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quarta-feira, 30 de março de 2016

O filho da feminista


Quem me conhece, sabe que sou feminista de carteirinha, de modo que  não sei de onde veio esse assunto.
Era a última fatia de presunto e João pediu para ele. Brinquei:
- Sabe o que acontece com quem come o último pedaço?
Bebel:
- Chega por último?
João:
- Quem come o último não casa.
- Uai, João. Você não quer casar?
- É que comer o último é problema de menina, É o homem que dá o anel.

sábado, 26 de março de 2016

Verdades sobre o verde


Eu morava numa casa com um quintal grande e verde quando era criança. Lembro da grama, das árvores, da terra. Só não conhecia a trabalheira dos meus pais para cuidar daquilo tudo. Quando voltei, adulta, para uma casa com quintal, saída de 15 anos morando em um apartamento, descobri a verdade sobre quintais verdejantes.



- O mato cresce 1 metro por mês, diferente da grama, arduamente cultivada. O mato é o invasor, quer tudo para ele. Não tem dessa de juntar-se ao inimigo nem é possível exterminá-lo. Tem que conviver e disputar terreno, cotidianamente.

- Insetos, muitos insetos. Vem nas modalidades perigosos, nojentos, infinitos, etc.

- Não basta jogar as sementes para cima e esperar a mãe natureza retribuir com alimentos. Há vários outros seres vivos interessados no que a gente está plantando: lagartas, formigas, fungos, aves e até o cachorro.

A família busca uma relação harmônica com a natureza mas requer esforço, ainda mais que os recém-chegados somos nós.


terça-feira, 22 de março de 2016

Papo macabro

Bebel e João tem uma cornucópia de assunto. O tema da vez era gêmeos siamenses:
- ... e se for grudado pelo umbigo?
- Aí fica fácil de separar.
- E se só tiver 2 pernas?
- Fica saci, né?
- .. e se tiver duas cabeças?
Eles pararam para pensar um pouco. Bebel: 
- Aí a mãe não pode dar nome porque vai ficar difícil de escolher. 

domingo, 20 de março de 2016

A turma da mamãe


Final de semana chamamos família e amigos para visitar a gente, bater papo e curtir o quintal. Tem os recorrentes e os itinerantes. Cada final de semana é uma configuração diferente:
- Mamãe, vamos chamar crianças para brincar com a gente?  E, olha, adulto com espírito de criança não conta.

terça-feira, 15 de março de 2016

Valha-me, Paulo Freire!


Vários  motivos me levaram a dar aulas na educação básica. Um deles foi a provocação da Bebel:
- Dar aulas para adultos é fácil. Quero ver dar aulas para criança.

Esse mês, comecei a dar aulas de língua portuguesa para o 6°ano no ensino público. Eu já tinha ouvido falar,  pois quase todas as minhas amigas são professoras.  Senti compaixão e condescendência no sorriso delas quando contei.

Fui designada para dar aulas de Língua Portuguesa. Para a primeira aula consegui ter acesso ao livro texto, mas não à lista de chamada. Eu havia preparado uma leitura oral da música Auto-Reverse do Rappa. Para a gente ir se conhecendo. Quem sabe rolava um debate qualificado depois?

Quando cheguei, 35 crianças de 11 anos amontoavam-se na sala. Cadeiras em desordem, papel no chão, meninos e meninas brincando, conversando, brigando, gritando, atirando coisas uns nos outros. Uns 5 ou 10 sentados, com olhares tristes de doer. Uma menina no cio e seu séquito de meninos  de outras turmas que chutavam a porta e dançavam na janela, pendurados nas vigas da escola. Vários meninos jogando objetos uns nos outros, passando por cima das cadeiras para engalfinharem-se , algumas vezes brincando. As meninas gritando umas com as outras e comigo: "Fessôra, fessôra, elx me xingou, bateu, jogou, pegou..., Fêssora, fêssora".

As diretrizes da coordenadora foram: "não deixe eles saírem de sala. Se a coisa ficar muito difícil, pode mandar os mais desordeiros para a minha sala"

O que fazer? Eis a questão.

Cenas do próximo capítulo.


domingo, 6 de março de 2016

Whatsapp mental

Outro dia, comprei uma goiabada pela primeira vez na vida. Quando cheguei em casa, fiquei sabendo que a bisa tinha acabado de falar no doce. Ou seja, ela me passou um whatsapp mental. A história começou aí.

No cotidiano, a gente faz sempre as mesmas coisas. Aí fica fácil prever futuro:
- Posso pegar sua senha de email para jogar esse jogo super incrível?
- Vou te responder por whatsapp mental.

Ontem, vieram as crianças e um amiguinho pedir para jogar batalha ninja no meu computador. Respondi telepaticamente. O amigo, mesmo tendo captado a mensagem, ficou cético e desafiou:
- Eu vou te mandar um, hein?
Inferi que seria: "Deixaaaa?!! Por favor!!!" e respondi: "Não"
Ele ficou convencido. ;-)

quinta-feira, 3 de março de 2016

Educanto


Quando morávamos, a tribo inteira, em um apartamento pequeno, por mais que a gente vivesse bem, passeasse e tal, existia um stress subliminar de bicho confinado que eu só fui ter consciência que sentia quando deixei de sentir, após mudarmos para uma casa com quintal.

Criou-se um novo modus vivendi que inclui horta, água, terra. Ganhou-se céu estrelado, cheiro de terra molhada, alimentos orgânicos e, o mais valioso, espaço. Podemos ficar juntos, mas não amontoados. Podemos passar a manhã no quintal, que nem índios (que já fizeram o dever de casa).

Foi daí que nasceu a ideia de um espaço de convivência: Educanto. A proposta é receber crianças no período da manhã para fazer o dever e brincar. Há opção por mês e por dia. Pode-se optar por horário que inclui  almoço e banho. Nós estamos animados com a porta que se abre.


terça-feira, 1 de março de 2016

A Bailarina frustrada


- Deixa eu dar um rodopio agora?
- NÃO!

- Um passo só! Um pliê rapidinho?
- Nem pensar! PÁRA com isso!

- Andar na ponta do pé? Ninguém vai nem perceber...
- Mamãe! Pára de querer me fazer pagar mico na escola!