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O post Quando sua mãe diz que é gorda me fez pensar sobre o tema. Eu sempre fui grande, desde bebê. E cheinha. Isso não me incomodou até o dia que escutei que: "se eu comesse daquele jeito ia ficar gorda" e subliminarmente "feia". Em algum momento da minha vida, aquilo virou um tema, aliás, O tema. Emagrecer era um mantra.
Sempre gostei de atividade aeróbicas. Se um dia eu fui na academia para "perder massa gorda e ganhar massa magra", nem lembro. Hoje eu vou pela minha sanidade mental. Se ficar mais de uma semana sem ir, coitadas das crianças que tem que me tolerar rabugenta e irritada. Engordar e emagrecer tem mais a ver com quantas calorias entram. E meu prato favorito é o cheio.
Depois que eu dobrei a curva dos 30, que eu virei mãe, foi como se esse lance de gordura fosse ressignificado. Perdeu a importância que tinha na década anterior. Eu me aceitei do jeito que eu sou, com o IMC mais alto do que o considerado esteticamente agradável. Mas, vamos combinar, tem jeito de colocar um biquini de lacinho sem sofrer pelo menos um pouco?
Crime foi o dia em que eu me olhei no espelho e fui cruel comigo, na frente da minha filha. Falei com raiva: "Gorda, eu estou gorda. Gorda e pançuda". Nunca vou esquecer a cara de espanto da Bebel para mim. Talvez para ela, até aquele momento, eu era uma versão caseira da Gisele Bundchen e aquela agressão ao meu corpo foi uma agressão à representação do ideal de feminino para ela. Talvez naquele momento inscrevi na criança de 5 anos que a gordura era uma coisa horrível, deformante.
Todos os dias, falo que eu sou linda, que ela é linda e que, quando crescer, vai ser ainda mais linda do que eu, apesar do alto parâmetro. Que educação e inteligência fazem parte do pacote. Que a beleza da juventude é encantadora mas datada. Que a beleza de verdade tem a ver com estado de espírito, com sabedoria. Se ela aprender isso, vai se poupar de muito sofrimento inútil.