Minha mãe, em toda a sua sabedoria, brincava comigo e com minha irmã de Boca de Forno. Quando a situação ameaçava sair do controle, ela falava: “Boca de forno!”.
Minha irmã e eu, exultávamos: “Forno!”
- “Farão tudo o que mandar?”
- “faremos todos!”
- “E se não fizer?”
- “Ganharemos bolo!” (eu sabia, na época, que bolo é um tapa na mão. Achava engraçado bolo tapa ser igual a bolo comida e tinha certeza que não ia apanhar, mas a ameaça fazia parte da brincadeira. Isso acontecia no século passado, antes dos exageros politicamente corretos de educação de crianças)
- “Então, vai ali, vai ali, e dá 2 voltas correndo no quintal”, “50 pulos de um pé só”, “20 voltas em torno da mesa”
E lá íamos nós, fazer o que ela mandava, na felicidade típica de criança que brinca com a mãe. Ela podia ficar tranquilamente lendo ou fazendo coisas que os adultos fazem enquanto nós gastávamos a energia aparentemente inesgotável de criança.
Hoje, brinco de Boca de Forno com meus filhos, com os mesmos efeitos . Eles adoram. Bebel encabeça a brincadeira e João, rabicho, vai atrás. E eu posso, às vezes, até sentar um pouco.