM FATO e representar isso de forma a preservar meu filho da melhor maneira possível exige uma criatividade e força que parecem maiores que eu. A solidariedade veio de muitos  lugares: estreitou os laços com minha mãe, com a babá e até com amigos queridos que tem participado voluntariamente desse processo.À essas pessoas, uma gratidão que é só sentimento porque falar "obrigada" é pouco.

Rezem conosco.






segunda-feira, 3 de junho de 2013

Traumas que mãe provoca

Se dá tudo certo é porque a criança é naturalmente bem dotada. Se dá errado, a culpa é da mãe. E ainda tem os traumas que a mãe dos outros provoca. Um coleguinha do João caiu e quebrou um dente de leite. Veio mostrar, meio tristinho, a janela precoce. Para tentar animá-lo, falei:
- Preocupa não. Esse dente cresce de novo, igual rabo de lagartixa.
Vi o horror estampado na cara do menino. Tentei consertar, distrair, remendar mas acho que ele vai ter pesadelos com isso, coitado. Lição do dia: metáfora não é coisa para criança.