Total de visualizações de página

sábado, 23 de dezembro de 2017

João


1
Trabalhei  um tempo em Contagem e culpo os radares de lá.  Fato é que minha CNH teve que ficar 1 mês de castigo no Detran. Deixei ela lá e voltei para casa cabisbaixa. O carro já estava estacionado na garagem, desengatei a primeira para ele descer 3 metros e liberar espaço pra bike. Quando saí do carro, vi João com olho arregalado:
- Mamãe!! Você dirigiu sem carteira!! A polícia já está te procurando?!!

2

Desde sempre, quando entramos no carro, vou avisando para o que entrou primeiro: "rápido, rápido, assim a gente deixa o mais lerdo pra trás e se livra dele. kkkkk."  Para eles não ficarem enrolando no embarque de passageiros.

Um dia, João estava meio bravo e retrucou:
- Não vejo graça nenhuma nessa brincadeira idiota.
- Uai, João. Só tem graça porque não tem perigo nenhum de ninguém ficar pra tras e você e sua irmã tem certeza disso. Não sabe brincar, não desce pro play.

Outro dia, Bebel entrou primeiro e ficamos rindo porque ia sobrar mais sorvete pra gente. João entrou e enquanto colocava o cinto tranquilamente, soltou essa:
- E sabe o que eu ia fazer se vocês fossem embora? Ia ligar pra polícia e falar que é abandono de incapaz.
A cara que eu devo ter feito, fez ele rir:
- Não sabe brincar, não desce pro play. kkkk

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O lado certo da minha avó


Chamei minha vó para a gente fazer ginástica chinesa Lion Gong no Posto de Saúde. Ela fez yoga por 40 anos, adorou o convite e só impôs uma condição: poder parar se ficasse cansada. 

Em uma tarde de semana, reuniram-se no pátio do Posto de Saúde, umas 30 pessoas dentre quem usa e  quem trabalha no local. Durante a aula, a professora pedia um movimento e todos repetiam, de maneira espelhada. Minha avó aprendeu na yoga a diferenciar a direita do professor e a do aluno. Se um ia para um lado, o outro ia para o outro, para fazer exatamente o mesmo exercício. 

Com isso, a professora começou a ficar incomodada da minha avó ir para o lado diferente do resto da turma. Tentou explicar, mas minha avó seguia certa no exercício, só que para o outro lado. Cheguei no ouvido dela e falei: “vovó, acho que a professora que a gente faça o exercício para o mesmo lado que ela”. Minha vó: “eu sei, é todo mundo que está fazendo para o lado errado”. 

sábado, 22 de julho de 2017

CAIXA ALTA

De uns meses para cá, CAIXA ALTA começou a aparecer nas mensagens de whatsapp com a Bebel.

“Eu particularmente NÃO QUERO fazer tal coisa.”
“Vi que vc resolveu tal coisa. COMO ASSIM?


KKK. Gracinha.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Sobre mandar

- Vai escovar dentes, trocar de roupa, tomar banho, sair daí, ir dormir.

Mesmo com crianças razoáveis,  eu tenho que mandar várias vezes por dia. Existem técnicas eficientes de persuasão para as tarefas mais complexas, mas pro básico, mandar encurta o caminho.

Mesmo assim, eles questionam:
- Mas porque eu tenho que ir domir esse horário que é o mesmo que eu durmo todos os dias?
- Porque eu gosto de mandar. Vai  logo.


Um dia, João perguntou:
- Vc gosta mesmo de mandar?
Me pegou de surpresa:
- Claro que não, João! Prefiro que todo mundo faça o que tem que ser feito e pronto.

Depois pensei um pouco:
- Quando a gente fica adulto, fica mais complicado ainda. Ninguém mais manda fazer o que a gente sabe que tem que fazer, e, pior, se não fizer, dá tudo errado e sobra é pra gente mesmo.
-É que, às vezes eu sei mas eu esqueço ou me dá uma preguiça...
Sei bem.

sábado, 1 de julho de 2017

A calça pega-frango


A previsão de saída era de 5 minutos e João apareceu com uma calça pega-frango:
- Vai trocar essa calça, João. Está esquisito.
- Não vou! o tom era categórico
- Voce vai ficar com frio nas canelas..
- Não ligo.
- Se eu pedir para você trocar de calça só porque voce também me ama?
- Não troco, eu quero sair desse jeito. Ponto final.

Se vc me ver passeando com uma miniatura branca do Michael Jackson, lembre-se, eu tentei.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Festa Junina

As festas em junho são antigas. Comemoravam o solstício que indica que mudaram as estações e/ou o valha-me, Deus! 

As Festa juninas tradicionais da minha cultura tem fogueira, bandeirinhas,canjica, caldos, pipoca, quentão. Tudo simples e muito. As brincadeiras são coisas de adulto e de criança e a quadrilha, o evento da noite.

As escolas conseguiram  deixar tudo muito chato. A quadrilha foi transformada em um show para pais. Um espetáculo é gerador de estresse e desprazer antes e durante o evento, com seus ensaios chatos e auditórios cheios. Geralmente, só mais tarde na vida, livre dessa camisa-de-força escolar é que é possível divertir dançando quadrilha.



Educanto promoveu um sábado de Brincadeiras Juninas. As crianças pesquisaram s no google e eu fiz uma pesquisa entre os amigos: "O que tem que ter em uma festa junina?". Houve unanimidade em torno da corrida de ovo, corrida de saco e correio elegante. Bingo, pescaria e quadrilha ranckearam.



As crianças brincaram de corrida de saco e de ovo. Quem nunca?






As meninas enfeitaram a entrada com as bandeirinhas. Uma musa deve ter passado por lá porque quando eu vi elas estavam brincando e cantanto Trevo de AnavitóriaTrem Bala de Ana Vilela




As crianças, deixadas em seu estado natural (e proibidas de ter acesso ao celular) inventaram as próprias brincadeiras.




Nem tudo foram flores. Escondidinhos, um grupo de criança pegou em celular e mudaram de dimensão. Tive de proibir, e, obviamente, fui olhada como a rainha das vilãs e escutei reclamações. E daí? Dali a pouco, passou por mim uma criança, a que mais reclamou, correndo para jogar cabra-cega. Pisquei pra ela: "celular é bom, mas brincar no quintal é bom também, né?". Ela concordou. A gente sabe. ;-)

O resumo é que crianças e adultos divertiram, a quadrilha saiu, o encontro durou  até tarde e deu coragem para fazer uma festa inesquecível no Dia de São João.









sexta-feira, 14 de abril de 2017

Maritaca de família




A maritaca pousou estropiada em um fio no quintal. Devia estar voltando de uma briga feia. Silea viu, foi lá, esticou o dedo e a maritaca subiu. Bati a foto uns minutos depois, quando a maritaca comia banana no ombro dela. Já devia estar acostumada com pessoas. Avisamos a vizinhança. Meu primo da diretoria da rádio peão do bairro não ficou sabendo de passarinho fugido.



Foi assim que a maritaca entrou para a família. ELA porque é A maritaca. Eu chamo de louro quando estamos conversando uma com a outra, mas é apelido. A maritaca ganhou poleiro, água e comida e várias pessoas para conversar.


O dilema “Cortar ou não cortar as asas? ” respondeu-se com: “Eu gostaria de ter as minhas asas cortadas?”. Quando melhorou da briga, a maritaca voou para outras árvores. E voltou, por que com certeza é um bicho inteligente e provavelmente sensível. A maritaca passa o dia e a noite fora mas visitar várias vezes por dia, nem sempre na hora da comida. Do seu poleiro, manda recados para seu bando de maritacas. Das árvores manda recados também para o seu bando de pessoas, para não deixar a minha avó preocupada. Uma variação do amor.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Rir é o melhor remédio


Os chatos rabugentos que me perdoem, mas senso de humor é fundamental.

A relação de mãe e filhos é cheia de interdependências e negociações recorrentes. Sem capacidade de rir disso, a vida fica mais tensa.

A minha resposta para o "por que eu tenho que dormir agora?", "por que eu tenho que sair do tablet agora?" é "porque eu sou muito má", "porque adoro ver criancinhas sofrendo". Eles já sabem que para cada pergunta chata, uma resposta irritante. E a gente dá risada:
- Já estamos indo, já estamos indo. Já sabemos que seu sobrenome é maldade.  

Outro dia, Bebel estava combinando com a avó uma visita na casa dela, mas esqueceu de consultar a minha disponibilidade para fazer o frete. Quando chamei a atenção dela, tive que ouvir:
- Cocheiro, pode me levar na casa da vovó amanhã tal horário? 

Hoje eu estava na horta e pedi as crianças que lavassem o guarda sol. Eles cumpriram a tarefa mas depois começaram a conspirar. Não dei bola porque estava muito ocupada. Dali a pouco, foi deflagrada uma greve geral, com cartazes pela casa toda contra o trabalho, a necessidade de arrumar a própria bagunça e coisa e tal. Ainda bem que na volta da escola, eles já tinham esquecido o assunto pois, caso contrário, teria que usar de forças repressivas para lidar com os grevistas. 😏

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Moral da História


O dever de casa do meu filho era ler e recontar um conto de fadas. Ele escolheu João e Maria, leu e contou para a gente:

- E qual a moral da história, João?

- Se vc ver uma casa de chocolate, cuidado! Pode ter uma bruxa canibal dentro.

Missão concluída.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Brincar de Coco

Brincar é fazer alguma coisa por prazer. Crianças brincam espontaneamente. Se deu tudo certo, dá para continuar brincando depois da infância. Mesmo quando,além de brincar, a gente tem que fazer outras coisas úteis para a sobrevivência.

O Bloco do Coco da Gente fez ensaios durante todo o Pré-Carnaval. Tem quem  toca e tem quem dança. "Quando a gente tá contente, nem pensa que está contente". O que eles fazem é uma brincadeira com energia muito boa.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Hoje tem festa!



Conheci uma menina de 4 anos que é toda cor cor de rosa. Ela me contou:
- Dei uma festa do pijama com meu travesseiro e meu cobertorzinho.
- É mesmo? E quando foi isso?
- Hoje, sozinha, no carro, enquanto vinha para cá.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O de perto de cada um

Conheci um menino que tinha fama de destrutivo. Observei que ele destruia tudo mesmo. Se era a primeira flor do canteiro que estava quase florindo, ele arrancava. Se era brinquedo novo, dali a pouco ele estava em mil pedaços na mão do menino. Abria buracos no meio do caminho, tirava tudo o que tinha nas caixas, arrancava plantas da horta... Enfim, dava trabalho.

Observei também que ele não era destrutivo por raiva ou tristeza. Ele simplesmente era.  Um dia, arrancou o maior girassol do canteiro e ficou concentrado arrancando pétala por pétala e depois destroçando o miolo. Perguntei o que ele estava fazendo:

- Estou vendo o que tem dentro.