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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Bebel em 2 tempos

- Bebel, você quer ir ver o Mickey?
- Mamãe, Mickey não existe. Só na televisão!
-Tudo bem. Vc quer ir ver uma pessoa fantasiada de Mickey no teatro?
- Oba! Quero! Podemos levar o João?

Eu furei as orelhas aos 13 anos, num ato de rebeldia divisor de águas entre infância e adolescência. Quis deixar Bebel viver a mesma experiência e não furei as orelhas dela quando recém nascida. Com quase 4 anos, ela já é super interessada nos assuntos de vaidade feminina e pediu de brincos de presente de aniversário. Propús a troca: o brinco pelo bico. Ela não teve dilemas: "Então tá".

Fui solidária e fomos as duas furar as orelhas. Bebel é durona. Toma injeção e não chora desde muito pequenininha. Fui primeiro tentando fazer cara de tudo-está-normal mas não consegui evitar a expressão de aiaiai quando o farmacêutico furou minha orelha. Ela percebeu mas não titubiou. Ainda dei uma saída honrosa: "Vamos fazer isso outro dia, Bebel", mas ela não desistiu. Suportou estoicamente a tortura e no final me abraçou, lágrima nos olhos, caladinha. Falei que tudo bem chorar quando doí ou a gente está triste, mas ela não deu um pio. E nunca mais pediu o bico. Uma versão melhorada de mim.