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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A Eterna

- Mamãe, me dá uma ideia para eu desenhar.
- Uai. Me desenha.
- Nããão. Eu quero desenhar uma coisa para lembrar. Você está aqui para sempre.
Amém

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A vida vai...

- Pode deixar que eu pintxo (penteio)  meu próprio cabelo.
Foi assim, na lata , que Bebel encerrou uma Era.Valorizei iniciativa  e passei o troféu "Pente e Condicionador sem enxague" para ela. Que deu uma pontadinha, deu.

Final de tarde em um  lugar agradável. João e eu estávamos recostados tomando um ventinho:
- Mamãe.
-Ãh?
-Tira uma foto?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O bem intencionado

Voltei para meu grupo de estudos pois a bisa pôde ficar com as crianças na tarde de quarta. Antes, fiz mil combinados com as crianças: o que pode, o que não pode fazer, ainda mais com uma pessoa octogenária em casa. 

Antes de sair, dei tchau , e a bisa disse:
- Pode ir tranquila que eu cuido das crianças.

João, lá de dentro de casa, informando sobre as instruções recebidas:

- E a gente cuida da bisa.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A gordura e a mãe


O post Quando sua mãe diz que é gorda me fez pensar sobre o tema. Eu sempre fui grande, desde bebê. E cheinha. Isso não me incomodou até o dia que escutei que: "se eu comesse daquele jeito ia ficar gorda" e subliminarmente "feia". Em algum momento da minha vida, aquilo virou um tema, aliás, O tema. Emagrecer era um mantra.

Sempre gostei de atividade aeróbicas. Se um dia eu fui na academia para "perder massa gorda e ganhar massa magra", nem lembro. Hoje eu vou pela minha sanidade mental. Se ficar mais de uma semana sem ir, coitadas das crianças que tem que me tolerar rabugenta e irritada. Engordar e emagrecer tem mais a ver com quantas calorias entram. E meu prato favorito é o cheio.

Depois que eu dobrei a curva dos 30, que eu virei mãe, foi como se esse lance de gordura fosse ressignificado. Perdeu a importância que tinha na década anterior. Eu me aceitei do jeito que eu sou, com o IMC mais alto do que o considerado esteticamente agradável. Mas, vamos combinar, tem jeito de colocar um biquini de lacinho sem sofrer pelo menos um pouco?

Crime foi o dia em que eu me olhei no espelho e fui cruel comigo, na frente da minha filha. Falei com raiva: "Gorda, eu estou gorda. Gorda e pançuda". Nunca vou esquecer a cara de espanto da Bebel para mim. Talvez para ela, até aquele momento, eu era uma versão caseira da Gisele Bundchen e aquela agressão ao meu corpo foi uma agressão à representação do ideal de feminino para ela. Talvez naquele momento inscrevi na criança de 5 anos que a gordura era uma coisa horrível, deformante.

Todos os dias, falo que eu sou linda, que ela é linda e que, quando crescer, vai ser ainda mais linda do que eu, apesar do alto parâmetro.  Que educação e inteligência fazem parte do pacote. Que a beleza da juventude é encantadora mas datada. Que a beleza de verdade  tem a ver com estado de espírito, com sabedoria. Se ela aprender isso, vai se poupar de muito sofrimento inútil.

domingo, 13 de outubro de 2013

Caranguejo é crustáceo?

As crianças e eu estávamos assistindo Predadores Mortais. Um polvo contra um caranguejo. Fizemos nossas apostas e antes do combate João perguntou olhando no olho:
- Mamãe, caranguejo é crustáceo?
Nesse momento minha credibilidade foi colocada em cheque. Eu tinha a vaga impressão que era crustáceo, mas e se não fosse? Melhor preparar para as próximas perguntas, porque daqui pra frente só vai piorar. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sobre avós e bisavós

Já ouvi várias vezes que ser avó é melhor do que ser mãe e deve ser verdade. Afinal avó é a mãe sem as responsabilidades financeiras, logísticas e legais da lida com filhos. Que ajuda só porque quer. É aquela que fica só com a parte boa, que pode fazer todas as vontades, que pode devolver quando cansa, que é amada o tempo todo porque não precisa ser chata. É a dona da casa que as crianças vão quando não tem obrigações, o paraíso perdido onde pode (quase) tudo. 

Sábado as crianças vão passar uma semana na casa da avó. A expectativa já está criada há meses. Bebel está contando os dias e manda mensagens diárias para ela contando o que está comendo, o que está fazendo, o que quer fazer quando chegar lá. De uns tempos para cá tem anexado imagens, vídeos e áudios nas mensagens para ela, mandando minha conta de celular para a estratosfera. Deixo porque é bonito de ver e bom para todo mundo.

A pediatra das crianças falou uma coisa que me surpreendeu e é verdade.Uma boa relação com as avós além de saudável para toda a família, desperta um "senso de caridade". Bons filhos e netos cuidam dos parentes idosos, mas fazer isso para além de obrigação e culpa, só acontece para quem sente que está só retribuindo uma coisa boa que recebeu. 

Minha avó ajudou a cuidar de mim e dos meus irmãos. Hoje aos 83 anos, mora sozinha e às vezes saimos juntas. Comecei a chamar ela para almoçar aqui em casa e ela vem ficando as tardes que não temos atividades fora. A convivência é tão tranquila que deixei ela com as crianças uma tarde para ir ao supermercado, ela cuidando dos meus filhos, meus filhos cuidando dela. Outro dia, conversou pelo skype  com minha irmã e meu sobrinho que moram no exterior. Não teria gostado tanto se viajasse na Interprise. Em novembro volto para o grupo de estudos que parei de frequentar quando as crianças passaram a estudar de manhã. Ela vai ficar com os bisnetos. Agradeceu tanto que eu nem soube direito como falar que o privilégio é todo meu, da Bebel e do João.





sábado, 5 de outubro de 2013

A lei da mãe

Enquanto João escolhia um tênis na loja de artigos esportivos, Bebel voltou com uma bola de basquete:
- Mamãe, pode brincar com a bola?
- Pode.
Ela pensou um pouquinho:
- Pode para você ou pode para a loja?
Pois é.