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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Vai fazer o que eu estou mandando logo.

Mãe vive mandando fazer as coisas. Acordar, tomar café, trocar de roupa, escovar dentes. Isso antes das 7 da manhã. Continua nesse ritmo até a hora de dormir. Uma das chaturas da maternidade.  Aquela vozinha irritante, estridente obrigando a sair do conforto para fazer aquela coisa que não se quer fazer. Mãe ou criança reclamar dessa atribuição materna , falar que  não vai fazer de jeito nenhum só piora e a peleja pode durar o dia, a semana, a infância inteira.

Não tem remédio. O x da questão é tipo de vínculo que se estabeleceu entre mãe e filho. Se deu tudo certo e o vínculo é de amor e respeito, mesmo assim a mãe vai ter a hora de ser mandona, chata, estraga-prazer. Os filhos vão ter a hora de serem birrentos, morrinhentos, pirracentos. Faz parte.Tem formas e formas de persuadir, das saudáveis às completamente neuróticas, psicóticas, ou pior ainda, psicopáticas. Para mim a medida é: no final do dia eu me sinto feliz ou esgotada por ser mãe? Geralmente, o sentimento é de dever cumprido, que esse é o cotidiano e que é uma delícia e um privilégio conviver com crianças.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sobre pais e mães

A gente tem uma representação de pai e mãe ideais. A mãe amorosa e disponível, o pai generoso e acolhedor que estariam sempre com a gente, cuidando, confortando, torcendo pelo sucesso.

Exceto as pessoas mentalmente doentes, mães e pais, mesmo os que não gostam de cuidar de crianças, querem o bem da prole. O que diferencia são os métodos, mais ou menos eficazes  dependendo da inteligência emocional e da história de cada um. Considerando as infinitas configurações familiares, tenho pensado no que pode dar errado na equação: pessoas que reproduzem e tem a responsabilidade de cuidar de outros seres humanos até a maturidade deles (que legalmente acontece aos 18 anos, mas que pode acontecer, antes, depois ou nunca).

Descaso ou superproteção, abandono real ou imaginado, excesso ou falta de expectativas, de frustrações, de estímulo, invejas e recalques, alienação parental, doenças do corpo e da alma . E o pulso ainda pulsa.

Não queria ser deprê. Queria refletir sobre o fato de que o passado não dá para ser mudado mas as representações sobre os eventos sim. A consciência de que os pais são demasiadamente humanos faz parte do crescimento. Atitudes protetivas para lidar com pais narcisistas, psicopatas e outras patologias ajudam. O perdão para as falhas bem intencionadas das famílias "normais" . Feliz Natal!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Os Super poderosos

A gente costuma achar que os filhos são a cereja do bolo da evolução da espécie. Eu volta e meia me pego achando que eles são Einstein, Phelps, Garcia Marquez condensados em miniatura. Coitadas das crianças. O mundo já é difícil sem uma mãe com altas expectativas. Imagina com uma que vislumbra campeões olímpicos e ganhadores do Nobel em crianças na educação infantil. Eu sei. Eu sei. Tenho que me controlar. Mas é difícil. Atualmente o meu esforço é para que eles saibam que, apesar da mamãe acha-los o máximo, eles não são melhores que ninguém. Talvez me falte a experiência da frustração dessas expectativas, o que deve acontecer no futuro quando eles se rebelarem contra essa tirania disfarçada. Até lá, deve ser até bom acreditar que se é o que a mãe gostaria que a gente fosse.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Deus

João, aos 4 anos, está cheio de questões teológicas:
- Mamãe, o que é o Deus?
Aiaiai.  Acredito em uma Sabedoria Superior. Rezo para Nossa Senhora (a Grande Mãe) nos apertos, agradeço na mesma medida, mas sem ser dentro de um sistema de crenças institucionalizado. Como explicar isso para uma criança?
- É um anjo que voa, não é, mamãe?
-....
- E tem a mãe de Deus, e o pai também, não é? Aquele que fica assim com os braços abertos...
-.....
- E ele criou todas as coisas, não é?
- ....
- Mas ele já morreu.
- ....
Enquanto se dava esse diálogo, eu ia tentando lembrar como a escola, a mesma em  que eu estudei e que ele estuda, ensinou isso: Sabedoria Superior, nada antropoformizado, nem com viés católico. Fui puxando assunto:
- Como será que ele criou tudo?
João olhou pra mim, olho arregalado, esperando a resposta:
- Bom, teve o Big Bang, uma baita explosão, aí um tempão depois surgiu o sol, a Terra e depois teve um DNA auto replicante que foi o tritritrisavô de todas as coisas vivas.
- Até dos dinossauros?
- Até dos dinossauros.

Sei que minha resposta foi epistemologicamente incorreta. Na minha limitação sobre o tema, ensinei rudimentos sobre a Teoria da Evolução de Darwin,  mas sei que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Aceito sugestões.

Carl Sagan explica a evolução

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Independentes

Cansada de ter que trocar duas crianças de roupa todos os dias, lancei o desafio. A gente  ia sair do banho e encontrar as roupas prontinhas em cima da cama. Se eu conseguisse trocar a minha roupa antes deles ia cantar a música: "Vocês são bebezinhos e não sabem fazer nada". Se eles conseguissem trocar a roupa antes eu ia cantar: "Vocês são crianças e sabem fazer tudo". Adivinha que música eu cantei?


Bebel perguntou porque eu não levo eles na escola todo dia.
-Porque às 7:00 em ponto ou eu estou trabalhando ou começando a minha aula.
Ela só podia estar de caso pensado:
- Então a gente acorda mais cedo e você deixa a gente na porta da escola.
No dia anterior eu havia chamado a atenção para as crianças que se despediam da família no portão da escola e não na porta da sala economizando na hercúlea tarefa de estacionar.  Bebel gostou da idéia e organizou a carona materna para a escola. Cronometrados, combinamos que eu vou levar para a escola todos os dias. Simples assim.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O maior amor do mundo

João me deu de presente um beijinho sem motivo e perguntou:
- É romântico, mamãe?
- Uai. O que é romântico, João?
- É quando saem corações.


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Casa arrumada- Ano 2

Durante o segundo semestre tive uma experiência radicalmente nova: trabalhei em casa. Corrigindo, prestei serviços remunerados trabalhando online. Eu sempre trabalhei em casa cuidando das crianças e lutando por uma mínima organização doméstica. Esse semestre realizei o sonho antigo de usar a internet como ferramenta de trabalho. E gostei.

Depois que a gente vira adulta e desapega do anseio de que alguém vem nos salvar sobram os dois braços, duas pernas e uma cabeça para correr atrás. Pois é. Nessa altura do campeonato, cheguei à conclusão que eu tinha que me virar sem ajudante, babá, diarista. Foi o que aconteceu.

Ser mãe é hobby. Levo, busco, alimento, arrumo, passeio, vamos os supermercado, achando tudo de bom. Ter tempo para dar o jantar,  passear até mais tarde, ficar abraçadinhos conversando e beijocando até dormir é a parte bonita da minha vida.

Ser dona de casa é o inferno. Cozinho mal, gasto muito tempo para arrumar tudo todo dia, deixo gavetas abertas, quando volto para casa cansada e tenho que encarar o batente de cama. mesa e banho eu sinto o  mal estar que as todas as pessoas sobrecarregadas devem sentir.

Toda vez que eu escuto que liberdade é isso, é aquilo eu acho bacana, mas a verdade nua e crua é que liberdade é ter dinheiro para poder usufruir (a maioria)  do tempo como quiser. Felicidade é ter uma família que gosta de ficar junto, é ter um chão firme para apoiar quando o resto do mundo balança. É isso que eu desejo e espero proporcionar para meus filhos

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O dia do sorvete

Sexta feira é o dia do sorvete, instituído para comemorar a vida que segue e evitar o "mamãããe, compra sobremesa" todo dia. Mas como não fazer piada nesse dia sacrossanto? Meus filhos, que não acreditam mais em fadas, bruxas e duendes, morrem de medo que eu compre sorvete de arroz com feijão, alface ou torresminho.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A Eterna

- Mamãe, me dá uma ideia para eu desenhar.
- Uai. Me desenha.
- Nããão. Eu quero desenhar uma coisa para lembrar. Você está aqui para sempre.
Amém

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A vida vai...

- Pode deixar que eu pintxo (penteio)  meu próprio cabelo.
Foi assim, na lata , que Bebel encerrou uma Era.Valorizei iniciativa  e passei o troféu "Pente e Condicionador sem enxague" para ela. Que deu uma pontadinha, deu.

Final de tarde em um  lugar agradável. João e eu estávamos recostados tomando um ventinho:
- Mamãe.
-Ãh?
-Tira uma foto?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O bem intencionado

Voltei para meu grupo de estudos pois a bisa pôde ficar com as crianças na tarde de quarta. Antes, fiz mil combinados com as crianças: o que pode, o que não pode fazer, ainda mais com uma pessoa octogenária em casa. 

Antes de sair, dei tchau , e a bisa disse:
- Pode ir tranquila que eu cuido das crianças.

João, lá de dentro de casa, informando sobre as instruções recebidas:

- E a gente cuida da bisa.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A gordura e a mãe


O post Quando sua mãe diz que é gorda me fez pensar sobre o tema. Eu sempre fui grande, desde bebê. E cheinha. Isso não me incomodou até o dia que escutei que: "se eu comesse daquele jeito ia ficar gorda" e subliminarmente "feia". Em algum momento da minha vida, aquilo virou um tema, aliás, O tema. Emagrecer era um mantra.

Sempre gostei de atividade aeróbicas. Se um dia eu fui na academia para "perder massa gorda e ganhar massa magra", nem lembro. Hoje eu vou pela minha sanidade mental. Se ficar mais de uma semana sem ir, coitadas das crianças que tem que me tolerar rabugenta e irritada. Engordar e emagrecer tem mais a ver com quantas calorias entram. E meu prato favorito é o cheio.

Depois que eu dobrei a curva dos 30, que eu virei mãe, foi como se esse lance de gordura fosse ressignificado. Perdeu a importância que tinha na década anterior. Eu me aceitei do jeito que eu sou, com o IMC mais alto do que o considerado esteticamente agradável. Mas, vamos combinar, tem jeito de colocar um biquini de lacinho sem sofrer pelo menos um pouco?

Crime foi o dia em que eu me olhei no espelho e fui cruel comigo, na frente da minha filha. Falei com raiva: "Gorda, eu estou gorda. Gorda e pançuda". Nunca vou esquecer a cara de espanto da Bebel para mim. Talvez para ela, até aquele momento, eu era uma versão caseira da Gisele Bundchen e aquela agressão ao meu corpo foi uma agressão à representação do ideal de feminino para ela. Talvez naquele momento inscrevi na criança de 5 anos que a gordura era uma coisa horrível, deformante.

Todos os dias, falo que eu sou linda, que ela é linda e que, quando crescer, vai ser ainda mais linda do que eu, apesar do alto parâmetro.  Que educação e inteligência fazem parte do pacote. Que a beleza da juventude é encantadora mas datada. Que a beleza de verdade  tem a ver com estado de espírito, com sabedoria. Se ela aprender isso, vai se poupar de muito sofrimento inútil.

domingo, 13 de outubro de 2013

Caranguejo é crustáceo?

As crianças e eu estávamos assistindo Predadores Mortais. Um polvo contra um caranguejo. Fizemos nossas apostas e antes do combate João perguntou olhando no olho:
- Mamãe, caranguejo é crustáceo?
Nesse momento minha credibilidade foi colocada em cheque. Eu tinha a vaga impressão que era crustáceo, mas e se não fosse? Melhor preparar para as próximas perguntas, porque daqui pra frente só vai piorar. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sobre avós e bisavós

Já ouvi várias vezes que ser avó é melhor do que ser mãe e deve ser verdade. Afinal avó é a mãe sem as responsabilidades financeiras, logísticas e legais da lida com filhos. Que ajuda só porque quer. É aquela que fica só com a parte boa, que pode fazer todas as vontades, que pode devolver quando cansa, que é amada o tempo todo porque não precisa ser chata. É a dona da casa que as crianças vão quando não tem obrigações, o paraíso perdido onde pode (quase) tudo. 

Sábado as crianças vão passar uma semana na casa da avó. A expectativa já está criada há meses. Bebel está contando os dias e manda mensagens diárias para ela contando o que está comendo, o que está fazendo, o que quer fazer quando chegar lá. De uns tempos para cá tem anexado imagens, vídeos e áudios nas mensagens para ela, mandando minha conta de celular para a estratosfera. Deixo porque é bonito de ver e bom para todo mundo.

A pediatra das crianças falou uma coisa que me surpreendeu e é verdade.Uma boa relação com as avós além de saudável para toda a família, desperta um "senso de caridade". Bons filhos e netos cuidam dos parentes idosos, mas fazer isso para além de obrigação e culpa, só acontece para quem sente que está só retribuindo uma coisa boa que recebeu. 

Minha avó ajudou a cuidar de mim e dos meus irmãos. Hoje aos 83 anos, mora sozinha e às vezes saimos juntas. Comecei a chamar ela para almoçar aqui em casa e ela vem ficando as tardes que não temos atividades fora. A convivência é tão tranquila que deixei ela com as crianças uma tarde para ir ao supermercado, ela cuidando dos meus filhos, meus filhos cuidando dela. Outro dia, conversou pelo skype  com minha irmã e meu sobrinho que moram no exterior. Não teria gostado tanto se viajasse na Interprise. Em novembro volto para o grupo de estudos que parei de frequentar quando as crianças passaram a estudar de manhã. Ela vai ficar com os bisnetos. Agradeceu tanto que eu nem soube direito como falar que o privilégio é todo meu, da Bebel e do João.





sábado, 5 de outubro de 2013

A lei da mãe

Enquanto João escolhia um tênis na loja de artigos esportivos, Bebel voltou com uma bola de basquete:
- Mamãe, pode brincar com a bola?
- Pode.
Ela pensou um pouquinho:
- Pode para você ou pode para a loja?
Pois é.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Comida com criança

O blog Desabafo de mãe  pergunta: Criança incomoda?  Algumas vezes sim, e muito, mas depende. Almoço quase todo dia fora, em restaurante perto da escola, frequentado por trabalhadores e famílias. Tento ensinar o básicos: só a gente precisa escutar a nossa conversa, temos que ser educados com os atendentes, todo mundo fica sentado até todo mundo acabar. Funciona quase sempre. Antes da aventura nós fazemos os combinados: "o que pode e o que não pode". As crianças tem sido bastante criativas: "não pode bater a cabeça na parede, não pode rolar o chão, não pode jogar comida na cara do irmão", "pode repetir o macarrão, pode escolher se come de garfo ou colher, pode fazer bolhas no suco com o canudinho sem fazer barulho".

Mas nem tudo são flores. Por mais educados, a mesa, chão e cadeiras ficam sujos. Eu fico meio irritada de ter que dar comida na boca de pseudo-inapetente-que-vira-bebezinho. Tudo demora mais do que eu gostaria e juro, às vezes sinto falta de comer só com adultos. Pois é. Falei.

Por outro lado, é um trabalho que rende. É uma hora que a conversa é íntima, que fortalecemos vínculos, que aprendemos uns com os outros, que nos conhecemos mais. Eu os educo para a civilidade, eles me ensinam sobre dinossauros, ostras e outras coisas que acontecem na escola de educação infantil. Sorte de quem pode almoçar com filho.

Aquathlon

Certa como a chegada da primavera é a minha participação no Aquathlon. Esse ano, à despeito das adiposidades, lombalgias e piadinhas sobre a remota possibilidade de não ter plano de saúde e sofrer um enfarto , me inscrevi. Deu sol a semana toda, mas 30 minutos antes da prova caiu um dilúvio debandando a  minha equipe de apoio, que foi tomar chocolate quente na casa da avó..

Eu havia contado vantagem um mês antes, que a mamãe ia sair nadando, depois correndo e ganhar uma medalha:
- Mas como você sabe que  vai ganhar, mamãe?
Se eu respondesse que era porque eu paguei para participar e que ia ganhar medalha por concluir a prova, não ia ter graça nenhuma, não é?
- Uai. Porque nadar e correr é fácil, Bebel.

Cumpri a tabela, peguei minha medalha de participação e voltei para casa sem ver o final da apuração. Esse ano, éramos 4 mulheres na prova, se uma delas tiver menos de 35 anos e concorrer em outra faixa de idade, quem sabe eu ainda não ganho um honroso 3º lugar?

A matemática das asinhas

Nada como a prática (e a fome) para aprender operações matemáticas.

Daywson fritava asinhas de frango. Preocupado com o desperdício ia fazendo aos poucos. A primeira leva chegou para as crianças famintas e Bebel de bater o olho exclamou:
- Peraí. Nós somos 4, tem nove asinhas aí. Duas para cada um e sobra só uma. Eu quero mais!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Nada melhor do que não fazer nada?

Eu vivia com olhos no futuro, esperando o dia em que eu poderia ir para o clube e me sentar na sombra, lendo um livro ou conversando com adultos enquanto as crianças se divertiam por lá. Pois é. O dia chegou e eu fiquei meio órfã. Levo o bando. Eles tiram a roupa pelo caminho e pulam na água. Só lembram de mim quando eu dou uma de chata e falo que está na hora de ir embora Ou quando estão com fome. Às vezes, tem tolerância quando eu invento de ir brincar com eles, mas acho que é por caridade mesmo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Eu nasci a 10.000 anos atrás

Bebel hoje:
- Quando você era criança, a televisão era preto branco e cinza?

Mais tarde, olhando admirada um litro de leite em saquinho:
- Mamãe, o que é isso?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Transtorno do Espectro Autista

Hoje na reunião da escola, um casal de pais de um colega de João informou que o filho deles tem traços autistas. Eles fizeram uma apresentação sobre Transtornos Globais do Desenvolvimento e contaram sobre como vem acompanhando a criança, que frequenta a educação regular. Todos ficamos emocionados e eu fiquei mais fã ainda da escola e das professoras.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Orientação escolar

Nasceu a atividade profissional Orientação escolar para crianças

Quando me pergunto: "Quem sou?", a resposta é "Mãe e professora". São duas ocupações que me escolheram e eu escolhi. Tem dado certo com meus filhos e com adultos. Convido meus leitores e amigos a visitarem a página no Facebook, curtirem, comentarem e indicarem para pessoas que possam estar precisando do serviço de acompanhamento escolar, aulas particulares para crianças do ensino fundamental e orientação psicopedagógica para pais e filhos. 

 

A leitora

Depois que Bebel descobriu o blog, ela não quer saber mais de só ler, mas quer também comentar. É um novo capítulo da história.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Natureza da Bebel

Bebel deve ter uma adultinha na barriga. Não obstante madura e disciplinada, tem um senso de dever que me deixa admirada. O para-casa por exemplo. Costuma ela estar assistindo desenho animado e eu cortar o barato:
- Desliga que está na hora de fazer o dever.
- Deixa depois, só mais um....
A senha para ela vir no exato segundo:
- Já está tarde. Se não vier agora, a gente vai levar a pasta com o dever sem fazer.

Que sorte a nossa!



Perigoso

O livro dos bichos classifica os répteis e tubarões em perigos representados por caveirinhas numa escala de 0 a 5. Zero perigos = inofensivo, Cinco perigos = mortal, é provável que ataque.

Apesar da índole pacífica do meu filho, deu-se o diálogo:
- Sabe quantos perigos eu tenho, mamãe?
- Quantos, João?
- Três. Eu chuto, mordo e sóco.

Faltou o perigo "cara-de-gato-do-schrek."


domingo, 18 de agosto de 2013

Gaiola

Ensinei que as únicas crianças que não tropicam, não ficam esfoladas, não tem roxo nem piolho são as que moram numa gaiola. Passamos  em frente a um pet shop e João apontou:
- Olha lá. A gaiola da criança que não machuca!

Venenosa

As crianças estavam em contato com a natureza, mas com tanta natureza que formigas picaram João. Ele chegou chorando, coçando e doendo:
- A formiga vermelha me mordeeeeu. Estou envenenado.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Para que servem os irmãos

João esqueceu o brinquedo jogado e outro menino pegou. Imediatamente o brinquedo ficou interessante de novo e ele tremeu o beicinho:
- O menino está com meu brinqueeeedo.
O meu instinto foi de tomar o boneco da mão da outra criança de 4 anos e entregar pro meu filho, mas fui firme:
- Se vira, João. O brinquedo é seu.
E lá foi meu filho, defender o dele, mas o outro menino não quis devolver . Corre para um lado, corre pro outro e eu de longe com Bebel, na torcida. Ela entendeu minha posição, mas quando viu que a disputa estava pareada, olhou pra mim com seu sorrisinho de Mona Lisa:
- Deixa eu ir lá ajudar o João.
É uma das 1.001 utilidades de irmão.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A morte

1

A tia-bisavó velhinha morreu ontem. Informei as crianças, mas achei melhor não leva-las no enterro. Contei que a ela era muito velhinha,  que seria enterrada hoje e que as crianças não podiam faltar à aula. Bebel pediu:
- Então você tira uma foto dela antes do enterro, tá?

2

O carro é mil, o morro, em pé e eu tentei subir de segunda, esgoelando o coitado do palio. No final do morro eu ainda pedi:
- Morre não. Morre não. Mas o carro morreu.
Enquanto tentava ressuscitar o coitdao, Bebel olhou para mim, olho arregalado:
- Morreu para sempre?!?

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Mico da mãe- Capítulo mil

Aula de natação da Bebel, coisa seríssima para ela. Como evitar a piada sobre o horror dos horrores nesses momentos?
- Bebel, é muito lindo ver você nadando. João e eu vamos fazer uma ôla sempre que você chegar na beirada da piscina, tá?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O presente

- Trouxe um presente da escola para você. Está guardado no meu bolso.
- Que ótimo! O que é, João?
- Areia.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O predador e a estátua viva

1
João é fã do livro de bichos. Tem bicho que é predador e tem bicho que não:
- O que é predador,  joão?
- É um bicho que fica com fome e come os fugidores.

2

- Estátua viva é quando a estátua mexe, não é mamãe?
- É, João.
- Tem muito mais estátua morta do que estátua viva, não é?

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Como Bebel me vê


O animal mais rápido do mundo

Desconsolado por não ganhar na corrida das crianças de 6 anos, idade média do resto da turma extra-classe, João partiu para a carreira solo e está treinando para ser o menino de 4 anos mais rápido do mundo. Sai em disparada, dá uma volta inteira na grama da praça e volta todo vermelho:
- Eu fui mais rápido que qual animal mamãe?
- Que um guepardo.
Mais uma volta:
- Uma águia.
- Um tubarão branco.
Às vezes eu distraio na conversa com outra mãe:
-Que um meteoro.
-Meteoro não é animal, mamãe.

sábado, 3 de agosto de 2013

Filho menino e filha menina

Conversando com outras mães de um casal de filhos cada, chegamos a uma opinião que gostaria de compartilhar aqui. Foi uma espécie de consenso depois de uma tarde de agradável conversa etílica.

A gente ama os filhos diferente. Sim, é verdade. A "quantidade de amor", se é que o amor é quantificável, é a mesma, mas a relação com cada um é diferente pois são pessoas diferentes.Pais e mães relacionam-se diferente com seus filhos meninos e meninas por motivos que parecem ter natureza individual, cultural e biológica. Mães paparicam mais os meninos e pais,  as meninas. A ordem do nascimento influencia pois o caçula costuma ser mais protegido, mas o sexo biológico do filho tem estreita relação com o tratamento que a criança recebe de sua mãe e de seu pai.

As duas amigas coabitam com o pai das crianças, o que não é meu caso. O pai dos meus filhos é uma boa referência paterna, mas no cotidiano a lida é comigo. Logo, eu não tenho experiência em questões referentes à relação pai-filho homem, mas conheço muito bem as questões referentes á relação mãe-filha mulher.

Minhas amigas contaram sobre como os maridos são mais duros e exigentes com os meninos e como se derrentem para suas princesas, fazendo vontades, babando-se a cada cor-de-rosice da filha. E são plenamente retribuídos do jeito que só filha ama o bom pai. No caso dessas amigas que tem  filhos já na entrada da adolescência, as duas espantam-se com o que parece disputas entre machos da espécie. Territórrio esse que costuma ter o tamanho de um apartamento de classe média e recursos que vão do controle remoto ao que tem na geladeira passando pela atenção da rainha do lar. Aí elas/nós vamos no sentido de proteger o príncipe, o nosso bebê, o homem mais maravilhoso que Deus colocou na Terra.

Com as meninas...Elas somos nós mesmas. A identificação com o que é o feminino está ali, um pedaço da gente fora de nós. Com o que tem de melhor e de pior. Falamos a mesma língua, sentimos as coisas perecido, temos as mesmas interpretações das coisas. Tudo muito. Somo tão exigentes com elas quanto com a gente, queremos que elas façam tudo do nosso jeito assim como elas querem tudo do jeito delas. Fêmeas disputando território. Quando uma das partes é madurinha madurinha como é o caso da Bebel, as argumentações são lógicas, racionais, bem elaboradas. Quando tem que fazer do meu jeito e pronto a a argumentação é só sentimentos. O vínculo com filha é um dos mais fortes entre duas pessoas no sentido de intimidade, cuidado. Quando rola uma briga aqui em casa, eu deixo bem claro: por enquanto quem manda sou eu, mas passo o posto assim que ela ficar adulta, o que não deve demorar.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mapa da diversão.

Combinei um passeio na praça com as crianças. Elevador já estava no andar quando Bebel pediu para voltar pois tinha esquecido uma coisa muito importante. Voltou com um papel com números de 1 a 6 acompanhado de desenhos muito caprichados:
- O que é isso, Bebel?
- É um mapa. Olha. Número 1, escorrega, 2 balanço, 3 sobe-e-desce, 4 correr na grama, 5 ficar no seu colo, 6 voltar para casa. É para a gente saber o que vai fazer.
Nada como uma planilha, para deixar a brincadeira mais organizada.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Férias na casa de vó

Bebel e João estão na casa da avó usufruindo de todos os benefícios dessa convivência. Eu fiquei por aqui, cheia de tempo livre e saudade. Não vou ser hipócrita de falar que é ruim a vida solo mas o fato é que tudo me lembra os dois: clube, shopping, restaurante, todas as crianças do mundo. Às vezes vou no armário só para cheirar roupa deles.

Hoje recebi fotos e liguei. Mãe de filho bem cuidado sente mais falta da prole do que a prole sente falta da mãe. A avó reuniu os dois na frente do telefone e fez o esforço de mantê-los por perto enquanto eu derramava saudade neles: "Tudo bem? estão divertindo? Estão brincando muito? blá blá blá" 
 João nem se deu ao trabalho de render conversa. Deu um oi, falou que também estava com saudades, deu tchau e se mandou para brincar com o trem que anda sozinho.
 Bebel me deu um pouco mais de atenção, mesmo meio impaciente de eu estar interrompendo o karaokê da Barbie Pop Star com a prima:
- Ei querida! Mamãe está morrendo de saudades. O que você está fazendo agora?
- Nada ué.
- Não está brincando?!
- Eu estava. Agora estou falando com você. 

Pois é. A gente cria é pro mundo mesmo.Mas que mãe precisa mais de filho do que filho de mãe é uma verdade que só se entende depois que eles saem andando sozinhos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Baba de mãe

A sabedoria é ancestral e a medicina moderna só confirmou: saliva faz parte do sistema imunológico. Aprendi isso antes da aula de biologia vendo a gata da casa dos meus pais lambendo machucado de filhote e dela mesma. Para a maior parte dos machucados infantis cotidianos nada como um beijinho para sarar. Se sai um pouquinho de sangue do machucado do filho, uma lambidinha de mãe como primeiros-socorros ajuda bem. Depois água e um band-aid de personagem do discovery kis para arrematar. Quem dera todos os males fossem resolvidos simples assim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Detalhes tão pequenos

Veio um dever de casa sobre diferenças entre as pessoas.
 "O que aconteceria se as pessoas fossem iguais?".
Bebel:
- Ninguem ia saber quem é quem.

Beijo no coração

Estava triste por causa de um problema sério. Quando me viu soluçando, mesmo escondida, meu pequeno narcisista disse, meio abatidinho:
- Desculpa, mamãe.
Fiquei arrasada, peguei ele no colo e falei:
- Fica assim não. O problema não é com você. É um problema de adulto.
- Tá doendo onde?
- No coração.
-Beijinho sara?
Sara.

sábado, 29 de junho de 2013

Contra o matriarcado!

Depois que Bebel tirou muita onda de ter um irmão que só fala sim, virei pros dois e falei:
-Sabe uma coisa que voce tem que aprender, João? A falar não pra Bebel.
Ela deu um sorriso de Mona Lisa e ele foi dormir com essa.
No dia seguinte começou. Não só Bebel ouviu não o dia inteiro, como eu também. Coisas que nunca haviam dado problema, viraram cavalos de batalha. Como a ideia foi minha, flexibilizei para algumas coisas. Agora é ver até quantos anos ele vai almoçar de cueca e meia.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Peixinho dourado

João apareceu com um peixe de papel, preso numa linha:
- Ó aqui, mamãe.
-Que lindo! Como ele chama?
- Felipe Tampas.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

As manifestações

Mantenho as crianças informadas sobre as manifestações que estão acontecendo. Que um grupo de jovens reclamou do preço da passagem e foi para as ruas, que mais e mais pessoas foram juntando até virar milhares e milhares. Cada pessoa vai na rua com uma plaquinha pedir, reclamar, exigir, querendo mudar alguma coisa. A Polícia Militar é instituição respeitada na família. Em algumas histórias para dormir, policiais costumam ser heróis. Contei que, existem policiais malvados que machucam as pessoas e que pessoas malvadas que vão para a rua para roubar, quebrar, brigar. Aí dá briga, confusão, machucados, quebradeira. Não entrei na questão do governo, política e alienação ainda.

Bebel perguntou:
- E a sua plaquinha, mamãe?
Mesmo tendo dado aula sobre o tema a semana inteira, tive que parar para pensar:
- Educação gratuita de qualidade. Porque a sua educação é de qualidade mas não é gratuita e a educação de algumas crianças é gratuita mas não é de qualidade. Cada um, estudante, família, professores  e muitas e muitas pessoas do governo tem que fazer um pouco para ter isso.

Voltando para casa depois de um dia de trabalho, o finalmente da manifestação de quinta me pegou na Praça da Estação às 23:15. Um grupo de 15 meninos de 17 a 30 anos sentou na rua impedindo o trânsito. A pauta: "Eu pago R$3,20 se liberar o 4:20". Os "prejudicados" éramos eu, 2 ônibus, um taxi, um carrão com um gordo que diminuiu no volante e motos. Mais e mais carros e ônibus paravam atrás de nós. Esperar a polícia? Esperar os manifestantes cansarem? Desci do carro com 15 cm de salto e falei no mesmo tom de voz que uso com meus filhos:
- Meninos. Sou professora e estou voltando do serviço, cansada e quero chegar em casa logo. Vocês dão licença?
Corri o risco de uma pirraça coletiva, mas não foi isso que aconteceu. Pacificamente, eles levantaram e foram embora. Um ou outro até falou: "Desculpa aí, tia". Esse foi o meu primeiro contato in loco com as manifestações. Como todos, estou surpresa e impressionada. Perguntando-me como contribuir. Dar aulas e educar pessoas sobre o tema é ,com certeza, um privilégio.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

A mão da mãe

O que o tempo tira em colágeno pode dar em sabedoria ou, pelo menos, em bom humor. João ontem:
- "Mamããe!!!!" disse encantado. "Sua mão parece a do Incrível Hulk!!"

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A não-bailarina mais uma

Cada um conhece a mãe que tem. Bebel, por exemplo:
-Dia tal tem apresentação de balé na minha sala, mas as mães só vão assistir.
Como resistir á piada?
- Ah não, Bebel!! Deixa eu dançar também, eu queria tanto ser uma bailarina...eu uso uma sainha cor de rosa, nem chamo muita atenção.
Ela entre brava e com medo:
- Mãe não! Só as crianças.
Depois flexibilizou, apiedada da minha não-carreira de bailarina:
- Depois em casa eu te ensino.

Outro dia, conversando:
- Mamãe, sabe o que eu tenho mais legal de tudo?
- O que?
-Um irmão que só fala sim.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Fé cega, faca amolada


Existem mecanismos psicológicos para nos proteger das durezas da vida. São funcionais na medida que protegem sem alienar da realidade e minar a energia e assertividade para lidar com as coisas como são e com o que tem que ser feito.

Quando percebi que havia alguma coisa errada com meu filho, fui fazer os exames com a fé cega na cura espontânea, um dos prognósticos possíveis. Com o desenrolar dos acontecimentos, a minha fé cega mudou para um tratamento que resolvesse totalmente o problema. Os exames e remédios caros e  invasivos me fizeram olhar pro Céu, para a Mãe que protege os filhotes desde que o mundo é mundo.

Eu que sempre acreditei que mais do que fatos, há a representação dos fatos, estou sendo testada nessa crença. HÁ UM FATO e representar isso de forma a preservar meu filho da melhor maneira possível exige uma criatividade e força que parecem maiores que eu. A solidariedade veio de muitos  lugares: estreitou os laços com minha mãe, com a babá e até com amigos queridos que tem participado voluntariamente desse processo.À essas pessoas, uma gratidão que é só sentimento porque falar "obrigada" é pouco.

Rezem conosco.






segunda-feira, 3 de junho de 2013

Traumas que mãe provoca

Se dá tudo certo é porque a criança é naturalmente bem dotada. Se dá errado, a culpa é da mãe. E ainda tem os traumas que a mãe dos outros provoca. Um coleguinha do João caiu e quebrou um dente de leite. Veio mostrar, meio tristinho, a janela precoce. Para tentar animá-lo, falei:
- Preocupa não. Esse dente cresce de novo, igual rabo de lagartixa.
Vi o horror estampado na cara do menino. Tentei consertar, distrair, remendar mas acho que ele vai ter pesadelos com isso, coitado. Lição do dia: metáfora não é coisa para criança.

sábado, 25 de maio de 2013

O pirralho

O pirralho nasceu com um touch screen na mão. Eu só ensinei a ligar o aparelho. O resto ele aprendeu sozinho. Usa celular e tablet sem hesitação. Não gosta muito de notebook porque é seculo XX demais para ele, mas se só sobra "computador da mamãe" (porque entenderam que os outros aparelhos são de uso coletivo) ele chega no "youtube do mcqueen" sem esforço.

Atualmente TODOS os recordes do Angry Birds são dele, que  me olha com uma carinha enfarada quando eu faço alguma besteira no jogo:
- "Mas mamãe, esse é o passarinho bomba."

Eu tinha uma impressão que esses brinquedinhos tecnológicos só isolavam o indivíduo. E pode acontecer mesmo. Porém, o que observo é crianças se reunindo em torno do aparelho e, se só tem um, todo mundo brinca junto. Tenho visto 2 a 4 crianças em torno do tablet, celular ou gameboy  tendo uns papos cabeça sobre, por exemplo, como fazer uma boa perseguição policial, colorir ou sobre balística de passarinhos bravos. Se brigam, só levantam o olho para mim, avaliam o risco da brincadeira acabar para todo mundo e continuam brincando.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

As modernidades

Um aluno perguntou o que fazer depois que o filho de 9 anos pediu para ter um perfil no facebook. Primeiro dei os parabéns ao pai pelo fato do menino sentir-se na obrigação de ser autorizado para criar sua identidade na mundo virtual.  Respondi como mãe.

Assim que meus filhos pedirem para criar perfil em rede social eu vou falar com o melhor sorriso do mundo: "Mas é claro! qual vai ser a senha do seu perfil?". Falar NÃO é ineficiente uma vez que por mais obediente e bem educado que a criança seja, a pressão do grupo pode ser maior que o desejo de obedecer uma ordem familiar. Ainda mais, que os argumentos dos amigos serão "todo mundo tem", "que é superlegal", "não tem problema nenhum". O que, em partes, é verdade. A tendência é que, se proibida, a criança ou adolescente crie um perfil falso e faça e aconteça na rede sem nenhuma supervisão adulta. Isso sim é perigosíssimo!

O perfil vai ser feito no colo da mamãe e as diretrizes serão dadas, fiscalizadas e punidas, caso desobedecidas:
- Só pode adicionar pessoas conhecidas e mesmo assim depois de autorizada pela mãe ou pai
- Não pode postar fotos familiares para o público, só para amigos
- Não é para ficar sendo indiscreto com a própria privacidade e com a privacidade alheia (isso aprende com o tempo e tem gente que não aprendeu até hoje)
- Converse online sabendo que eu irei monitorar o histórico de conversações por alguns anos. (deletar conversa é infração gravíssima)

Já tem um tempo que eu venho contando  histórias sobre o que os malvadões fazem na internet fingindo que são crianças amigas. E o que acontece com as crianças bobinhas que acreditam nos malvadões.

Em relação ao celular e smartphone, eu já postei a minha opinião  aqui e aqui. É claro que pode! Empresto os meus, ensino como é que usa, a fazer chamadas de emergência para mim, para a polícia, sobre quanto custa cada ligação e o próprio aparelho. Eles pilotam o tablet que é uma beleza: baixam aplicativos, jogam, assistem youtube. Tudo supervisionado

O mundo é tecnológico e exceto se uma catástrofe destruir a sociedade como a conhecemos, a tecnologia veio para transformar o nosso jeito de pensar. Eu sou do século passado e só conheci internet na faculdade (pois é filhinhos, isso aconteceu pouco depois da extinção dos dinossauros). A geração do séc XXI é totalmente diferente. Sinto que o meu papel é disponibilizar as ferramentas e ensinar meus filhos a usa-las com responsabilidade e segurança. Sabendo que em menos de 10 anos, eles vão saber muito mais do que eu.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Concorrência

- Tem hora que eu te amo mais, tem hora que eu amo mais o João.
- E assim mesmo...
- Mas tem hora que eu amo mais a Disney no Youtube.

domingo, 5 de maio de 2013

Proibido ficar parado

O cartaz  do espaço das crianças no clube diz que pode brincar, divertir, pular, jogar e que é proibido ficar parado. Bebel, fiel seguidora da Lei,  arregalou o olho:
- Mas mamãe...e se a criança estiver muito cansada?

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O que motiva cada um

O que motiva aluno é ponto e prova. Ponto? Depende. O que motiva é o conhecimento. Meu  objetivo de professora e de mãe é despertar curiosidade, vontade de saber mais sobre alguma coisa, de ler e escrever, de conversar e produzir.

Chamada e prova são os tradicionais motivadores para permanência em sala e leitura do material obrigatório.  Mas são ineficientes para motivar intesse de verdade.

Esse semestre resolvi testar um novo motivador para a participação organizada em sala de aula: os pontos imaginários. A cada participação assertiva, objetiva, que contribui para o debate eu atribuo de 10 a 20 pontos imaginários. Achei que os alunos fossem ficar com vergonha alheia mas na maioria das turmas, eles próprios cobram os pontos imaginários quando sabem do que estão falando. Não funciona como motivador para todos, mas para alguns tem ajudado até a pensar melhor antes de falar.

Poderes mágicos

Ao mesmo tempo que Bebel é madurinha, madurinha fico feliz em saber que ainda tem pensamentos mágicos. Depois de semanas pensando, ela retomou o assunto dos Poderes mágicos das bruxas:
- Mamãe, voce sabe qual vai ser o meu poder mágico?
- Ix, Bebel. Vc é inteligente. Qual poder mágico voce quer ter?
- Falar com os bichos, fazer nascer flores, deixa eu ver...
Que delícia são os desejos de uma menina de 5 anos.

Aos olhos da mamãe

Tenho um colega que parece com o Danny Devitto. Informei-lhe que falaria dele no blog e estou cumprindo a promessa. É um cara baixinho, gordinho e careca. Ganha o suficiente para viver bem mas sem luxos. É bem humorado e inteligente. Enquanto esteve solteiro, abordava a mulher mais interessante, se ela o rejeitava, não tinha problema. Ele  procurava a segunda mais interessante. Fez mais sucesso que colegas em melhores condições estéticas e menos auto estima. Esperto para já ter aprendido o que querem as mulheres. No Comida di buteco (caro,abarrotado e ruim), ele foi embora mais cedo, pois a nova namorada veio busca-lo. Do carrão, uma loura escultural acenou para nós. Um colega não aguentou e perguntou:
- Cara!! Como é que você consegue...??!!....
Ele, sem cinismo:
- Sei lá. Acho que eu acreditava na mamãe quando ela dizia que eu era um trem bom demais.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Criança gosta é de criança

Quando proíbo TV e computador, as criancas reclamam primeiro depois se entretêm com seus brinquedos favoritos. Às vezes sozinhas, às vezes em grupo. Criança gosta de adulto que dá carinho e que alimenta.É bom ficar perto, fazer coisas juntos, mas sem forçar a barra. Para brincar, bom mesmo é outra criança. Do que eu lembro e do que observo, adulto costuma atrapalhar a brincadeira. Pior ainda, quando chega com intenções mais pedagógicas do que lúdicas.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Poder do Magneto

Para quem esteve ocupado com outras coisas, Magneto é um personagem do X-Men que tem poderes magnéticos e manipula coisas de metal com as mãos. Ouvi o termo aplicado a crianças em um stand-up comedy e resolvi testar.

Bebel estava doentinha no sofá e o DVD acabou. Chamei João:
- Faz o favor de colocar um filme para sua irmã?
- Não quero.
E foi andando embora:
- João. (Brava) Não estou pedindo.(Média)

E com o dedo apontei da barriga dele até a frente do DVD. Funcionou. E ele ganhou um beijinho e um abraço de recompensa. Vou testar agora com crianças maiores.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A banalidade da co-dependência

Na saída da escola, um homem buscava seu filho, um marmanjão de uns 15 anos, pêlo na cara e calças curtas. O filho entregou sua mochila para o pai carregar com a naturalidade de um movimento que acontece desde quando o filho tinha uns 2 anos de idade. A cena me chocou em sua banalidade.

Às vezes, saio da escola dos meus filhos responsável por 3 crianças, 3 mochilas, 2 pastas e um cachorro. É tentador carregar tudo para agilizar o processo. Depois dessa cena resolvi fazer valer o certo: cada um carrega suas próprias coisas.Eles estranharam, é claro. Mas entenderam direitinho, mais rápido do que eu imaginei. Ficou a dica: Adultos, não façamos pelas crianças o que elas conseguem fazer sozinhas!!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Poder, política e pensamento operatório


Estou dando aula sobre poder e política. Conversamos sobre o que uma pessoa quer dizer quando diz: “Eu odeio política”. Definimos políticas de Estado, o que são comportamentos políticos, o que são políticos em cargos eletivos e concursados, o que é politicagem. Definimos poder e formas de exercê-lo, autoridade, autoritarismo e características de um bom líder.

Fato é que tive que mudar meu estilo de liderança materna ao longo do tempo. Aqui em casa, tem que fazer e pronto. Administro bem as frustrações que isso inevitavelmente provoca nos liderados. Firme e justa. Observei que com Bebel, as coisas começaram a mudar a uns 2 anos atrás: “Vai fazer e pronto” teve que ser substituído por “Vai fazer porque”. Com o João, a obediência à autoridade tem alguma coisa de cega, ou seja, ele obedece só porque sou eu que estou mandando. Com Bebel não, um bom argumento vale mais do que mil ameaças ou recompensas.

Uma professora me ensinou que Bebel já está na  “Idade da Razão”. Logo, a base do meu poder para com ela é de referência. Minha filha  só obedece se estiver informada sobre objetivo final e etapas do processo. Aí colabora que é uma beleza.    


(*) Sabe o que é pensamento operatório abstrato? É o último estágio do desenvolvimento cognitivo humano de acordo com a Teoria de Piaget. Será que você está nesse estágio? http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Abracadabra

- Como é que o portão sabe que a gente vai passar e abre?
- Porque eu uso a palavra mágica, uai.
Expliquei que usava no meu pensamento, mas que dali pra frente, sempre que eu falasse abracadabra o portão da garagem ia abrir. Ela percebeu a relação entre o chaveiro e a abertura do portão mas não falou nada. Um dia, no carro com João e um colega, ela piscou para mim e pediu:
- Mamãe, posso abrir o portão com a palavra mágica?
- Pode.
-Abradacabra.
E o portão abriu para os 2 meninos admirados.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Aula

A aula era sobre transtornos mentais, sua classificação e tratamentos. Levanta uma menina lá no fundo:
-Professora, isso vai cair na prova?
Ai que preguiça:
-Vai.
-E se eu não concordar com nada disso?
Me pegou de surpresa:
- Não concordar com o que ?
-Com tudo. Eu acho que tudo isso aí está errado.
-O que especificamente?
- Essas coisas de esquizofrenia, depressão, transtornos de ansiedade.
Pelo menos ela aprendeu os conceitos.
- Qual é o diagnóstico para os sintomas dessas doenças para você?
-Que é tudo encosto, macumba, mau-olhado, essas coisas.
-E o tratamento?
-Orar e sessão de descarrego.
Ai ai ai.

Tem três tipo de conhecimento: científico, religioso e filosófico. São jeitos de ver o mundo e dar sentido a ele. O conhecimento científico surgiu da curiosidade natural dos seres humanos para inventar ferramentas e explicações testáveis sobre o porque das coisas. O conhecimento filosófico reflete sobre os sentidos  últimos através do uso da razão. O conhecimento religioso crê na transcedência e em dogmas de determinado conjunto de crenças.

O método científico trouxe avanços no diagnóstico e tratamento de doenças mentais. Porém, há mais entre o céu e a terra do que supõe a vã filosofia. Muito é mistério. A fé e a família quando são boas ajudam  nos bons e maus momentos e trazem esperança e felicidade. Agora, prezada aluna, um bom diagnóstico e um tratamento adequado são muito mais eficientes para um doente mental que um descarrego. Depois de um bom acompanhamento de profissionais de saúde, um banho de descarrego para quem crê pode ajudar bastante.  Pense nisso.



domingo, 31 de março de 2013

Feliz Páscoa!

 Eu contei a história de Jesus para meus filhos:o rei malvado, o nascimento humilde, as mensagens de amor que transmitiu, a morte na cruz. Hoje re-contei sobre o significado da páscoa cristã.

Eles escutam a história de Jesus várias e várias vezes com a boca aberta. Um herói. Hoje estavam Bebel e João contando um pro outro o que tinham entendido do que eu tinha acabado de contar.. O João:
- Aí Jesus desceu da cruz rapidinho rapidinho e viveu de novo.

50 tons de estados emocionais

Bebel é a tradutora do joão desde que ele nasceu. Se ninguem mais entende o que ele quer , ela entende. Estrada BH-Itaúna na volta do feriado. Eu havia sido a fada boazinha que levou na casa da vovó e a bruxa má que foi busca-los 4 dias depois. João berrava no banco de trás. Falei com Bebel:
- E aí, Bebel. O que você acha que o João está fazendo?
- Eu acho que ele está chorando mesmo, porque gritar ele grita só quando está fazendo birra. Agora ele está triste porque a gente foi embora da casa da vovó.

sábado, 30 de março de 2013

Bibi e eu

Bibi é a cachorrinha/filha de uma vizinha querida. Muito educada e tranquila, Bibi tem passado parte do dia aqui em casa, enquanto a dona/mãe trabalha. As crianças adoram, principalmente Bebel, que ganhou uma quase-irmã.

Aconteceu um dia de estarmos  assistindo TV. João queria mudar de lugar e Bibi não deu licença. Bebel mandou ela sair e ela não saiu. Os dois olharam para mim. Era toda a minha autoridade posta em questão. Dei a ordem:

- Desce, Bibi.

 E Ufa!, Bibi desceu. Menos 1 ano de terapia para todos nós.

terça-feira, 26 de março de 2013

Remexidão de almoço

Se não quer almoçar, tudo bem. Fica para a proxima refeição. E sem biscoitinho no meio. João beliscou, beliscou e não quis almoçar porque estava muito cansado. Dali a pouco veio pedindo barrinha de cereal. Falei que não e perguntei se ele queria que esquentasse o almoço de novo. Ele pensou, pensou e decidiu:
- Tudo bem. Me dá um remexidão.

Cenas de filho

Amanhecer na roça. João escutou o galo e constatou:
- O galo está apitando! Mas deve ser para outras pessoas porque a gente já está acordado.

Chove chuva e as crianças dentro de casa. Bebel inventou um jogo de adivinhações:
- Adivinha o que é o que é: tem a cabeça quadrada.
A mãe flexível:- Quem é bem chato.
O João refutando: - Mas pessoa tem a cabeça círcula.

terça-feira, 19 de março de 2013

A única verdade

- Bebel, deixa eu jogar um pouquinho?
-Peraí, João. estou quase acabando.
-E agora?
- Só acabar esse nível.
-Bebel, agora pode?

Meia hora disso e João veio atrás de mim tremendo o beicinho:
- Mamãe, a única verdade que Bebel está contando é que ela não deixa eu jogar joguinho.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Gritar adianta?

João berrava por um motivo que já tinha esquecido e era ignorado por  Bebel e eu .Aproveitei e falei com ela:
- Está vendo Bebel. Quando a pessoa dá birra, não adianta e ainda é muito chato, não é?
- É. Mas quando a gente está dando birra esquece que não adianta, não é?
-É.
Esperto é quem aprende rápido.

Fonética e Morfologia

- Mamãe, como é que escreve casinha?
Bebel já lê, reconhece e desenha todas as letras. Na hora de escrever palavras, pede ajuda. Eu desafio:
- Ca-si-nha.
-Eu não quero o som da palavra. Eu quero é da le-tra.
Eu não consigo entender se ela gozando com a minha cara ou não.

Mais que a mãe

Celular não carregou, alarme não despertou e às 6:49 Bebel me sacudiu:
- Mamãe, são quase 7 horas. Eu vi.
Levantei de um pulo e fui acordar João. Quando passei pela sala ela já estava trocando de roupa.Fiz um café correndo enquanto vestia João, que esgoelava de sono e raiva. Chegamos antes do portão fechar às 7:30.

No carro conversamos sobre a manhã:
- Pois é, Bebel. Nem parece que você tem 5 anos. às vezes parece que tem uns 10.
- Parece que eu tenho mais que você.
-Às vezes é mesmo.
- Mas também, eu fui dormir mais cedo.
E ainda entende o esforço.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Na semana que vem

- Mamãe, pega água para mim?
- Pego. Agora ou semana que vem?
-Agora! Agora!
A água imediatamente fica melhor ainda. Para o João, funciona sempre.

-Me dá suco, mamãe?
-Agora, Bebel ou mais a noitinha?
-Se fosse depois não ia ter graça nehuma, aff.

quarta-feira, 13 de março de 2013

O metrô e eu

Trabalho a 20 km de casa, ou 1 hora e 10 minutos de trânsito engarrafado. Ia de carro sozinha, sem ar-condicionado, tomando multa sobre multa. Chegava no trabalho cansada, descabelada, com um mau humor do cão. Esse semestre radicalizei. Só transporte público. 30 minutos de metrô e 30 de ônibus por 10% do custo de ir de carro. Com risco menor de atrasar. O problema é a volta às 11 horas da noite. Deixo o carro na estação perto de casa e torço para dar tudo certo.

Foi uma ótima troca. Geralmente vou sentada na janelinha, lendo ou só tomando um vento, tranquila, tranquila. Tem aluno que me vê de salto alto no 304A e  faz cara de: "coitada da professora! tão boazinha e tão pobre!...". Pelo contrário. Fiquei mais rica. Fiz mais amigos entre colegas, pois cada dia pego carona com uma pessoa diferente. Tem dia que eu desço na gameleira, tem dia que é na porta do meu carro.

O objetivo é dar aula perto e de manhã. Mas que hoje o transporte público resolve o meu problema, resolve.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

domingo, 10 de março de 2013

A fé das mães

Alunos costumam perguntar sobre a minha religião. A resposta padrão é que eu creio em uma sabedoria transcendente. Cria-se um certo desconforto entre alguns do tipo: conversa desses ateus descrentes...

Hoje estávamos paramentados para curtir o domingo de sol no clube quando João falou que queria dormir, no meio da manhã. Assustei e dali a pouco meu filho estava com febre, suando debaixo da coberta. No meio da tarde estava com quase 39°. Dei banho, água, suco e ele dormiu no colo. Sem mãe e amigas por perto, preparei-me para ir para o hospital com duas crianças. No final do dia, João acordou bom, sem febre e comendo com seu tradicional apetite de pedreiro.

Uma pessoa amiga ligou informando que ia fazer orações e se eu queria ser incluída nas preces. Nessa hora, com toda a fé de mãe que passou por perrengue com saúde de filho pedi que agradecesse por mais uma graça alcançada.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Os cabeções do Acaiaca


Fomos no centro e mostrei para as crianças os cabeções do Edifício Acaiaca. Contei que eles cospem nos malvados, põem língua para os chatos e piscam para as crianças. Na volta, João falou:
- Eu vi, mamãe. O cabeção piscou para mim!!
Tenho certeza que ele viu mesmo e Bebel ainda teve a gentileza de me dar um sorrisinho muito cúmplice.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Xixi na calcinha

Apesar de avisado para não colocar o copo cheio na cadeira em que estava sentado, João derramou todo o suco na roupa em pleno restaurante lotado. Todo molhado, fez beicinho para começar a esgoelar. Bebel apontou o dedo para a cara dele:
-"Fez xixi na calcinha! Fez xixi na calcinha!"
Aquilo pegou João e eu de surpresa, mas entendi o recado.. Apontei o dedo para ele:
-"Fez xixi na calcinha cor-de-rosa".
Primeiro ele ficou espantado, depois riu junto com a gente. Mais pessoas leves e bem humoradas no mundo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A aldeia


Antigamente, nas aldeias, todo mundo cuidava de todo mundo. Havia um sentimento de interdependência e cuidado mútuo.   A sobrevivência do grupo dependia dos esforços coletivos para produzir bens, alimentos, cuidar das crianças e da segurança de todos. Hoje nos centros urbanos, mesmo apertadinhos nos apartamentos e no trânsito, costuma reinar um cada-um-por-si 

Quando preciso sair para trabalhar, pago para alguém cuidar das crianças. Problema nenhum, exceto que algumas vezes, tive que delegar o cuidado dos meus filhos para  pessoas que não me deixavam totalmente segura. Quem vive ou viveu o problema sabe que é uma das piores sensações que uma mãe pode ter.  

Esse ano foi diferente. Em torno do problema "gestão do cuidado de crianças", criou-se o sentimento de aldeia entre famílias aqui do prédio. Nasceu um movimento de rodízio para levar e buscar na escola, para uma cuidar do(s) filho(s) de outra para ajudar no cotidiano. O círculo de amizades entre mães e crianças se expandiu melhorando a qualidade de vida de todo mundo. Por sorte e felicidade, achei minha aldeia nessa selva de pedras.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Num estalar de dedos


Sheldon condiciona Peny através de reforço positivo.

Desde que as crianças nasceram, condicionei um comportamento.   Quando  escutam o meu estalo de dedos, vem para o lugar do barulho. Funciona sempre. É instintivo. Muito mais eficiente que: “Filhonhôs, vem aqui. Vem”. Eles podem estar concentrados em alguma coisa ou no meio de um monte de gente. Vem num estalar de dedos. O que pode ser um alívio. Ter alguém que cuida da gente chamando para perto. Quando falo que é um adestramento, algumas pessoas ficam bravas: “Como assim você adestra crianças?” Não entenderam que até o celular adestra a gente quando faz barulho.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A tosa

Semana que passou foi o dia de desbastar a cabeleira do João. Eu não queria, mas havia imperativos para adequa-lo às normas sociais. Báhh. Levei a turma no salão infantil. O profissional sentou João na cadeirinha e antes do protesto colocou um videogame na mão dele, hipnotizando-o.  Na volta, passamos no shopping e quando João se viu num espelho gigantesco, constatou surpreso:
-Uai? Meu cabelo está cortado!...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O mico da mãe


Um dia antes do início da ano letivo  fomos levar o material escolar, conhecer sala, professoras e colegas novos. Estávamos andando pela escola parta resolver questões de atividades extra-curriculares, tesouraria e etc.
- Mamãe, a gente esta andando  igual robô!
Lembrei do Another Brick in the Wall, mas deixa pra lá.
-    Que lindo! Eu vou rodopiar igual uma bailarina!, provoquei.
Na cara de horror da Bebel eu escutei: “Tenho certeza de que você faria isso, mas pelo-amor-de-Deus não me faz pagar esse mico”. Liberei ela do vexame, mas sei que tenho uma ótima moeda de negociação quando eles estiverem no Ensino Médio. 

De onde vem os bebês


Eu estava esfriando o umbigo na pia enquanto as crianças assistiam Futura.  Não me dei conta que passava um parto da TV. Tudo com muito respeito, mas o foco era na cara da mãe durante o parto normal. Vieram os dois querendo saber por onde saem os bebês.
- Pela pepé ou pela barriga. Vocês saíram pela barriga.
- E dói?
- Eles dão um remedinho para não doer.
Vi como o tema despertou a curiosidade da galera. Peguei o Youtube, tentei parecer calma e perguntei:
- Vocês querem ver um bebê nascendo?
É claro que eles queriam. Bebel queria logo ver uma cesárea, mas eu não daria conta de assistir sem o risco de desmaiar. Achei uma animação de um parto normal e começamos por aí. Depois vimos peixes, sapos, répteis, aves e mamíferos nascendo.  Sucesso total. Nós, os animais,  irmanamos na banalidade e milagre do nascimento.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A princesa de verdade


-Por que eu não chamo Isabela?
-Porque Izabel é nome de uma princesa de verdade.
Ela arregalou o olho.
- Uma princesa que libertou os escravos.
Eles pediram para contar a história.
Antigamente, uma pessoa podia fazer outra de escrava. Era assim. Uma falava: "Voce vai fazer tal coisa no meu lugar". A outra tinha que lavar as coisas, fazer comidas e trabalhar para a outra. se não fizesse, apanhava. A princesa Isabel falou que aquilo era proibido, que as pessoas tinham que pagar quem trabalhasse para elas. A nossa ajudante, por exemplo, recebe para cuidar deles. A faculdade me paga para dar aulas. Tem que pagar o moço da van, a escola, o sacolão. Aí todo mundo tinha dinheiro para comprar as coisas que precisassem. Um pouco de utopia para a história ter um final feliz.

João dodói

João é antes de tudo um forte. Meu bebê ficou doente. Estava caidinho, febril, de partir o coração:
- Põe o dedinho onde está doendo.
- Tá doendo não, mamãe.

Liguei para o pai das crianças para saber como estavam as coisas e depois conversei com a Bebel:
- Você está ajudando o papai a cuidar do João?
- Estou, mas o João sabe cuidar dele mesmo.

Cenas de João

1

Quebrei um ovo na panela nas vistas das crianças. João apontou a gema:
- Olha! Suco de pintinho!

2

- Eu fazí tudo direitinho

3

Museu de Arte Sacra em Mariana. João viu um sino numa redoma:
-Olha! O sino está empalhado!


Se as bruxas existem

Outro dia estava conversando sobre as bruxas. Marie Loise Von Franz  me convenceu definitivamente que elas existem. Eu até me reúno regularmente em grupos só de mulheres para conversar e beber em rituais parecidos com uma convenção das bruxas. No bom sentido.
- Mas bruxas existem DE VERDADE, mamãe?
- Wel Bebel, depende. Por exemplo: às vezes eu não consigo ler seu pensamento? adivinhar o que voces querem? Adivinhar coisas que vão acontecer? Não consigo fazer vocês mudarem de opinião?
- É.
Pois então. Bruxa é quem tem algum poder mágico. Uns tem mais, outros tem menos. Uns podem usar para o bem, outros para o mal e tem gente até que não usa. Quando descobrir seus poderes mágicos, é só praticar que você vai ter poderes de bruxa.
-Eba!

Assim caminha a humanidade

Brincar é encenar uma história que a gente conhece sem preocupar de onde. Esforço nenhum exceto ser a gente mesmo. Piscina com meus filhos e gêmeos de 4 anos brincando de pic. Eu era o mamute pre-histórico e eles tentavam me pegar. Eu brinco sem peninha de bebezinho. .Sozinhos eles não tinham nenhuma chance até um dos gêmeos dar a ideia: "Cerca ela! Cerca ela!"

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mamãe me ama

Contei para Bebel que as mães amam mais os filhos do que os filhos amam as mães. Pela cara que ela fez, a notícia pegou-a de surpresa. Depois ela falou: "Eu sabia", querendo dizer:"Até que eu desconfiava". Uma verdade nova, antiga e aliviante. 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O tempo nas férias

A passagem do tempo nas férias com e sem crianças é muito diferente. Eu acordo todo dia no mesmo horário. Tomo café, ligo o computador. Quando não tem ninguem para cuidar, dá para ir para a academia sem pressa. Não precisa ter almoço e o resto do dia é livre. Ler, estudar, cuidar da casa,  ir no shopping, conversar e parece que não tem nada para fazer. Sair ou não á noite? Eis a questão. Com as crianças, as coisas são mais regradas e bem mais divertidas. 

Brincar de tinta

- Pode brincar de tinta? Bebel perguntou enquanto eu estava distraída.
- Pode. Cuidado com o sofá e com a cortina.
Quando saí de onde estava, vi as pegadas. Negras, pela casa toda. Chamei Bebel que apareceu de guache preto dos pés à cabeça.
-O que é isso?
-Eu sou um panda.

João aprendendo português

Mostrou a blusa do lado do avesso:
-Desembaraça?

-O chão está escorregadinho.