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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Meia verdade

Espantada por descobrir que o Hospital era perto do Shopping, Bebel perguntou:
- Você sabe todos os caminhos?
Sem modéstia nenhuma, respondi:
- Todos, Bebel.
- Nossa! Você sabe todas as coisas?
Poxa, como é que fala que não?
- Todas, Bebel. Tim tim por tim tim.
Deixa o tempo ensinar a verdade.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bebel em cenas

Bebel e eu trocamos muitos abraços e beijos. Ela que me ensinou. Combinamos de dar 100 abraços todo dia. De vez em quando, eu pego ela de jeito, abraço e falo: “Vamos combinar de ficar abraçada até vc virar adulta? Aí a gente vai na sua sala assistir sua aula abraçadinhas, vc vai no meu trabalho, na escola de mamães (academia) sempre abraçadas. Que tal?”. Ela ri, fala um" não, não" muito bonitinho, ganha e retribui abraços e até então era isso. Hoje, virou pra mim, séria: “Vc  esta brincando, não é?” Custa nada perguntar.
                                                                     2.

Um dia, por problemas logísticos, Bebel teve que ir para o trabalho comigo. Falei que era longe e que a gente ia enfrentar um trânsito complicado. No meio da Via Expressa, eu estava naquele primeira-segunda  e ela: "Mamãe, todos são os seus alunos indo para a escola?"

                                                                 


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Responsável pelo domicílio

No carro, cheio de testemunhas, Bebel perguntou:

- Mamãe, porque você manda na casa?

Algumas vezes, cansada de ter que argumentar infinitas vezes sobre porque usar casaco, guardar brinquedos, tomar banho e etc "posso" ter soltado a pérola: "vai fazer porque eu estou mandando e pronto." 
Tive que pensar e contei a seguinte história:

"Era uma vez, um instituto chamado "Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística", também conhecido como o IBGE. Um dia, ele resolveu contar quantos brasileiros tinham.  Aí, o IBGE mandou umas pessoas chamadas recenseadores irem em todas as casas contando quantas pessoas tinham em cada uma. Para o IBGE, o nome da casa é domicílio. Por exemplo, a nossa casa é um domicílio. A casa da Gabi (amiga para sempre da Bebel) é outro domicílio, a casa da vovó outra, e assim todas as casas. Os recenseadores chegam nas casas, batem na porta e perguntam: "quem é o responsável pelo domicílio?". Quem responde; "Eu", toma as decisões, trabalha, paga as contas, compra comida, cuida das crianças, leva na escola, pra passear. Na nossa casa, eu sou a responsável pelo domicílio."

- Mas eu mando nos meus brinquedos, não é?
Manda sim.


Ocupada

- Bebel, vamos combinar de você vir na minha casa.
- Eu vou olhar no meu calendário primeiro.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Àrvore

João sempre foi bom de prato. Quando está inapetente, nem mando pra escola, porque a coisa ´e grave. Hoje ele apontou pro brocolis, pedindo um pouco:
- "me dá a-vore."

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Birra, pirraça, piti

Nem todo mundo sabe o horror que é um filho fazendo pirraça, birra, escândalo. Em qualquer lugar é péssimo,. mas com testemunhas é pior. Os sem-filhos olham com cara de "quem é o irresponsável por essa criança?". Ignorar nessas horas, a única política eficiente, é dureza. Quando estou zen,  exceto se o pirracento está de cara pro chão, fico por perto com cara de tudo-está-normal, esperando o suplício passar. Se não dá e a coisa está espetaculosa demais,carrego e vou embora, com  raiva, o(a) outro(a) filho(a) desconsolado(a) debaixo do braço. Tem dia que é tranquilo  e somos uma panelinha feliz o tempo quase todo. Tem dia que eles querem desafiar por tudo  e, juro, tenho vontade de passar a chave e voltar quando eles fizerem 18 anos.

Pirraça é democrática. Toda criança dá. É um forma primitiva de auto-afirmação no mundo. Se punida em excesso, faz pessoas passivas, amedrontadas e pouco criativas. Se todos os desejos são acatados, criam-se pequeno monstro mandões e sem limites. É interessante como cada um reage de um jeito conforme o jeito, a inteligência, a sensibilidade. Depois que o  médico e descartou a possibilidade de dores excruciantes, o diagnóstico foi dado:  "É birra.Dê limites."

Gritaria de criança ressoa no coração, mas é o cérebro que parece que vai explodir. Já disseram que eu sou paciente demais. Não sei bem se é um elogio, mas fato é que lido com uma média de 15 Nãos por dia: Não vou tomar banho, sair, colocar essa roupa,  dormir, sair/entrar no carro, parar de correr de um lado para outro, ir embora, voltar. Na idade da Bebel, fica ainda mais elaborado, cheio de chantagens emocionais e gritos de alarmar vizinho. Aprendi que, seu eu acreditar que, sim , eles vão fazer o que tem que ser feito e fazer valer a coisa toda, funciona. Sempre. Ignorar é a opção quando o motivo não é importante. Eles cansam e param. No cotidiano é super trabalhoso. Significa cuidar, alimentar, limpar, divertir, ensinar, transportar crianças que algumas vezes se opõem a isso. Haja paciência, criatividade e força física...

Eu sou feliz porque Bebel e João nunca, nunca mesmo empitizaram ao mesmo tempo. Pelo contrário, quando um(a) está berrando escandalosamente, o(a) outro(a) fica invisível em um canto, aparentemente alheio(a). Na colaboração para essa fraternidade, eu tenho certeza que fiz certo.

Pessoinha

Bebel dava um pitizaço na Feira de Alimentação porque o sapato da Barbie sumira. Contei a história de uma princesa que morava no castelo (Colégio Arnaldo), brincava na feira e costumava perder seus brinquedos. Ela tinha um cachorro chamado Brinquedo Perdido que achava todos, com o seu faro poderoso. Ela acalmou mas continuou emburrada. Na volta, por uma sincronicidade qualquer, o sapato estava no chão em frente à porta do carro. Falei:
-Viu? Brinquedo Perdido não te achou e deixou aqui para você.
Ela fez uma carinha enfarada:
- Mamãe, Brinquedo perdido não existe, o sapato caiu aí quando eu saí do carro.
Ri e falei:
- É, mas aí não tem graça nenhuma.
- Então por que você tá rindo?
Porque é bonitinho ver uma pessoa crescendo, Bebel.

sábado, 5 de novembro de 2011

Macaquinhos de imitação

Fomos no Hot Zone, versão moderna dos fliperamas, programa para famílias, adolescentes e adultos. Brinquedos eletrônicos interessantes (e caros) para todas as idades. Jogos de corrida de carro, pilotagem de avião, moto, de atirar bola, jatos de água, de viver experiências virtuais ricas e interativas.Eu não gastei nem um tostão com a brincadeira, mas nos divertimos bem de graça. Até agora.

Bebel finalmente percebeu que mesmo sendo bonito, legal, tendo volante, marcha e luzes, faltava alguma coisa. Séria, não falou nada, mas tenho certeza que saiu pensativa. João não. Dirigiu carro compenetrado, passando a marcha de vez em quando, como vê do banco de trás.

sábado, 22 de outubro de 2011

Coração partido

Bebel quebrou o braço. Estava pulando na cama, na minha frente, caiu em cima do braço e fraturou os ossinhos do cotovelo. Teve que colocar pinos e vai ficar um mês de gesso. O que deve ter doído... Passa na minha cabeça milhares de vezes o que aconteceu, a hora que ela caiu, o que eu fiz, ela chorando. Dói de culpa, tristeza e dor, vê-la engessada.

Eu não sou de religião, mas na hora que ela entrou para o bloco cirúrgico rezei com fé para Nossa Senhora, mãe de todas as crianças.  Deu tudo certo e mais uma vez agradeci pela sorte que temos. Bebel é muito forte.

domingo, 16 de outubro de 2011

Sinal dos tempos

"Antigamente era bonito fumar e feio ser gay, hoje é feio fumar e bonito ser gay"
Maria, empregada doméstica

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Analogia

"Leãozinho" tocava no rádio. Bebel perguntou:
- Quem é que canta essa música?
- É o Caetano Veloso.
- Uai? Ele é leão?

domingo, 9 de outubro de 2011

Festa de criança

É um tributo á maternidade. Já estou 6° experiência.  Bebel fez 4 anos e já sabe o que significa fazer aniversário e dar uma festa para comemorar.  Ter 4 anos significa saber mais que as crianças menores e poder fazer mais coisas. A festa é um  encontro com os colegas, amigos e família. Temos freqüentado algumas em buffets, salões de festa, fundos de quintal e adoramos.
A festa começa um mês antes com orçamentos e planos. Bebel passou fazer contagem regressiva: “Agora faltam 3 dias do brinquedo (sextas-feiras).” Esse ano foi domingo, dia do aniversário. Bebel participou ativamente dos preparativos e escreveu o nome de seus convidados no convite.  Fomos mais de uma vez a supermercado, distribuidoras, lojas de bugingangas. Dá primeiro um pouco de dor no bolso, depois desapego. Dá  uma canseira danada e  depois uma sensação boa.
O dia do aniversário começou com um parabéns na panelinha. Depois fomos buscar as bebidas. O pai e a tia buscaram Bebel e João para almoçar e comprar presentes. Eles chegaram na hora de descer para o salão de festas com a vovó. Vieram coleguinhas da manhã e da tarde, parentes dos dois lados da família, amigos de antigamente e agregados.   
É uma celebração da vida. Uma tia já meio bebinha filosofou: “a gente só encontra mesmo é em aniversário, casamento e velório”. Dessa vez, veio um número bem maior de crianças até uns 5 anos e elas fizeram uma algazarra na cama elástica gigante, na cabana de bolinhas, no carrinho. Dessa vez, dei a devida importância para a temperatura da cerveja e bebidas. Já tinha a dimensão do que pode dar errado e contratei garçons. Nada disso evitou o risco de acabar a comida, a água de beber e o refrigerante não Diet. Problemas  solucionados pela minha mãe, Toninha e o pai das crianças.
Não sentei mais do que 5 minutos, não bebi e não comi. Caí de bunda com alguma dignidade. Tirando isso deu tudo certo. Veio um ramo da família que a gente não via há mais de 20 anos, coleguinhas da turma nova da Bebel, as mesmas pessoas que vem desde sempre, os que vem pela primeira vez. E muitas, muitas crianças. Elas correm de um lado para o outro, brincam, conversam, pulam, gritam, comem, pedem para fazer xixi e cocô, brigam, choram e pedem a atenção da mãe. Bebel e João entretiveram-se com os convidados e eu quase nem vi os dois, exceto no finalzinho quando eles lembraram que eu existia e me deram uns abraços bem gostosos.
No final, tiramos uma foto com 4 gerações. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Aniversário- Capítulo 1

O aniversário da Bebel está sendo aguardadíssimo por ela.  O argumento: "você já tem quase 4 anos" é imbatível para fazê-la agir como uma menininha grande. Bebel tem participado de todas as etapas da preparação da festa.. Essa semana fomos, a avó, ela e eu no centrão comprar enfeites, lembrancinhas e etcs.

- Bebel, vamos comprar coisas para a sua festa.
- Quantos dias que faltam?
-Seis.
- Não vamos comprar nada que amolece, não é?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Intimidades e seus limites

Ela: Você me ama?
Ele:Amo.
Ela: Casaria comigo?
Ele: Agora.
Ela: Com ou sem igreja? Com ou sem cartório? Coabitando ou não?
Ele: Onde é que eu assino? Faço tudo o que você quiser.
Ela: Amor?
Ele: Sim
Ela: Empresta seu carro?
Ele: Peraí!!!! Aí já é demais!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um pouco sobre João, meu Dinossauro Rex


João tem quase 15 quilos de patolice. Quando alguém o chama no diminutivo, penso: "Não estou vendo nenhum Joãozinho aqui". De uns tempos para cá, deu para imitar dinossauro. Não sei se aprendeu com a Bebel, na escola ou na televisão. Fato é que de vez em quando faz cara de mal, estica os braços em garras e sai por aí, rosnando: "Dinoxau Requixxxx". Segundo Piaget, se sentindo o próprio.

Acostumou-se com a companhia de um irmã  maior que o ama,  abraça, divide, convive, disputa recursos e pula pra cima,  igual nos telecatchs. É carinhoso e territorial. Gosta de carros e os deixa espalhados por ordem de cor.  Está na fase dinossauros e carrega dois, de um lado para outro. É inteligente e gosta de música. Às vezes fico só olhando pra ele, achando o menino mais lindo do mundo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Os mais iguais

A escola que meus filhos estudam é referência  em Educação Infantil. Bebel e João estudam lá desde 1 ano de idade e eu só tive elogios em relação à infra estrutura, ao corpo docente, à proposta pedagógica, aos colegas e às suas famílias.

Esse semestre tive uma surpresa. A escola oferece aula de ballet como atividade extracurricular. As professoras trocam as alunas de roupa no período de aula de modo que às terça e quintas, quando ia buscar Bebel, deparava-me com um bando de bailarinas e minha filha, amuada. Mesmo com dificuldades no mínimo logísticas e questionando a postura da psicopedagógica da escola, resolvi matricula-la na atividade e descobri que não tinha vagas.

Fui conversar com a psicóloga da escola, sempre muito solícita e esclarecida e fiquei horrorizada com sua postura, que reflete o posicionamento da escola. "A vida frustra mesmo", "Não há o que se fazer", "Sempre foi assim, você é a primeira pessoa que questiona". Não questiono a atividade, questiono a incoerência do discurso. Se é pra ser todo mundo igual no ambiente escolar, que o sejam e não só até as 17:00. Sob ordens superiores, professoras, no horário de aula, trocam de roupa os alunos das atividades extra-curriculares sem a preocupação no impacto dessa prática discriminatória nos outros alunos que por motivos vários não podem participar das atividades.

Vou trocar as crianças de escola no fim do ano e vou sair chateada com essa prática. Que a vida frustra, frustra sim, mas não precisa ser dessa forma, nesse ambiente e com um discurso tão fatalista e hipócrita.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tinha uma mãe no meio do caminho

A vovó Fátima emendou o feriado e chamou os netos para ficarem na casa dela de quarta a domingo. A idéia, em tese, é deliciosa. Cinco dias para me dedicar totalmente ao trabalho, às pendências cotidianas, ao amor, às ciências estéticas e ginásticas. Em tese. Não estou podendo ver crianças na rua que fico com vontade de cheira-las, morta de saudade dos meus bebezinhos.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Bebel em 2 tempos

- Bebel, você quer ir ver o Mickey?
- Mamãe, Mickey não existe. Só na televisão!
-Tudo bem. Vc quer ir ver uma pessoa fantasiada de Mickey no teatro?
- Oba! Quero! Podemos levar o João?

Eu furei as orelhas aos 13 anos, num ato de rebeldia divisor de águas entre infância e adolescência. Quis deixar Bebel viver a mesma experiência e não furei as orelhas dela quando recém nascida. Com quase 4 anos, ela já é super interessada nos assuntos de vaidade feminina e pediu de brincos de presente de aniversário. Propús a troca: o brinco pelo bico. Ela não teve dilemas: "Então tá".

Fui solidária e fomos as duas furar as orelhas. Bebel é durona. Toma injeção e não chora desde muito pequenininha. Fui primeiro tentando fazer cara de tudo-está-normal mas não consegui evitar a expressão de aiaiai quando o farmacêutico furou minha orelha. Ela percebeu mas não titubiou. Ainda dei uma saída honrosa: "Vamos fazer isso outro dia, Bebel", mas ela não desistiu. Suportou estoicamente a tortura e no final me abraçou, lágrima nos olhos, caladinha. Falei que tudo bem chorar quando doí ou a gente está triste, mas ela não deu um pio. E nunca mais pediu o bico. Uma versão melhorada de mim.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A árvore da vida


Fui assistir ao filme Arvore da Vida. Tinha lido que tratava de questões sobre a vida, família e outras profundidades. Percebi o tamanho da roubada que tinha colocado o ser amado quando ele escutou a gozação: “ Vai assistir filme do Brad Pitt. Há! Há! Há!”. Tentei consertar lembrando filmes como Clube da Luta, 12 macacos, mas não teve jeito. O que tenho a dizer sobre sua disponibilidade é que ele suportou tudo com estoicismo .

O filme é sobre a perda de um filho. Imagens oníricas, metafóricas e maravilhosas representam afetos e cognições de uma mãe e de um irmão. Eles relembram a infância e refletem sobre o sentido da vida, suas questões individuais e universais  e sobre as formas de lidar com as perdas. O amor materno, paterno, fraterno são representados com uma delicadeza que me fizeram chorar dos primeiros os últimos minutos. Mas chorar na modalidade escorrer nariz e soluçar. O filme colocou questões que me remeteram ao meu papel de mãe, filha, irmã e mulher. Fiquei os dias seguintes digerindo as metáforas, as frases, estabelecendo relações, pensando em como tratar o tema nas minhas aulas. Para quem gosta de filme cabeção, é uma obra prima, daquelas que a gente lembra por muito tempo.

Para quem não gosta, o filme é um saco. As pessoas começaram a sair do cinema com menos de 15 minutos de filme. Muitas reclamaram em voz alta. O ser amado, coitado, terminou o filme sem saber quem tinha morrido, de quê e porque  o filme não tinha diálogos. Quando viu a fila para entrar no cinema teve vontade de falar: “fujam! Fujam! O filme é chato demais!”

sábado, 13 de agosto de 2011

A avó perfeita


É uma mulher de pouco mais de 50 anos, forte e sábia.   Já criou os filhos, já aposentou e leva a vida dispondo a seu bel prazer do bem mais precioso do mundo, o tempo. Tem curso superior, dirige e não gosta de ficar parada. Junto com sua mãe, velhinha daquelas bonitas de ver, vão a cursos diversos, shopping, feiras, encontros sociais e culturais, quando não estão em casa, entretidas com seus hobbies.

A logística filhos-casa-trabalho da mãe dos netos prescinde dela, que pode ser avó só por prazer e nunca por obrigação. Mas ela deixa o celular sempre ligado, para qualquer eventualidade. Daí que quando a filha (biológica ou de coração)  liga: “ A babá ainda não veio. Preciso buscar as crianças na escola, deixa-las com a babá (se ela aparecer) e chegar no trabalho em 50 minutos. Levo as crianças para o trabalho?” Ela fala: “Vai tranqüila. Eu ajudo a cuidar das crianças”. Coisas de avó perfeita.

Fuzuê Matinal


Passei as crianças para o horário da tarde para poder dormir até mais tarde. Acordar 6:30 ou 8:00 horas faz toda a diferente no resto do dia. Ainda mais agora que os dois estão dormindo a noite toda.

Nos primeiros dias tentei terminar os planos de ensino das disciplinas novas, fazer o almoço e cuidar das crianças ao mesmo tempo. Desisti dos planos de ensino mas insisti no almoço e numa mínima organização da casa. Estressamos os três. Ontem resolvi ir pro clube logo depois de acordar. Chegamos em casa a tempo de fazer um arroz a grega. Nem doeu ir para a cozinha. A fome ajudou no tempero.

Tem dia que não dá para sair. Nessas horas, educar crianças é mais complicado. Num apartamento minúsculo, com uma mãe atarefada, deve ser meio chato para eles. O DVD tem importância no sentido  de imobiliza-las enquanto elas são limpas e a casa organizada em suas contas, serviços, logística de alimentação, transporte, vestuário, etc.

É um trabalho danado. Sexta, enquanto resolvia com a operadora da internet, Bebel e João se engalfinharam para resolver qual DVD assistir: Carros ou BackYardigans. Troca de grito, choro, tapas e um questão salomônica: “Se eu escutar mais um pio sobre televisão, acabou pros dois” e toma paciência e coragem para enfrentar as conseqüências de promulgar essa lei. Bebel empurrou João que devolveu e pulou no chão esgoelando. Escondi os dois DVDs e deixei a gritaria pra lá. Como se fosse possível não estressar .Ainda faltava a alimentação, o banho, transporte pra escola e o técnico da internet. Melhor é deixar tudo pra lá e sentar no chão para brincar com Bebel, suas 11 filhas, João e seus carrinhos. Pro almoço, marmitex, pra bagunça, a empregada, se ela vier. Internet, sabe-se lá quando. Como diz a minha mãe: “ o que não tem solução, solucionado está”

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dia do Amigo

Amizade é um querer  perto, em volta de uma mesa, pelo telefone, pela internet, na realidade psicológica. No espectro que vai da indiferença até uma amizade verdadeiramente íntima, há  vários tipos de vínculo.  Tem a família inteira, o amor, tem os amigos que estão a um toque de distância, tem os amigos de bar, cinema, show e afins, tem os amigos de antigamente e os de hoje em dia, tem a amizade-de-mães, que são os encontros que acontecem durante a atividade de cansar  passear com as crianças,  tem as pessoas que sempre curtem nossas postagens,  tem as pessoas que a gente admira e torce para que a recíproca seja verdadeira,  tem os alunos que viram amigos, as pessoas com interesses comuns  e conversa boa.

As amizades mais preciosas são as que duram no tempo, independente de manutenção. Os encontros religam um fio que parece nunca desconectar. As amizades com pessoas que insistem: “bora?” são fundamentais  para pessoas que, como eu, gostam excessivamente de ficar em casa de pijama. Bora.  

 A vida é esse orbitar de pessoas com as quais nos sentimos vinculados. Umas pessoas  passam, outras ficam, umas nos transformam, outras são transformadas. Quase todas deixam alguma coisa, conversas e encontros, boas e más lembranças,  acolhimento, diversão, tédio,  decepção, saudade, um livro,  CD ou paletó, uma paixonitezinha, fotos, rastros na internet. 

Feliz Dia do Amigo para todas as pessoas que, ao lerem esse texto, pensaram no tipo de amizade que nos une.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dia do Rock

As crianças estão de férias com o pai. No dia do Rock, Bebel passou a tarde comigo e ficamos grudadas. Se algum psicanalista usar o termo simbiose, tudo bem, eu não ligo..

A noite, estava de pijamão no facebook, em dúvidas se ia numa festa junina geriátrica. Uma amiga recente e não menos querida puxou papo e eu convidei para uma cervejinha, agora! benditas redes sociais!... Ficamos botecando até quase meia noite, os seres amados embriagados com o jogo do Brasil. Daí que eu resolvi ir pra Obra., depois de considerar todas as 'outras casas que tocavam rock. Hábito é hábito.

Ir sozinha num lugar desses requer certa dose de cara de pau. Sentei num banco alto e fiquei com cara de eu-me-basto-nesse-mundo. Experiência inédita.  Era dia do Rock, tocava Ramones e eu usava botas até o joelho. Comprei uma cerveja e fiquei lá, curiosa. Rock n Roll é atitude. Divertir foi inevitável.

domingo, 3 de julho de 2011

Quadádulo

Em cena da Galinha Pintadinha 2 aparece uma sequência de figuras geométricas. João acompanhava:
- tiâaangulo, retâaangulo, quadáaadulo.

Verdade sobre crianças

Tem hora que filho enche o saco. Pronto. Falei. Fiquei hoje só por conta deles. Fomos na praça de manhã, numa quadrilha a tardinha e no carrefour antes de voltar pra casa. O dia começou lindo mas lá pras 7 da noite eu estava cansada, mal humorada, rabugenta. Eles não paravam quietos, uma falação interminável, me puxando, me exigindo. AI! Tento mentalizar que daqui a poucos anos fica mais fácil , mas ficar por conta de 2 crianças pequenas é trabalho duro. E olha que eu gosto. Mas tem hora que é um saco e dá saudade da vida solo.

Quadádulo

Em cena da Galinha Pintadinha 2 aparece uma sequência de figuras geométricas. João acompanhava:
- tiâaangulo, retâaangulo, quadáaadulo.

sábado, 2 de julho de 2011

Ai que medo!

Sábado a tarde, rolou aquela soneca coletiva. Bebel acordou primeiro, levantou quietinha e foi para a sala. Mais tarde, ao me ouvir falando ao telefone no quarto, veio correndo com uma cara muito sapeca e falou:
-"Mamãe, não precisa preocupar que depois eu limpo a água que eu coloquei nos copos.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Independente

Terça feira, do nada, Bebel começou a gritar no corredor da escola:
- Eu não quero que vc me leva na sala! Não quero! Não quero!

Fiquei horrorizada. Destranquei a porta que ela fazia com o corpo com a chave especial que abre e fechadura no umbigo e consegui levar a menininha emburrada para a sala. A professora disse que não observou nada estranho nos dias anteriores.

Em casa, conversando sobre o assunto ela disse:
- É que meu colega chegou sozinho na sala ontem.

Imaginei a cena. A mãe atrasada para o trabalho, deixou o filho na porta da escola e foi correr atrás. Interessante a repercussão do menino chegando sozinho para Bebel.

-Então vamos combinar. Amanhã eu converso com a sua professora e vc vai poder ir sozinha para a sala sempre que quiser, tá?

- Tá. Quando eu tiver 10 anos, posso sair sozinha?

Meu coração acelerou e eu tive que parar para pensar:
- Quando vc fizer 10 anos e for bem obediente, pode.

- Eu SOU obediente.

- É mesmo, Bebel.

Dei uma choradinha despistada hoje quando Bebel despediu-se de mim na porta da sala do João e foi embora  para sala dela.

sábado, 25 de junho de 2011

Utilidade

Adoro ser elogiada pelas aulas que dou.  Outro dia aluna disse que gostou das minhas aulas porque o conhecimento foi útil. . Touchê. Quando as pessoas falam que acharam minhas aulas divertidas, eu agradeço, mas penso: "será que essa pessoa acha que sou palhaço?". Tudo bem a didática ser intreressante, mas bom , bom mesmo, é dar aula útil.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tonalidades de rosa

Trecho da conversa da Bebel com a bisa:
-" ...porque tem rosa claro, rosa choque e rosa pink."

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Quica, João!

Eu não gosto de frescura com criança. Eles são bichinhos que aprendem fazendo. Correr, por exemplo. Tem que cercar para evitar o perigoso: alturas, buracos, quinas, pontas, pedras. O trabalho mesmo é correr atrás para não perder de vista. E como caem! Cada tombo de barriga, que, se fossem adultos, ia precisar chamar o SAMU. Criança não! Eles caem e olham para mim com cara de: "machuquei mamãe?". Se a gente olha com cara horrorizada, abrem o berreiro. Se não, levantam e continuam. Melhor assim. Criança tem mola, cai e quica. Caso contrário, nossa espécie não tinha sobrevivido.

Quase

João anda na rua apontando os ônibus, caminhões, motos e, de um tempo para cá, os números. Hoje, no colo, ele apontou a placa de permitido estacionar e falou: têixxx. Eu tive que parar para pensar sobre a diferença entre o 3 e o E.

Quem usa bengala é...

A prole, Poliana e eu fomos ao Expominas. A aventura começou no metrô, meio mais econômico para ir para a Gameleira. Sentamos nos assentos preferenciais e Bebel foi descrevendo os desenhos de quem pode sentar lá: "pessoa com o pé machucado, mamãe com nenem na barriga, mamãe carregando seu filhinho e moço de banguela".

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lado A, lado B e lado D de Doido

Quem sabe o que eram discos de vinil lembra que no lado A estavam os melhores sucessos e no lado B, as músicas chatas e desconhecidas. No nosso lado A tem aquelas coisas das quais nos orgulhamos, nossas medalhas, nossos diplomas, os bons amigos que conquistamos, aquela característica charmosa da personalidade, nossa disciplina, os filhos bonitos. O lado B tem o nosso pior, a preguiça, as invejas, as desorganizações, os fracassos, os vexames. Lado D de doido é aquela patologia que está na Classificação Internacional dos Transtornos Mentais e do Comportamento. Todo mundo tem pelo menos uma, varia só a intensidade.     

terça-feira, 14 de junho de 2011

Slut Walk

A Marcha das Vadias   trata-se de uma onda de protestos contra a culpabilização das vítimas de estupro e de outras formas de violência sexual.


Há muito oba-oba e incompreensão sobre o significado dessa marcha, que acontece em BH nesse sábado. Eu mesma, estranhei a disposição de mulheres se auto-proclamarem vadias e correrem o risco de verem sua foto no jornal sob essa pecha. Inteirei-me mais sobre o assunto, a origem da marcha e achei a idéia interessante.

Há um post da Cynthia com a história e ótima análise sobre o assunto.
Segundo  Lia A brincadeira, a piada, ironia é muito bem-vinda e inteligente quando é utilizada para quebrar preconceitos e combater a violência. É esse o sentido da marcha, ao mostrar de maneira irônica e engraçada de falar que as mulheres podem se vestir, andar e agir como quiserem, sem serem agredidas.

Não vou me alongar sobre a aparente contradição entre feministas x femininas, vadias x feministas pois  Lola fez isso.  Prefiro um depoimento sobre a minha experiência na área. Na faculdade, acreditava que homens e mulheres eram iguais, não “só” os seus direitos. Para mim, tudo em relação à sexualidade (exceto a reprodução) e aos comportamentos afetivo-sexuais eram construções sociais. Hoje eu acredito que há algo de essencial na questão macho e fêmea, apesar disso não se relacionar necessariamente ao sexo biológico do indivíduo e não ser uma coisa monolítica.

O resumo da ópera é que, aos 18 anos eu queria desconstruir as questões sociais que envolviam papéis engessados adstritos ao gênero, numa cruzada quixotesca em meio a um moralismo travestido. Fui muito incompreendida, mas, felizmente, essa incompreensão só se manifestou sob a forma de hipocrisia e nunca de violência física. Para  minha própria surpresa, vivi feliz num casamento tradicionalíssimo por mais de década.

Sempre fui rebelde em relação às instituições sociais nas quais apenas uma classificação binária homem/mulher, santa/puta, cuidador/provedor (dentre outras) é inteligível. Qualquer classificação binária não abarca as nuances individuais e coletivas da exuberante diversidade nas formas de manifestações sociais afetivas sexuais humanas. A experiência só me fez sentir mais admiração pelas pessoas que vivem abertamente suas orientações “não-ortodoxas”, e nesse contexto, desempenham seus papéis sociais, externalizam suas verdadeiras identidades e se relacionarem com outras com amor e/ ou, pelo menos, respeito.

O que exclui idiota machista preso(a) em representações arcaicas que acham que a saia curta e o decotão são motivos para agirem como os bárbaros(as), para agredirem verbal e fisicamente as mulheres (ou gays) que desafiam sua  precária identidade e sua a rasteira (ou inexistente) compreensão de alteridade.

Dito isso, esperem por mim e meus filhos na Praça da Estação sábado. Vou andar de metrô, encontrar pessoas minhas amigas, ver coisas diferentes, dar um passada no Parque Municipal. Leve. E tirar foto para postar no facebook.

O bonito e o doido

Ensinar gíria para criança é questionável, eu sei. Mas adoro a categoria "doido", em seu sentido "exótico", "diferente", "chamativo" e até "exuberante". Chamo as crianças de "doidinhas" quando elas fazem uma coisa engraçada, uma baguncinha fofa, dando elasticidade ao conceito. Chamo atenção para as coisas na rua: "ó que doido, aquele grafitti, aquele cachorro, aquela praça, aquela pessoa, etc."

Bebel me fez pensar nas diferenças entre o que  se diz e o que se entende quando se trata dessas palavras genéricas. Passou por nós um homem com dread-lock e saia. Eu chamei a atenção: "ó, Bebel, olha o moço, que doido! Você acha bonito?"

- Mamãe, doido é doido, bonito é bonito. O moço é doido.

Trabalhador da Limpeza

Camila Pitanga fez um laboratório para ser faxineira numa novela. Vestiu-se de marrom e foi trabalhar na limpeza no próprio Projac. O uniforme sobrepujou sua beleza e, conforme ela disse, ficou impressionada com a condição de invisibilidade das pessoas que limpam o chão, o banheiro e nossas lixeiras.

A partir daí, comecei a chamar a atenção da Bebel e do João para essa categoria profissional. Quando o caminhão de lixo engarrafa o trânsito da nosso bairro de ruas estreitas, em vez de buzinar e xingar, como os outros motoristas, ensinei que eram os trabalhadores da limpeza deixando a nossa rua bem limpinha.

Os dois entenderam a mensagem e conseguem ver os lixeiros e varredores de rua à distância, em seus uniformes laranja. Bebel, mais atenta a essas questões de gênero aponta: olha, um trabalhador da limpeza menino!, uma trabalhadora da limpeza menina! Chato, mas engraçado, foi o dia que chamou a atençaõ para a mãe de um coleguinha, que abafava num modelito laranja: "alá, mamãe, uma trabalhadora da limpeza na escola". Felizmente, a mulher fingiu que não ouviu.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Obrigado e desculpa

João aprendeu que há duas palavras mágicas que abrem as portas do coração de qualquer um: obrigado e desculpa. Acho que ele não sabe direito o significado de cada uma. Ou se sabe, finge que não sabe e usa as duas indiscriminadamente, sempre com efeitos positivos nas pessoas à sua volta.

- Obrigado, mamãe! Desculpa, bebel! Obrigado, vovó!

A gente acha lindo e reforça o comportamento. Mas tem que segurar a onda. É tão bonitinho, mas tão bonitinho, que corre o risco dele passar a gente no bico, só na marotagem.

Ser completa

Ser mãe é bom mas final de semana solo é bom também. Passei quase 48 horas só com adultos, fazendo coisas de adultos, comendo sentada 5 refeições, dormindo a noite inteira. Terminado o domingo, acordei na segunda feira com Bebel e João pulando na minha cama. Ficamos debaixo do edredon conversando, beijocando, eles contando o fds deles. Folga de mãe é bom porque a gente volta bela, descansada e até amando mais os filhos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Quase

- João, quantos patinhos tem aqui?
- A....E.....I.....O.....U.

Papo filosófico para crianças

Bebel me pegou desprevenida:
- Mamãe, depois que a gente morre acontece o que?
- ...
- Acaba, não é?
- Acaba. Igual todas as coisas vivas. Nascem bebezinhas, viram crianças, adultas, velhinhas, e quando está bem velhinha, morre. ("Se der sorte", pensei, mas não falei)
- Igual as folhas das árvores.
- Igualzinho.  Mas as pessoas, depois que morrem , continuam um pouquinho na lembrança das pessoas que gostavam dela.
- Na imaginação, não é?

Poxa, Bebel. Cresce não.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A walk on the wild side

Hoje, sou feliz no caminho que estou trilhando. Construi alguma coisa, em termos tangíveis e intangíveis. Tenho  minha família próxima, bons amigos, um trabalho que gosto e 2 filhos maravilhosos.

Mas bom, bom mesmo, é ser mãe. Sem a hipocrisia de falar que tudo são flores, afirmo que tem nada melhor que abraço e beijo de filho, sorriso de filho, brincadeira de filho. Ver os bichinhos crescendo, aprendendo, virando pessoas além de mim. “A walk on the wild side”, para mim, é cuidar deles,educa-los, ensiná-los a serem felizes, independentes, brincar com eles. Isso significa cuidados  24 horas, comer em pé, acordar de madrugada, não gastar comigo para gastar com eles e sentir, pela primeira vez, uma sensação de impermanência que mete medo.

Ser mãe para mim, é viver uma vida completa, repleta de amor por duas pessoas que carregam meus genes para a eternidade.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Farão tudo o que eu mandar?

Minha mãe, em toda a sua sabedoria, brincava comigo e com minha irmã de Boca de Forno. Quando a situação ameaçava sair do controle, ela falava: “Boca de forno!”.

Minha irmã e eu, exultávamos: “Forno!”

- “Farão tudo o que mandar?”

- “faremos todos!”

- “E se não fizer?”

- “Ganharemos bolo!” (eu sabia, na época, que bolo é um tapa na mão. Achava engraçado bolo tapa ser igual a bolo comida e tinha certeza que não ia apanhar, mas a ameaça fazia parte da brincadeira. Isso acontecia no século passado, antes dos exageros politicamente corretos de educação de crianças)

- “Então, vai ali, vai ali, e dá 2 voltas correndo no quintal”, “50 pulos de um pé só”, “20 voltas em torno da mesa”

E lá íamos nós, fazer o que ela mandava, na felicidade típica de criança que brinca com a mãe. Ela podia ficar tranquilamente lendo ou fazendo coisas que os adultos fazem enquanto nós gastávamos a energia aparentemente inesgotável de criança.

Hoje, brinco de Boca de Forno com meus filhos, com os mesmos efeitos . Eles adoram. Bebel encabeça a brincadeira e João, rabicho, vai atrás. E eu posso, às vezes, até sentar um pouco.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cama compartilhada

Não era adepta da cama compartilhada com filhos, mas depois que o pai das crianças saiu da minha cama, Bebel veio para ficar. Tudo bem, eu sei que é meio esquisito, mas é bom demais dormir abraçada com ela, ainda mais nesse frio. Essa noite, João estava, como de costume,  numa resmungação que não deixava ninguem dormir. Desesperada, levei ele para dormir com a gente. Ele ficou meio espantado quando chegou, mas gostou e ficou quietinho, dormindo logo em seguida, embolado na irmã e no edredon. Eu fiquei olhando os dois no escuro, com a sensação de que estava perto do que tem de mais importante no meu mundo, que Deus é bom e a felicidade existe.

sábado, 14 de maio de 2011

Mamaço e o olho de quem vê

                               
Peitos de fêmeas mamíferas servem para dar alimento aos bebês. Adultos, alguns primatas podemos até brincar com essa parte da nossa anatomia, mas é por hobby.

Meu apoio (tardio) para as 50 mães, que foram ao Itaú Cultural defender o aleitamento materno e a possibilidade das mulheres poderem amamentar em qualquer lugar. Bem, eu usava um paninho por cima, mas entendo o ponto de vista.

Amor, beleza,  indecência, erotismo, repugnância. O olho de quem vê é que dá o sentido para peitos de mulher, amamentando ou não.

Fêmea alimentando cria com o próprio leite, para mim, é amor.

Bom dia, mamãe! Acorde!

Depois de trabalhar até tarde, fui para Santa Teresa encontrar a turma de amigos. Eu não bebi, mas demorei. |Poucas horas depois que fui dormir, a casa despertou, crianças e minha ajudante. Ela dá café da manhã e tenta reduzir o nível de ruído. Hoje ela até tentou evitar, mas as 8 da manhã, os dois, virados para a porta do meu quarto, brincaram de tocar bateria.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

As quatro filhas da Bebel

João gosta de um dinossauro que ele leva, junto com o paninho,para todo lado.Numa mão vai o dinossauro e o pano vai enrolado no pescoço. Sobra uma mão para dar para o adulto.

Bebel tem suas 4 filhas, que ás vezes são também suas aluninhas. Todas tem nome e são daquelas bonecas enormes. Pior para mim, as 5 adoram passear juntas. Para alguns passeios, a filharada está liberada para ir. No dia que tem que escolher só uma ou nenhuma, já rola certo stress. E não pode jogar as bonecas no banco de trás. Elas tem que ir sentadinhas, "igual grandinhas". Não pode "esquecer" nenhuma no carro e  quando a mãe fica sobrecarregada, sou convidada a carregar minhas netinhas (ai ai ai).

Lembrei de mim, pouco mais velha que a bebel hoje, tentando convencer minha mãe a levar um ursinho para o supermercado. Depois que eu enchi o saco dela horrores, ela acabou deixando e falou que tinha que prestar atenção para não perder, estragar coisa e tal. Entrar no Jumbo ( pré-história do Extra) com o ursinho me deu um sentimento de responsabilidade que eu revivo hoje, entrando no supermercado com meus filhos. Para que proibir Bebel de sair com sua filharada?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Hiponga

Fui hoje na escola da Bebel falar da minha profissão, professora de adultos. As crianças, muito bem ensaiadas, deram  "bom dia!" e ficaram sentadinhas em círculo. Dei as informações básicas. A professora já tinha as perguntas preparadas: tem recreio? tem uniforme? Cantamos músicas e foi lindo!

Quando fui buscar a Bebel, perguntei:
-"Gostou?"
- "Gostei".
- "Do que vocêgostou mais?"
- "Que você sentou no chão"

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Educação de homens e mulheres no Séc XXI


Bebel e eu assistimos a essa propaganda pela primeira vez juntas. Eu achei a maior graça, ela me olhou espantada: "porque esse menino tem voz de menina?" e ainda completou: ;"é menino mesmo, não é?"

Well Bebel. É menina como nós duas.Esse jeitão é o que se espera de nós na rua e até em casa, mas não o tempo todo, muito pelo contrário. Antigamente, tipo no século passado, os papéis de homens e mulheres eram bem definidos. Homens podiam tudo e deveriam ser provedores machos. Mulheres podiam pouco e deveriam ser boas cuidadoras femininas. Quem era cinza ou colorido nesse preto-no-branco era pária social.

Duas ou três gerações atrás, as transformações nos papéis de homens e mulheres passaram a ser numa velocidade vertiginosa. Na sociedade ocidental, o lugar da mulher virou de ponta cabeça, para o alto e avante! Passamos a estudar mais, trabalhar mais, ter mais poder, mais dinheiro, menos filhos ficamos mais exigentes. Se ficamos mais felizes? Temos mais responsabilidades e também mais opções.

Sim, a propaganda é feminista no sentido de sinônimo de machista. Engraçada. Eu me vi na Marisa Orth. Quem não achou graça é um/a chato/a de galochas que não consegue rir nem de piada boa.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mamãe vai trabalhar

Eu adoro o meu trabalho. Ser professora é uma profissão que me escolheu e quando dei por mim, não saberia mais viver sem a energia de estar numa sala de aula.

Bebel não se convencia que eu dava aulas para adultos. Quando eu saía, seja dar aulas 5 horas distante de casa, seja para dar aulas á noite em vez de coloca-la para dormir, percebia que ela não entendia muito bem o que estava acontecendo, tipo: "lá vai mamãe de novo não me amar".

Uma tarde, a faculdade de BH marcou uma reunião fora do meu expediente e eu resolvi leva-la. A expectativa foi criada e alimentada: "vamos no trabalho da mamãe!". Lá, ela ficou impressionada com o tamanho do prédio e encantada com a biblioteca ( na minha escola tem uma também, mamãe!). Participou da reunião como uma mocinha comportada e atenta, um olho no desenho que fazia, um ouvido na conversa. A coordenadora geral da faculdade chegou de surpresa e elogiou a maturidade da minha filha (será que pensou mal do meu profissionalismo?).

A reunião acabou uns minutos antes do início das aulas e passamos na sala onde leciono. Algumas pessoas já haviam chegado e nos cumprimentaram: "são meus alunos adultos, filha".

Na escola dela, antes do início da aula, a professora passa a rotina do dia no quadro branco. A minha filha, a srta. metódica, adora esse momento. Quando viu o quadro branco da faculdade, ocupando uma parede inteira, ela exultou: "é aí que você faz a rotina, mamãe?". Cresci aos olhos delas, que deve ter relacionado minha competência profissional ao tamanho do espaço que tenho para escrever no quadro.

A experiência valeu! No dia seguinte, ganhei  dela um desenho de mim com longos cabelos e sapato de salto dando aula para adultos.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Como observo o jeito de cada um

Bebel é centrada e sensível. João tem uma esperteza físico e interpessoal. Inteligência abrilhanta o conjunto da obra, na opinião da mãe coruja.. Aos meus olhos, eles são como uma unidade equilibrada, um melhoramento adaptativo. Complementam-se.

Bebel é a miniatura da Dinha, mulher inteligente, organizada, internacional. Parece no jeito de ser, muito mais metódica do que eu e o pai juntos. Intrigante essa coisa da genética e das características da personalidade. Bebel  sempre foi excelente companhia para todo lugar. Comporta-se como uma mocinha, observadora curiosa.

João é o boa-praça. Sempre achando tudo bom. Tem seus momentos pitis, mas é coisa passageira, não o jeito dele. Joga bem as trocas intersubjetivas. Uma amiga e a professora reclamaram: “É difícil disciplinar seu filho. A gente fala para ele fazer alguma coisa, ele faz uma carinha tão assim que dá vontade de fazer para ele.” E é isso mesmo. É um jeito de olhar desarmante.  Meu coração de mãe vibra com sua a agilidade e coragem mas teme certos excessos que parecem inevitáveis no futuro.  

Tem hora que 1 mais 1 filho dá menos trabalho que 2. Tem hora que 1 mais 1 filho dão mais trabalho que 11. No geral, é bem gostoso educar meus filhos. O lado ruim é que João atormenta as noites desde que nasceu. Bebel é mais pitizenta durante o dia. O meu amor é igual pelos dois, mas o vínculo é diferente. Pela Bebel, que tem a inscrição no feminino, o vínculo é mais profundo. Pelo João é mais intenso. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Brincadeira de criança

- Filhinha!


É assim que Bebel me chama para brincar. É um pouco uma ordem, meio um convite, que transporta para um outro universo, cheio de pequenas delicadezas de menina.

Eu, a filhinha, tenho mais 3 irmãs, de 0, 1 e 3 anos, espalhadas pela sala. As menores dormiam no carrinho e dentro de uma pulseira de plástico encontram-se 2 fuxicos, um cubo de rubik e um Lego. “– Vamos lanchar, filhinha! Tem 2 cachorros quentes (mas estão mornos), um sanduíche e suco de uva!”

Bebel é uma mamãe exigente. Dá bronca se tudo não sai do jeitinho que ela quer, ao contrário de sua própria mãe. Brincar com ela é como se o caos quase permanente de brinquedos pela casa subitamente fizesse sentido transformando-se em casinha, escola, cozinha cheia de comidas exóticas. A conversa é gostosa mas às vezes ela me esquece, entretida com suas outras filhas.

Hora de sair de fininho. Às vezes ela nem liga, mas se o João chega perto de mim com: “cóio, cóio, subí, subí ou vem,vem”, imediatamente eu viro um brinquedo interessante de novo.

domingo, 17 de abril de 2011

Final de semana solo

Filho é bom! Final de semana em que eles ficam o pai é bom também! E como!

Com algum tempo de solteira,  as amigas que me acolhem já estão estabelecidas. Aquelas que a gente liga: "bora?" e quase sempre elas respondem; "bora!". A vida social fica mais agitada e por mais que tenha quem diga que é uma vida frívola, vazia e hedonista eu não concordo. É um estilo de vida bom. Um pouco caro, mas definitivamente divertido.

Sexta botequei em copo sujo com as amigas que estão no centro do meu coração. Mesmo sabendo que uma coisa é uma coisa, e outra, outra, valeu por uma sessão  de terapia. Rir do mundo e da gente é sempre um ótimo remédio. Sábado a tarde teve um churrasco-aniversário. Outra amiga do centro do coração estava lá e me ensinou sobre mim coisas que eu não sabia. Amigas psicólogas tem mil e uma utilidades.

Uma vantagem inequívoca da vida de solteira é o ir e vir ao sabor das vontades. Cheguei em casa no final da tarde. Curti os prazeres do ócio, da imobilidade das coisas e da disposição do tempo. Quem tem isso todo dia, talvez não dê o devido valor. Eu digo, é bem precioso.

Mais tarde fui assistir a um show com a turma ampliada da sexta. Se a necessidade de "encontrar uma pessoa para a vida toda" é uma urgência imperiosa, o programa não tem graça. Bom é desligar esse botão ansiógeno e curtir. Deixar o corpo levar-se pela música, pela bebida, pelo frenesi festivo e sentir "a energia que emana de todo prazer". A beleza e prazer da vida de solteira fundamenta-se nessa premissa.

Ruim é chegar em casa de madrugada e dormir sozinha numa cama gigante. Bom é acordar sozinha nela. Fazer um café, ler o jornal, passear na internet, prosear 0800 com as pessoas queridas que estão além do oceano atlântico. Sorver lentamente o silêncio, dádiva preciosa. Quando fica chato, é bom ter uma pessoa que mora perto para um segundo café da manhã.

Voltei antes do almoço. A perspectiva da tarde de domingo é boa. Um pouco ambígua.  Que vontade de ficar no sofá...que vontade de prosear, ir no cinema, botecar...  que vontade de movimentar meu corpo. E tem também o trabalho, que acumula-se na minha frente. A videa urge e tem seus dilemas.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conversa de menina que se acha

- Mamãe, meu bico saem estrelinhas quando eu chupo!
- É claro! Oha que lindeza!
-Igual eu?
- Igualzinho. Como é que vc faz para ser tão linda?
- Nada ué.
-Vc é linda assim, naturalmente?
- É! Olha só! E seu pular de um pé só.
- Realmente!
- Já sei! A lindeza sai da minha barriga.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

Espontânea

Entardecer de sábado na Praça da Liberdade com as crianças. A iluminação, as brincadeiras, o corre-corre, tudo favorecia fotos para eternizar o momento lindo. Mil cliques depois, Bebel falou:
- Mamãe, agora é só pra divertir, tá?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Poderosa

-Mamãe, eu sou uma bruxa boazinha e transformo você no que você quiser"
- Eu quero ser uma rainha!
-Plim!
-Agora eu quero ser sereia!
-Plim!
-Agora eu quero ser professora do maternal 3!
- Eu não tenho poder para isso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Conversa non sense, mas nem tanto

- Mamãe, aqui em casa tem 3 meninas e 1 menino.
- Isso aí.
-A casa é menina ou menino?
- A casa, acho que é menina.
-E o carro?
-Menino?
-Não é não. Porque nasce bebê da barriga dele.
-Uai?
-Vc não lembra? Aquele dia tinha um carro na barriga do carro mamãe.
Realmente. Passamos mais cedo por um reboque.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O dia em que o Gol virou um Boeing

Com as crianças devidamente acomodados nas cadeirinhas do carro, perguntei: "Prontos para ir?"
E a Bebel: "Pode decolar!"

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Solidão Palavra

Estar só é estar comigo. É ter tempo para prestar atenção no que me habita e fazer alguma coisa com isso, mesmo que nada, mas geralmente ler, escrever, movimentar.

Solidão é a presença de uma ausência que dói. É vontade de estar junto, não ter ninguem nem a perspectiva de um alguém. Domingo chovia e eu estava solitária num hotel de paredes brancas em uma cidade distante. Sem os barulhos da internet e Tv que enchem os espaços solitários.

Nelson Rodrigues fez companhia até a soneca pós almoço. Acordei no início da noite sob forte chuva, o que inviabilizava uma corrida endorfínica. Aí doeu. A perspectiva das horas que viriam dava angústia. As escolhas irremediáveis foram necessariamente lamentadas. A esperança que me acompanha praticamente  desapareceu. Não conseguia falar com meus filhos, que talvez sentissem a minha falta. Na hora mais fundo do poço recebi um telefonema amigo que deu certo alívio. Dormi benzodiazepínica para acordar cedo e correr, correr, trabalhar, trabalhar. Para fugir do sentimento, mas sem esquecer dele.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Eu concilio

Esse blog é uma delícia. É bom ler sobre experiências parecidas (e ao mesmo tempo tão difrentes) das minhas.

http://vinhosviagenseumavidacomum.blogspot.com/

Um post fala sobre como ser mãe, mulher e profissional sem culpa de assumir que: "Yes, we can!"

Tenho a guarda dos meus filhos, trabalho, cuido da gestão doméstica e tento ser mulher nas (poucas) horas vagas. Afirmo: é possível! Não é o ideal para muitas pessoas. Para mim é. Durmo menos que gostaria, mas tenho fé que é temporário. Sei que com o tempo vai ficar mais fácil.

Tenho uma boa ajudante, moro perto de mamãe e o avô paterno vem às quartas. O pai fica aos sábados e domingos de 15 em 15 dias e ajuda quando eu estou viajando a trabalho.

O ritual de levar na escola, buscar e cuidar deles à tarde e nas noites em que não estou dando aulas é um dever prazeroso. São momentos preciosos, breves, que estão formando a personalidade deles de um jeito indelével. Daí a importância de ter, não só tempo de qualidade, como em quantidade também.

Não sinto mais culpa pela escolha da separação. A vida continuou e eu estou mais inteira na minha verdade. Não somos a família da margarina, somos uma família contemporânea em uma de suas configurações possíveis. Felizes, todos nós.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Discovery Kids

Hoje, na volta da escola, Bebel perguntou:
-"Quando a gente está na escola, você fica assistindo Canal do Bebê?"
Expliquei que estava no meu trabalho de dar aulas para adultos. Igual a professora dela dá aula para crianças. Acho que ela não se convenceu.

Os terríveis 2 anos- Parte II

Começou quando as pessoas que vêem o João de tempos em tempos comentaram: "Nossa! Como ele está falante". Eu, que estou no batidão, afirmo: começou tem uns 15 dias. À menor contrariedade, e mesmo sem ela, João dá um pulo, cai deitado no chão esperneando e berra indefinidamente. Minha qualidade de vida teve uma piora significativa.

Não quer comer, não quer dormir. Tomar banho com a irmã, nem pensar. Sair do carro, colocar cinto, desgrudar da televisão. Tudo é motivo para protestar escandalosamente. Isso e Bebel virando "bebezinha que não sabe fazer nada"..putz...que canseira!...

O nome das coisas

O nome dá o significado da coisa. Eu falo: o pai dos meus filhos, a tia das crianças, minha comadre, os avós paternos dos meninos e não ex-marido, ex-cunhada, ex-sogros. O prefixo ex  fala de um vínculo que já foi. O importante é o vínculo que será eternamente.

domingo, 27 de março de 2011

As meninas adultas

Fundamental na vida de uma mulher solteira são amigas ou amiga que respondem a um S.O.S (solidão, dor de cotovelo, etc.) num sábado uma hora da manhã. Melhor ainda se elas estão disponíveis para botecar até altas horas. Perfeito se, além de tudo, elas tem a capacidade, não só de conversar de outros assuntos, como de rir das desventuras típicas de mulheres contemporâneas. Aí não tem problema, tem diversão e, mais do que isso, sentido para a existência, a comunhão com outros seres humanos.

sábado, 26 de março de 2011

João sem Bebel

Quando descobriu que a irmã ia passear com a avó e ele não, João tremeu o beicinho. Depois ficou olhando pra porta, chorando  e chamando Bebel, Bebel, Bebel. Por último resolveu curtir a experiência de filho único. Fomos na Praça,  nós dois, coisa rara, uma mãe só pra ele. Na beirada dos brinquedos, ele ficou meio sem rumo, coitado. Tanta coisa, tanta atenção e nenhuma irmãzinha para mandar nele.

terça-feira, 22 de março de 2011

Piaget explica

João tem um pano amarelo que ele arrasta pra todo lado. Hoje, enfiou-se debaixo do pano e eu brinquei:
-"Sumiu o João! Cadê o João? ". E ele aparecia, achando a maior graça, em todas as 10 vezes que perguntei.
Aí chegou a Bebel, muito séria:
-"Sumiu nada. Ó o pé dele aí."

Consumo e sabedoria

Depois de longo e tenebroso inverno, consegui uma empregada gente boa, prestativa e inteligente para me ajudar na gestão doméstica.  Veio da zona rural do cafundó do judas e tem um olhar estrangeiro e divertido para as coisas urbanas a que já estamos acostumados como, por exemplo, elevadores, trânsito infernal, lojas de conveniência, etc.

Ontem fomos ao shopping com as crianças, primeira vez para ela. Nós duas fazendo cara de tudo está normal, mas a graça começou na escada rolante. Ela ficou rindo e esperando o timming para subir naquela máquina estranha que faz para as pessoas o que a maioria consegue fazer sozinha. Depois foram as proporções gigantescas de tudo, dos corredores, da quantidade de lojas, das possibilidades de consumo. Na saída ela, em toda a sua sabedoria, filosofou:
-"Nó! Shopping tem coisas demais! Pra "vim" aqui, a gente tem que saber muito bem o que que quer."

quinta-feira, 17 de março de 2011

Irmã(o) é tudo de bão!

Queria declarar amor à minha irmã. Estava eu numa terça feira de carnaval,  no bloco, na chuva, divertindo. Passaram por mim umas borboletas bebinhas saltitando pela grama da Praça . Ô saudade de você!!!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sonoplastia

Lia uma historia sobre um passarinho que estava na chuva, chuáááá... Bebel perguntou:
-"Onde é que está isso no livro?"

Lutas que valem a pena

João odeia escovar dentes. Três vezes por dia  ele grita, se contorce, chora, protesta contra o fato de ter uma escova na sua boca. Até entendo. mas vendo a irmã fazer sua higiene pessoal como uma lady, ele devia se mancar.

Tem uma coisa da dominância física, moral  e psicológica do líder.  (Estou lendo sobre inteligência emocional do Goleman).

Mãe, por exemplo. Falou que tem que escovar dentes e pronto.  Se eu for razoavelmente boa e justa, ele entende que mesmo que ele não queira, tem que fazer ou ou não pode fazer para o próprio bem.

Hoje  percebi ele aprendendo sobre a dinâmica dos limites na casa. Estava com João encaixado debaixo do braço, escovando seus dentes enquanto ele berrava, como sempre. Ele chamou Bebel (gracinha!), mas ela continuava deitada folheando um livro com um sorriso que eu entendi como:
-"João boboca"
Acabei o serviço, soltei ele, que parou de chorar instantaneamente e foi consolar-se do lado da irmã. Ainda vai rolar muito grito, mais por hábito e vontade de mandar. Porém, a premissa está aprendida. Pra escovar dentes, ele tá dominado.

Cento?

Bebel observou o número da página do livro:
-"um zero cinco"
Ensinei:
-"Cento e cinco"
Ela me olhou surpresa e ficou pedindo para eu repetir o que havia dito. Como não ajudou, teve que perguntar:
- Sento? no cinco?

sexta-feira, 4 de março de 2011

João

João é auto-limpante. Me pega pela mão,  leva ao banheiro, aponta chuveiro e banheira. Simples assim. Agora, aprendeu a sair do banho também, num passo curto e vacilante de quem deixa rios atrás de si.  Vem até mim com a melhor cara do mundo de: "olha como sou grandinho".

Aprendeu também a tirar a fralda, num cantinho bem escondidinho. Depois atravessa a sala correndo, pelado, rindo, geralmente com a Bebel atrás, fralda na mão tentando cobrir-lhe as partes pudentas.

Coisas que o mundo ensina para as crianças

Eu contava um livro sobre um porquinho cheio de licenças poéticas. O porco corria com o cavalo, brincava com os pintinhos, abraçava o galo, pastava com a ovelhinha... nesse ponto Bebel me interrompeu:
-"mas porco não come grama..."
Tive que dar um google rápido para ter certeza antes de concordar.

-"Mamãe, hoje comi uma fruta diferente"
-"Qual, Bebel?"
-"Cachorro quente"

quinta-feira, 3 de março de 2011

Vó, mãe e filha

Fui pegar um pesado no alto, senti o tempo. Reclamei: "Tô ficando velha."
Bebel: "Tá não. Velha é a vovó."

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Os três foliões

Vários dias perrengosos depois tive 24 horas de descanso da função materna. Voltei revigorada e melhorei da chatice mal humorada que me consumia. As crianças responderam à altura. Almoçamos e tiramos soneca simultaneamente (!!!). No final da tarde de domingo fomos, nós três, para Santa Teresa pular Carnaval.

O bloco passava pela Praça Duque de Caxias quando chegamos. João no carrinho e Bebel, muito interessada, de mãosdadas comigo. O batidum empolgou nós três.  Encontrei uma amiga de marinheira e ficamos batendo papo. Bebel me puxou para seguirmos a marcha. Logo minha filha, que é meio fresca com multidões e de uma maneira geral. João acompanhava o ritmo com o corpo inteiro. Ficamos no final do bloco, Bebel puxando o grupo para a muvuca. Começou a chover 1 quarteirão depois e entramos debaixo de uma marquise. Apesar das pessoas me olharem com recriminação por eu estar lá com 2 crianças, meus filhos e  eu queríamos seguir, na chuva mesmo. Bebel ficava: vamos, vamos, vamos e  João dando tchau para os outros covardes debaixo da marquise. E lá fomos nós, no chove chuva.

Melhor impossível! As pessoas  ajudavam com o carrinho no sobe e desce do meio fio.  A chuva apaziguou os espíritos e lá estávamos nós, 3 foliões pulando carnaval.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Manhêêê!!!!!!

Sou mãe solteira, dona do meu próprio nariz, com todas as dores e delícias que isso implica. Hoje furou o pneu e eu não tinha renovado o seguro para investir em coisas mais urgentes, como fraldas. O estepe estava furado, porque sou inteligente, mas não o suficiente para ter comprado outro.


Pensando nas alternativas, instintivamente dei uma olhada na agenda telefônica, nos amigos que vivem convidando para sair. O ideal mítico era que, em poucos minutos, um homem forte, lindo e apaixonado chegasse com outro pneu e trocasse o furado, cuidando para que eu não sujasse as minhas unhas vermelhas. Ri de mim mesma. E fiz o que me pareceu o mais certo, chamei mamãe. Ela veio com o borracheiro e ainda me deu pneus novos de presente.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os terríveis 2 anos

Quando ouvi falar nos "terríveis 2 anos" não acreditei: "Sabe essa bebezinha doce e tranquila que adora tudo o que vc faz? Espera ela fazer 2 anos". "Comigo não", iludi-me.

Começa aos poucos. Bebel não quer tal roupa, fazer tal coisa, comer, guardar, desligar, tomar banho, sair do banho, dormir, entrar no carro, sair do carro, calçar sapato, pentear cabelo, ficar de pé e não deitada no chão no meio do shopping.... A vida vira um inferno. Dá-lhe gritaria, choradeira, pitis homéricos. À menor contrariedade, bebel berrava, esperneava de parecer que estava tomando aquela surra. Às vezes esquecia o motivo, às vezes nem tinha motivo, mas a gritaria era como se tivesse. Gritos, suor e lágrimas.

Os terríveis 2 anos acontecem quando a criança começa a buscar sua propria autonomia, a afirmar-se no mundo como uma pessoa diferente de seus cuidadores, impor-se e testar seus limites. Haja saco! Por outro lado, é hora de moldar uma pessoinha que sabe dialogar, controlar-se, ser independente. Hora de impor a autoridade, de preferência de uma maneira calma e ponderada.

Durante mais de ano, tive que insistir pacientemente (outras nem tanto) que nas coisas importantes era aquilo e pronto: não pode almoçar assistindo TV, acabou acabou, hora de dormir e pronto, vamos sair agora e ponto final, bagunçou tem que arrumar (nessa fui meio negligente porque haja paciência).

Fato é que milhares, milhões de pitis depois, a frequencia vem diminuindo e hoje, para a maioria dos comportamentos indesejáveis, o stress acabou, Ainda rola uma gritaria para, por exemplo, desligar a televisão, mas é mais para ver se o limite ainda está lá. Eu agora peço Bebel para ensinar o irmão que não adianta gritar, adianta conversar. Por hora, com ano e meio, ele dá os seus pitis mas como não recebe atenção por isso, rapidamente vai fazer outra coisa mais útil. Está aprendendo com a irmã.

Os terríveis 2 anos existem e são um inferno. Mas passam e ficam umas crianças bem bacanas.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Reflexão Psicológica afetiva sobre os Cinco Patinhos da Xuxa



A música da Xuxa fala sobre 5 patinhos que vão passear e não voltam. Depois de muito drama, a mamãe pata vai procura-los e os encontra. A primeira vez que escutei, confesso que senti certo pânico: “será que os patinhos morreram?” e alívio quando eles são encontrados. A partir  da 100° vez que escutei a música, minha parte preferida é quando o CD acaba.

Impressionante é a emoção genuína que essa música desperta nas crianças. Bebel e João cantam  e fazem a coreografia no carro, no almoço, sozinhos. Na hora de maior desespero da mamãe pata, João imita a Xuxa que cobre os olhos e, com ano e meio, faz uma cara de sofrimento de dar dó. Bebel que já está mais descolada do que é historinha e do que é realidade, emociona-se também todas as vezes.

É a elaboração de um sentimento materno ancestral que eles captaram por empatia. Que a iminência da perda dos filhotes é o maior dor que uma mãe, pata ou não, pode experimentar. Os patinhos, muito sadiamente  querem voar além das montanhas, a mãe fica gritando qua qua qua qua e não os libera para viverem suas próprias aventuras. Eles se mandam  e nem tchuns. O drama é que eles não voltam nem dão notícias. Quando se vê sozinha, ela vai buscar os pestinhas e graças a Deus os encontra sãos e salvos. É a resolução de um conflito arquetípico. Que meus patinhos voem alto e longe, com responsabilidade,  sempre dêem notícias  e voltem sãos e salvos. Eu prometo não ficar gralhando quando eles resolverem viver suas proprias aventuras. Agora, se sumirem sem considerar as pessoas que se preocupam com eles, não vou ser gente boa como a mamãe pata que passado o alívio, não deu um corretivo nos  irresponsáveis.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bom de bico

João é um sedutor. Faz o errado e, pego no pulo, manda uns beijos muito estalados com uma cara muito marota.

E tem umas estratégias de defesa de irmão menor. Quando Bebel avança para pegar o brinquedo que está na mão dele, esconde nas costas, grita:" meu, meu, meu" e vem correndo atrás de mim para eu mediar o conflito.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pega na mentira

Enfarada de tentar convencer Bebel a comer uma comida não muito gostosa apelei para o terrorismo:
- Sabe o vovô Roberto? Não comeu e ficou careca. (ele rapou a cabeça recentemente)
Minha chapeuzinho vermelho arregalou o olho e falou:
- Então nós temos que levar uma cesta com frutas e doces para ele.
Pensou um pouquinho e deu o golpe de misericórdia na mentira:
- O vovô Gui não comeu também?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Instante

Eu corro,metódica, com olhos no futuro: para fortalecer membros inferiores, melhorar o condicionamento cardiovascular, para terminar a prova, para ter o barato das endorfinas blá blá blá. O objetivo não tem a ver com o momento.


Bebel e João correm porque é bom correr. Correm de corpo inteiro, jogando pernas e braços com um prazer de dar gosto. Correm porque, como disse a poeta, o instante existe e a vida está completa.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Médica anã

Tropiquei de novo na perigosa atividade de step. Gelo, antiinflamatório, dor e molho. Qdo me viu, manquitola e bolsa de gelo na mão, Bebel falou: "machucou de novo? Temos que passar um remedinho e um curativo" e foi procurar o band-aid da hellho-kitty, santo remédio para mazelas do corpo e da alma de uma menininha de 3 anos.

Expliquei que para o caso, seria melhor uma faixa e uma pomadinha, Emocionou-me o zelo dela em passar o creme no meu tornozelo inchado. Fingi não sentir dor excruciante quando ela apertava os pontos mais doloridos. Enfaixei e fui correr atrás de crianças, meu prazer/dever nessa vida. Quando me viu mancando e pulando de um pé só para alcançar João que pulava no sofá, ela disse: "Pode ficar paradinha.  Você não pode andar nem pular"

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Férias de mãe

Bebel e João passaram a semana em casa de vovó, noutra cidade. Deve ter sido bom pois Bebel não pediu para me ligar dia nenhum e sempre estava ocupada para falar comigo ao telefone. A avó falou maravilhas dos netos, o que é sempre envaidecedor.

Fato é que fiquei sozinha, sozinha, sozinha em casa por 4 dias. Tinha esquecido o quanto é bom, ótimo, maravilhoso seguir o próprio ritmo. Dormir, acordar, comer, conversar, ler, escrever, sair, namorar ao meu tempo, leve, como leve pluma.

As crianças chegaram hoje e parecm maiores, mais falantes, movimentos e raciocínio mais coordenados. Muito bom abraça-los, sentir-lhes o cheirinho, beijar, ter perto. Mas confesso que vou sentir falta dessa semana de folga de mãe.

Ser mãe é bom e não ter que cuidar de filho é bom também.

PS. Bebel observou um machucadinho que o sapato fez no meu calcanhar e falou: "Tem um dodói na palmilha do seu pé."

sábado, 15 de janeiro de 2011

Conversa com menina de 3 anos

" Eu não cóbo nesse sapato"

No Museu de História Natural, impressionada com a estrutura para segurar os ossos dos pés das réplicas de esqueleto de dinossauro, Bebel perguntou: "Mamãe, por que os dinossauros estão de sapato alto?"

-"Mamãe, eu sou a mamãe e você é o carro. Vamos brincar assim?",
-"Só se vc me der um abraço"
-"Mas carro não tem braço, tem porta"

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pérolas de Bebel e uma sobre o João

"O bico caiu no chão. A chupadeira está limpa?"

"Esse frango tem caroço"

De repente o João sumiu da vista, dentro de casa. Acho que toda mãe já passou pelos instantes de horror de procurar o filho e não achar. Já meio em pânico, fui ao banheiro e estava ele sentado no peniquinho da Bebel, concentradíssimo, de fralda. O primeiro passo ele aprendeu.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Body art

Bebel e João adoram brincar de tinta. Acredito que todas as crianças saudáveis gostem. Eu adoro.

O básico é não estressar com a bagunça inevitável, especialmente se dentro de um apartamento. Admito que fico apreensiva pelas paredes, cortinas e sofá, mas a vida é curta, a arte longa e a ocasião fugidia.


Espalho os potinhos com guache sobre uma cartolina , participo de longe,  tiro fotos corujamente e acho lindo.

O mais interessante é o movimento deles de pintar o próprio corpo. Tanto Bebel quanto João. Começam seguindo as instruções maternas de se aterem à cartolina, mas se distraem e pintam as mãos, os pés, a barriga, o corpo inteiro, numa concentração de quem faz coisa muito importante.

domingo, 2 de janeiro de 2011

sábado, 1 de janeiro de 2011

Dialeto III

Bebel: "deixa que eu sóbo na escada sozinha."

João: "Gooool" para todos os fogos de artifício da virada.
         "Eu eu eu eu eu", quando vê alguma coisa interessante e quer pegar.