![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqtymjIAg83KtemcgGGFokx-Ro_apZscc_51u2b7Se-BfcQsHuSmI88iXuety9Hmbj1oCvfbpnxk8woEU4qeX8gSBWsvk4hlLYgjc1dwLf3zc49dQjkSjSnYabgiKwiFPUKBaGvY_4Akfd/s1600/megafone.png)
Era um sábado de sol e estava prestes a começar um teatro infantil no
parque municipal. As
cadeiras ainda estavam vazias e a hora de começar a peça estava chegando. Foi
quando eu vi a Bolha. Os dentro da bolha era o grupo a que eu pertencia, pessoas que foram no parque assistir a peça e os organizadores do evento.
Ocupávamos as cadeiras, tranquilos, brancos e sorridentes. Os fora da bolha eram as famílias
que foram no parque passear e deram com o evento. Escutavam o
convite, iam lá para ver mas passavam direto orientando as crianças para não
irem, que devia pagar, que ali não era o lugar deles.
Várias famílias pobres,
pretas e pardas passaram e não entraram, mesmo as cadeiras estando vazias, mesmo
as crianças pedindo, mesmo convidadas pela caixa de som. Repelidas pela Bolha, antiga e invisível.
Mas o mendigo não. Maltrapilho, nenhum dente na boca, cheiro peculiar, a cara
era mistura de cachaça, transtorno mental e criança que vai no circo. Bateu
palma, riu, recebeu bandeirinha e torceu para a Chuva, um dos pretendente da
princesa, por quem ela era apaixonada.