Total de visualizações de página

terça-feira, 15 de março de 2016

Valha-me, Paulo Freire!


Vários  motivos me levaram a dar aulas na educação básica. Um deles foi a provocação da Bebel:
- Dar aulas para adultos é fácil. Quero ver dar aulas para criança.

Esse mês, comecei a dar aulas de língua portuguesa para o 6°ano no ensino público. Eu já tinha ouvido falar,  pois quase todas as minhas amigas são professoras.  Senti compaixão e condescendência no sorriso delas quando contei.

Fui designada para dar aulas de Língua Portuguesa. Para a primeira aula consegui ter acesso ao livro texto, mas não à lista de chamada. Eu havia preparado uma leitura oral da música Auto-Reverse do Rappa. Para a gente ir se conhecendo. Quem sabe rolava um debate qualificado depois?

Quando cheguei, 35 crianças de 11 anos amontoavam-se na sala. Cadeiras em desordem, papel no chão, meninos e meninas brincando, conversando, brigando, gritando, atirando coisas uns nos outros. Uns 5 ou 10 sentados, com olhares tristes de doer. Uma menina no cio e seu séquito de meninos  de outras turmas que chutavam a porta e dançavam na janela, pendurados nas vigas da escola. Vários meninos jogando objetos uns nos outros, passando por cima das cadeiras para engalfinharem-se , algumas vezes brincando. As meninas gritando umas com as outras e comigo: "Fessôra, fessôra, elx me xingou, bateu, jogou, pegou..., Fêssora, fêssora".

As diretrizes da coordenadora foram: "não deixe eles saírem de sala. Se a coisa ficar muito difícil, pode mandar os mais desordeiros para a minha sala"

O que fazer? Eis a questão.

Cenas do próximo capítulo.