Sou educadora por vocação e profissão.
Abre parênteses. Outro dia, o mecânico, querendo puxar
conversar perguntou em que eu trabalhava. Disse que era professora e ele emendou:
“professora de verdade ou de criança?”. Senti raiva e pena de nós brasileiros
que, como coletividade, não damos o
devido valor para as pessoas que trabalham na educação infantil. 57% das crianças brasileiras de até 5 anos não estão na escola na época em que
os cérebros e as curiosidades estão no máximo do seu potencial para transformar
em habilidades todas as aptidões natas. Fecha parênteses.
O semestre letivo na faculdade onde trabalho começou com as
expectativas de sempre. Dou aula para o primeiro período de cursos que recebem
a nova classe média, pessoas motivadas, batalhadoras e que estão mudando a cara
do país. Chegam as meninas com seus longos cabelos lisos, arrumadíssimas mesmo depois
do expediente, assim como os rapazes com penteados que o João chama de tubarãozinho. Chegam
os adultos, homens e mulheres retornando ás salas de aula depois de muitos anos
de mercado de trabalho, abrindo mão da convivência com as famílias para dar
exemplo para seus filhos.
Para mim, não tem nada melhor. Preparar as aulas, atualizar
conhecimento, trocar experiências, aprender coisas como kanban, wms, logística
reversa e outras coisas que não estão nos livros de psicologia. Damásio falou que se dedicamos 2/3 de nossas vidas a fazer o
que nos dá prazer, não somos escravos. Pois é. Meu trabalho me liberta.