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terça-feira, 14 de junho de 2011

Slut Walk

A Marcha das Vadias   trata-se de uma onda de protestos contra a culpabilização das vítimas de estupro e de outras formas de violência sexual.


Há muito oba-oba e incompreensão sobre o significado dessa marcha, que acontece em BH nesse sábado. Eu mesma, estranhei a disposição de mulheres se auto-proclamarem vadias e correrem o risco de verem sua foto no jornal sob essa pecha. Inteirei-me mais sobre o assunto, a origem da marcha e achei a idéia interessante.

Há um post da Cynthia com a história e ótima análise sobre o assunto.
Segundo  Lia A brincadeira, a piada, ironia é muito bem-vinda e inteligente quando é utilizada para quebrar preconceitos e combater a violência. É esse o sentido da marcha, ao mostrar de maneira irônica e engraçada de falar que as mulheres podem se vestir, andar e agir como quiserem, sem serem agredidas.

Não vou me alongar sobre a aparente contradição entre feministas x femininas, vadias x feministas pois  Lola fez isso.  Prefiro um depoimento sobre a minha experiência na área. Na faculdade, acreditava que homens e mulheres eram iguais, não “só” os seus direitos. Para mim, tudo em relação à sexualidade (exceto a reprodução) e aos comportamentos afetivo-sexuais eram construções sociais. Hoje eu acredito que há algo de essencial na questão macho e fêmea, apesar disso não se relacionar necessariamente ao sexo biológico do indivíduo e não ser uma coisa monolítica.

O resumo da ópera é que, aos 18 anos eu queria desconstruir as questões sociais que envolviam papéis engessados adstritos ao gênero, numa cruzada quixotesca em meio a um moralismo travestido. Fui muito incompreendida, mas, felizmente, essa incompreensão só se manifestou sob a forma de hipocrisia e nunca de violência física. Para  minha própria surpresa, vivi feliz num casamento tradicionalíssimo por mais de década.

Sempre fui rebelde em relação às instituições sociais nas quais apenas uma classificação binária homem/mulher, santa/puta, cuidador/provedor (dentre outras) é inteligível. Qualquer classificação binária não abarca as nuances individuais e coletivas da exuberante diversidade nas formas de manifestações sociais afetivas sexuais humanas. A experiência só me fez sentir mais admiração pelas pessoas que vivem abertamente suas orientações “não-ortodoxas”, e nesse contexto, desempenham seus papéis sociais, externalizam suas verdadeiras identidades e se relacionarem com outras com amor e/ ou, pelo menos, respeito.

O que exclui idiota machista preso(a) em representações arcaicas que acham que a saia curta e o decotão são motivos para agirem como os bárbaros(as), para agredirem verbal e fisicamente as mulheres (ou gays) que desafiam sua  precária identidade e sua a rasteira (ou inexistente) compreensão de alteridade.

Dito isso, esperem por mim e meus filhos na Praça da Estação sábado. Vou andar de metrô, encontrar pessoas minhas amigas, ver coisas diferentes, dar um passada no Parque Municipal. Leve. E tirar foto para postar no facebook.