Sou usuária de Restaurante Popular. Fui com as
crianças por necessidade e por vontade. Quem não foi, vá. Para experimentar uma política pública de segurança alimentar que dá certo. Para comer
com trabalhadores e estudantes uniformizados, com famílias, idosos, com os ambulantes
e a população de rua. A refeição sai a R$3.
Comecei a trabalhar lá antes da pandemia e não parou pois são serviços essenciais. Com a Covid-19 muita coisa mudou. Esses casos são de quando as pessoas almoçavam no salão, antes das medidas de isolamento social
Ele tinha a aparência de mendigo de longa data. Ria sozinho a cada
colherada que punha na boca.
O casal era da quarta idade. A primeira vez que
vi, tomei um susto. Eles dividiam uma bandeja. Avisei a supervisora: “É caso da assistência social?”. Ela riu: “Olha lá”. O casal separou a
comida de cada um nas cubas em 2 porções almoçaram num papo antigo. Um dia eles pediram
duas bandejas e toda a equipe ficou atenta. Os dois almoçaram calados,
emburrados um com o outro.
Os jovens chegam com o seus parangolés: sacos de doces,
pipocas, salgadinhos para vender. O assunto na fila: “tal produto tem
mais saída que tal”, “linha do ônibus tal é melhor que a outra”, “ o melhor horário
para cada produto”. Gente de negócio.